Destaque
Dados são do Mapa de Empresas, boletim do Ministério da Educação
Por Amanda Florentino e Ewerton Ramos
A cidade de Campinas registrou um aumento de 34,4% na abertura de novos negócios nos primeiros quatro meses de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado. No primeiro quadrimestre de 2020 foram abertas 8.930 empresas. Entre janeiro e abril deste ano, 12.006 novas empresas foram abertas no município. Em todos o país, o registro é de crescimento em 32,5% no número de novos empreendimentos abertos nos primeiros quatros meses deste ano, em comparação ao mesmo período em 2020.
A engenheira ambiental e sanitarista, Yandra Walder, é uma das novas empreendedoras. No início deste ano, após alguns meses desempregada, ela recebeu o convite de uma amiga para uma parceria em um negócio de consultoria ambiental. “Mesmo com pouca experiência nesse ramo, decidi aproveitar a oportunidade e adquirir conhecimentos nesta área da engenharia”, relata.
Ainda segundo Yandra, ela já pôde sentir retornos do negócio recém-criado, e eles não são de âmbito financeiro. “O maior retorno é com a flexibilidade de horários e tempo para estar cuidando de mim mesma”, diz a engenheira.
O ano de 2020 chegou ao fim com 13,4 milhões de desempregados, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em contrapartida, também registrou o recorde histórico de abertura de novos CNPJs, principalmente de Microempreendedores Individuais (MEI), segundo a Serasa.
Os meses iniciais de 2021 foram marcados por reflexos de cortes na folha de pagamento das empresas, com demissões em massa e renegociações de jornadas de trabalho. De acordo com a Doutora em Teoria Econômica e Mestra em Desenvolvimento Econômico, especializada em mercado de trabalho e desigualdade de renda, Jaqueline Moraes, apesar de a abertura de novos CNPJs ser um indicador de empreendedorismo, muitas vezes não reflete a busca por um sonho, mas sim uma falta de escolha ou reação a situações desfavoráveis. “Parte das pessoas desempregadas viram uma luz no fim do túnel com a possibilidade de abertura de uma microempresa, por ser um processo fácil e sem muita burocracia, que poderia ser uma fonte de renda alternativa, ou mesmo fonte principal”, afirma.
Foram abertas, no Brasil, 1.392.758 novas empresas entre janeiro e abril de 2021. Destas, 80% são empresas que se enquadram como MEI. Esta categoria foi criada para incentivar a formalização de informais e autônomos no mercado de trabalho. Quando um indivíduo se cadastra como MEI, ele se enquadra em um regime que tem tributação simplificada, ficando isento de tributos federais. Além disso, adquire a Cidadania Empresarial – direito à CNPJ, emissão de Nota Fiscal e acesso à linhas de crédito para Pessoas Jurídicas.
Foi na possibilidade de ser uma microempreendedora que a cozinheira Sandra Viganó Batista transformou a paixão por cozinhar em um negócio ao abrir uma marmitaria. “Já estávamos trabalhando no ramo desde agosto de 2020. Como MEI, desde janeiro deste ano, conseguimos fazer contato com representantes e realizar compras através do CNPJ. Também foi importante na questão do recolhimento de INSS”, declara.
Assim como outros microempreendedores, Sandra abriu o próprio negócio sem antes ter feito nenhum curso ou se qualificado para gerir uma empresa. “Minha marmitaria, hoje, precisa muito de uma gestão financeira, infelizmente, ainda não pude me capacitar, mas tenho o desejo de aprender mais, porque sem o gerenciamento correto, não é possível manter por muito tempo qualquer negócio.”, diz a cozinheira.
Instituições de ensino, fundações e outras organizações aproveitam do crescimento das MEIs para oferecer gratuitamente cursos de capacitação aos microempreendedores. A Fundação FEAC (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas), por exemplo, criou, em 2020, o projeto “Tempo de Empreender”. Após o início da pandemia, com base na resposta aos impactos econômicos, uma pesquisa revelou pontos das populações mais vulneráveis que mais preocupavam. O foco do projeto seria ativar o potencial dos empreendedores das áreas periféricas de Campinas.
Segundo o líder do programa Desenvolvimento Local da Fundação FEAC, Arthur Goerck, o foco para 2021 é o de seguir fortalecendo o empreendedorismo em ambientes vulneráveis. “O objetivo é fortalecer as capacidades das organizações da sociedade civil para trabalhar com o empreendedorismo. Chamar um grupo de organizações para se fortalecerem, e serem referência na temática do empreendedorismo em seus territórios”, afirma.
Além da Fundação FEAC, outras instituições como o SEBRAE, também têm destaque no ramo, servindo como referência para os empreendedores. Se o foco da FEAC é em populações mais vulneráveis, o SEBRAE pretende atender todas as parcelas da população empreendedora, disponibilizando cursos gratuitos em suas plataformas.
Se para alguns, o novo negócio veio proveniente dos impactos econômicos causados pela pandemia, para outros, o planejamento ocorreu bem antes do caos que se instaurou em 2020. O economista e vendedor, Pedro Natan, desde 2019 vem planejando junto da esposa, a advogada Taylla Rosa, e do amigo, o fotógrafo Kleber Oliveira, abrir um negócio no ramo de óculos de sol. O objetivo foi concluído e a empresa passou a atuar desde março de 2021, com vendas on-line.
Segundo Pedro, as diferentes áreas de especialização de cada um dos três sócios e todo o planejamento de quase dois anos, reforçam o sucesso almejado. “São três mundos diferentes, mas são três áreas do conhecimento que ajudam nos setores da marca da empresa. A gente une forças, mas sempre está buscando conhecimento com outras marcas e empreendedores que nos inspiram”, afirma.
A especialista no assunto, Jaqueline Moraes, diz acreditar que o número de novos negócios siga crescendo, porém ela pede cautela, principalmente devido a situação econômica instável que o país vive. Segundo ela, não haverá população empreendedora caso não haja vacina. “Na forma como está sendo conduzida a pandemia no Brasil, não há espaço para criar história, nem para os que sonham em ser empreendedores, nem para os que buscam essa opção como alternativa de ocupação e renda, se eles se juntarem às 473 mil vítimas de COVID-19 no país. Sem vacina, não há criatividade, inventividade e capacidade empreendedora suficientes que salvem as pessoas da fome e da miséria”, finaliza.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Letícia Almeida
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