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O explante é motivado pelo surgimento de doença e descontentamento com a estética
Por Mariana Torelli e Marília Koga
O Brasil é atualmente o país que mais realiza cirurgias plásticas em todo o mundo, seguido dos Estado Unidos, de acordo com dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Segundo a ISAPS, em 2018, foram mais de um milhão de cirurgias plásticas. E no topo das mais realizadas em todo o território nacional, a mamoplastia encontra-se em primeiro lugar. Em contrapartida, a busca por explante, ou seja, a retirada do implante mamário, cresce cada vez mais, com ajuda das redes sociais.
A Mamoplastia tem como função transformar e modificar as mamas, mais especificamente seu formato, deixando os seios maiores, menores ou até mesmo alterando a aparência. Uma pesquisa realizada pela ISAPS, aponta que o Brasil realizou mais de um milhão de cirurgias plásticas em 2018, ano em que ocorreu um crescimento significativo da procura por procedimentos estéticos cirúrgico, o que consequentemente, acarretou o aumento dos implantes mamários.
O Mastologista e Oncologista, Fabrício Brenelli, graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), e Professor Doutor Assistente da Divisão Oncologia Mamária da UNICAMP, relata que em seu consultório em Campinas, recebe de duas a três pacientes, por semana, interessadas em realizar o procedimento de explante. Fabrício comenta que o boom de cirurgias plásticas que ocorreu em 2018, influencia diretamente na busca atual pelo procedimento de explante. Mulheres que aderiram ao silicone na época, e tinham o desejo em modificar os seus seios, hoje ao se olharem no espelho, não se identificam mais com tal decisão, ou o corpo sofreu muitas alterações, e não faz mais sentido manter o silicone.
Contudo, engana-se quem acredita que estética é o principal motivo pela busca procedimento tem se destacado e chamado atenção de mulheres por conta da Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvantes, também conhecida como Síndrome ASIA. Basicamente, esta síndrome consiste na rejeição de um material estranho, no caso o silicone. Ossão: a fadiga crônica, artrites, alteração do humor, distúrbios do sono, fraqueza, alterações cognitivas, perda de cabelo, entre outras. E o tratamento cirúrgico consiste exclusivamente na retirada da prótese.
Em fevereiro deste ano, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), publicou uma nota de esclarecimento a respeito da Síndrome de ASIA, ser chamada de “doença do silicone”. De acordo com a SBCP, a Síndrome de ASIA não deve ser confundida com a Breast Implant Illnes (BII), traduzida para o português como “doença do silicone”, e ressalta que a BII ainda não é uma doença reconhecida na classe médica, é apenas um conjunto de sintomas reportadas pelas pacientes, nos quais os sintomas se assemelhariam a Síndrome de ASIA.
Após o aumento expressivo pelo termo “explante” em ferramentas de pesquisas como o Google, o Google Trends mostra que o termo teve seu pico de popularidade em fevereiro deste ano, e as buscas continuam acima do regular. Além disso, com os diversos grupos no Facebook sobre o assunto com mais 40 mil, buscando respostas sobre o prejuízo e malefícios sobre o implante de silicone, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica esclareceu.
Apesar da popularidade por explantes terem surgido nos últimos meses, cirurgias de explante de silicone sempre existiram. “Com o aumento da divulgação do procedimento realizado por causa da doença, aumentou a procura. Isso porque mais mulheres se viram com os sintomas divulgados por influenciadoras e famosas, e passaram a associar que também estão doentes”, explica Dr. Fabrício. As mulheres infectadas apresentam queda de cabelo, fadiga intensa e dores no corpo, sintomas comuns a serem confundido com outras doenças e problemas. Por isso, a dificuldade em diagnosticar o BII ou popularmente chamada, “doença do silicone”.
O Mastologista, insiste que é responsabilidade médica instruir suas pacientes sobre os benefícios e malefícios que qualquer procedimento estético cirúrgico pode resultar, inclusive, sobre o explante mamário. “A maioria das pessoas apresentam de fato sintomas, queda de cabelo, e fadigo por exemplo, quando me procuram para realizar o Explante, mas não necessariamente esses sintomas são realmente causados pela doença do silicone. Por isso, antes do explante, é necessário que o médico deixe claro, que o procedimento pode não ter o efeito esperado”, explica.
O Explante mamário nas redes sociais
Foi graças a Internet que o movimento de explante, e a conscientização sobre os malefícios do silicone ganharam forças, por conta de mulheres ativistas que buscaram compartilhar estudos, notícias sobre o assunto em seus perfis nas redes sociais, como é o caso do perfil @explantedesilicone no Instagram, que hoje conta com 165 mil seguidores, e sua fundadora Larissa de Almeida, professora do Estado do Ceará, conta sua história sobre o implante de silicone, e posteriormente, com o explante de silicone.
“Eu coloquei o silicone quando tinha 29 anos, pesquisei bastante, não encontrava nenhum relato como a gente encontra hoje. Mesmo tendo toda confiança no médico, mesmo assim fui atrás de mais informação, e acabei não encontrando e coloquei o silicone e comecei a desenvolver ao longo dos quase sete anos que eu fiquei com a prótese, diversos sintomas”, diz.
Sobre a criação do seu Instagram, Larissa de Almeida diz que foi motivada pelo seu explante. “Eu vi a necessidade de ter algo no Instagram, algo mais visual (…) Também começamos a divulgar postagens de cunho científico, notícias, matérias, e a partir deste conteúdo, nós acabamos informando e dessa forma as pessoas podem tomar suas decisões”, explica.
A conta @explantedesilicone, além de compartilhar notícias, pesquisas e matérias sobre o assunto, também mostra depoimentos de mulheres que optaram por fazer o explante, divulgando também fotos pós-operatórias. O “explantedesilicone” foi também o perfil responsável por divulgar a palavra “explante”. Antes da criação do perfil, os mesmos chamavam de “retirada de silicone”, mas Larissa de Almeida, decidiu traduzir o termo “explant” para o português e popularizar a palavra no Brasil.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Letícia Almeida
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