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Mesmo após vacinação, eles confessam padecer à espera da volta da normalidade
Por Larissa Follegati e Michelle Mayumi
Ainda que em ritmo moderado, muitos idosos já estão sendo vacinados no Brasil. Até a última semana do mês de maio, das pessoas com 60 a 79 anos, 84% tomaram a 1ª dose e 43% também a 2ª dose, segundo cruzamento entre o número de vacinados dessa faixa etária pelo Localiza SUS.
Diante disso, a ansiedade desta faixa etária para a retomada da vida e atividades tende a ficar ainda maior. No entanto, efeitos não imediatos da vacinação e variações nos percentuais de eficácia mantém essencial o cumprimento das medidas restritivas, prolongando ainda mais a espera por essa retomada.
Neste cenário, a psicóloga Paola Bettega, especialista em psicologia da saúde hospitalar, acredita que dizer que o idoso não vai sentir ansiedade, não vai sentir medo é utópico e reforça a importância do diálogo e paciência com os mais velhos neste período de incertezas.
Segundo ela, para o idoso que já chegou numa idade mais avançada, a mudança não é tão fácil, precisa ter paciência e auxiliar, por mais difícil que seja respeitar as decisões e dialogar no sentido de saúde coletiva. “O bem-estar dele, às vezes, pode ter um malefício direto para quem convive com ele”, diz.
Vale lembrar que transtornos como ansiedade e depressão, apesar de mais associados aos jovens, têm grande impacto em pessoas a partir dos 60 anos. Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, realizada em 2019, as doenças já assolavam cerca de 13% da população idosa no Brasil.
É o caso da aposentada Guiomar Maria de Jesus, de 77 anos, que já apresentava um quadro de depressão mesmo antes da pandemia e sentiu também os efeitos da ansiedade até conseguir receber as duas aplicações da vacina. “A pandemia fez piorar minha depressão. Agora com a segunda dose da vacina tomada estou melhor, pois voltei a frequentar novamente o psiquiatra, além de outros especialistas para outras doenças que possuo”, afirma.
O aposentado Gentil Forni, de 78 anos, que assim como Guiomar e grande parte dos idosos teve sua vida e rotina alterados pela pandemia, diz sentir muita felicidade e gratidão após ter completado as etapas de vacinação. “Tive muita ansiedade, não aguentava mais esperar e não via a hora de me livrar e tomar a segunda dose logo”. Quanto aos cuidados para prevenção, Gentil diz que manterá os mesmos: uso de máscara e álcool em gel.
Para a médica infectologista do Vera Cruz Hospital, Vera Rufeisen, a vacinação é, antes de tudo, uma atitude coletiva de proteção, e alerta que individualmente não há garantia de proteção. “Enquanto houver transmissão de coronavírus na comunidade, todas as medidas de prevenção devem continuar”, pontua.
A especialista reforça a necessidade de vacinação de idosos ainda que não apresentem comorbidades, já que é neste grupo que a Covid-19 tem maior letalidade, e mesmo com possíveis reações leves locais como vermelhidão, dores musculares ou febre nas primeiras 48 horas, os idosos têm menos reação às vacinas que os jovens. “É preciso atenção e cuidado, mas a vacina é bastante segura e deve ser incentivada”, completa a infectologista.
Alternativas para lidar com a ansiedade
Para a psicóloga Paola Bettega, especialista em psicologia da saúde e hospitalar, é preciso que a família esteja atenta aos sinais. “Perceber um certo embotamento, tristeza muito excessiva, alteração do sono, de apetite, no padrão de alimentação, tudo isso são muitas vezes sinais de que o emocional não está bem”, explica.
Além da possibilidade de buscar ajuda por meio do acompanhamento psicológico, Paola acredita que existem também muitas maneiras de dar vazão à ansiedade por meio de expressões criativas. “A arte ajuda muito, dá forma para aquilo que a gente está sentindo, seja tristeza ou qual for a emoção. Tem pessoas que vão cozinhar, que vão pintar, pessoas que vão trabalhar com marcenaria, tem pessoas que vão dançar, ouvir música”, explica.
De acordo com a especialista, a procura por um profissional é importante para identificar se é o caso de uma ansiedade patológica que precisa de um acompanhamento com medicamentos ou se é o tipo de ansiedade que é possível diminuir através da fala. “Quando a gente verbaliza e dá nome para aquilo que estamos sentindo, isso diminui o medo, diminui ansiedade”, afirma.
Outro caminho possível para lidar com este momento é recorrer a atividades como técnicas de meditação, relaxamento, yoga, oração e espiritualidade. “Pessoas que são religiosas têm rezado mais, então tem muitas formas e lugares que podem ser encontrados para dar vazão a essa ansiedade”, concluiu Bettega.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Fernanda Almeida
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