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TikTok transforma indústria musical, aponta pesquisa

Estudo mostra influência do aplicativo entre músicas mais ouvidas no último ano       

Acessos ao Spotify em 2020 (Arte: Caroline Vieira)

Por Caroline Vieira e Gabriely Ártico

Segundo um estudo realizado em fevereiro de 2021 pela startup Winnin, o TikTok teve um grande impacto no mundo da música para a Geração Z – aqueles que nasceram entre 1995 e 2015. Para cada 10 músicas mais ouvidas em 2020 no serviço de streaming Spotify, sete viralizaram no TikTok através de challenges e trends que bombam no aplicativo.

A especialista em marketing digital Arianne Reis conta que o TikTok trabalha abundantemente com o processo de parcerias. Assim surgem os challenges, vídeos curtos em que os usuários realizam “desafios” para entretenimento.

Para Arianne Reis, especialista em marketing, o Tik Tok trabalha o processo de parcerias com empresas (Foto: Arquivo pessoal)

Para marcas que desejam criar o seu próprio challenge, o TikTok disponibiliza a plataforma, porém em troca a empresa realiza uma divulgação do app. Assim, segundo a especialista, os challenges não são 100% orgânicos. “Existe um interesse do TikTok em parcerias com essas empresas. Ele define qual challenge vai bombar dessa forma”, afirma.

Outro ponto relevante são os “creators”, usuários que têm grande alcance na plataforma, que fecham parcerias com artistas para publicarem suas músicas e essa colaboração acaba gerando alcance, de acordo com Arianne.

Em janeiro de 2020, Arianne escreveu sobre o TikTok e alertou para as pessoas ficarem atentas. Na visão da profissional de marketing o aplicativo poderia virar tendência. “Quando você entra, você se assusta pois vê um monte de gente fazendo umas ‘danças malucas’, mas conforme você vai assistindo o algoritmo vai entendendo o que você gosta e vai te direcionando mais conteúdos semelhantes, é por isso que você acaba ficando viciado”, diz ela.

Carla Juliana, também conhecida como Caju, trabalha com artesanato. Mas ela é usuária assídua do aplicativo e um de seus vídeos chegou a ter mais de 1 milhão de visualizações. O vídeo traz a música Heartbreak Anniversary, que viralizou este ano por causa de uma trend que conta com a trilha sonora seguida da famosa “dancinha do TikTok”.

Carla diz que não imaginava que teria tantos acessos e que não costuma escolher uma música por conta do alcance, mas sim por se adequar ao que dá para fazer com tal música. “Se for uma música legal, que dê para fazer com a família, aí eu faço, procuro algo que dê para fazer com as crianças, nada com teor sensual. Às vezes uso músicas que estão em alta, mas também as que não estão em alta”, afirma.

A doutora em Sociologia e gestora cultural, ligada ao universo da música Dani Ribas, confirma que de fato a participação de trends e challenges das redes sociais são uma forma de ser aceito socialmente. “Isso sempre foi assim, na época do rádio já era assim. Nada de novo no front em relação às redes sociais. Imitar o outro é da nossa natureza, faz parte do processo de aprendizado humano.”, conta a gestora.

“Comecei ouvir músicas atuais e antigas, que eu já ouvia antes” diz Victoria Cristina (Foto: Arquivo pessoal)

Diversas músicas antigas voltaram às paradas de sucesso devido ao aplicativo, e segundo a socióloga, a relação entre comportamento e redes sociais é muito complexa para ser definida como via de mão única. Dani afirma que as redes sociais são a expressão atual da indústria da cultura.

Para Dani Ribas, toda essa viralização de músicas, trends e challenges não contribuem para que as pessoas tenham acessibilidade cultural devido ao algoritmo das redes. “A entrega só se baseia em critérios pré-estabelecidos aos quais não temos acesso. Algoritmos são altamente enviesados, fazem distinção sim. Nos classificam e entregam coisas de acordo com o microtargeting. De forma alguma contribuem para acessibilidade cultural”, explica.

A doutora em sociologia discorda do uso do termo “acessibilidade cultural” ao se tratar dos algoritmos presentes no aplicativo, por conta de toda a filtragem que realizam.

Por outro lado, a estudante de enfermagem e usuária do TikTok, Victória Cristina, 20, tem outra visão. “Eu acredito que há essa acessibilidade cultural sim, porque é possível mostrar para outras pessoas como era a cultura de outras épocas através da música. Se você gostar, você vai procurar clipes musicais ou pesquisar sobre ela em outras plataformas digitais, como YouTube”, afirma.

A estudante, diz que passou a ouvir algumas músicas devido o TikTok. “Comecei ouvir tanto músicas atuais como músicas antigas que eu já ouvia antes, sempre fui muito fã da Taylor Swift, eu percebi que muitas músicas que eu ouvia na minha adolescência estavam tocando por lá, me causou muita nostalgia”, relatou Victória.

Aqui, link para o vídeo de Carla no TikTok 

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Letícia Almeida


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