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Especialistas defendem educação midiática já na infância

Debate apontou que é a única maneira de aprender “a separar o joio do trigo”                            

“Os jornalistas têm que falar com as crianças e adolescentes sobre quaisquer assuntos”, recomendou a professora Doretto no debate virtual (Imagem: YouTube)

Por Vitória Landgraf

Em tempos de infodemia – expressão que caracteriza a abundância de notícias e demais conteúdos online –, é necessário que os currículos escolares incluam um capítulo dedicado ao estudo da mídia desde os primeiros anos do ensino fundamental. Foi o que propuseram as jornalistas, professoras e pesquisadoras que participaram do seminário virtual Educação Midiática, promovido nesta quinta-feira, 8, pelo canal do Sesc São Paulo, no YouTube.

“Não vejo outro caminho”, comentou Maria Carolina Cristianini, editora-chefe do jornal “Joca”, uma produção da empresa Magia de Ler, de São Paulo, que conta com publicações voltadas para crianças e jovens. Cristiane Parente de Sá Barreto, doutora em Ciências da Comunicação e criadora do suplemento infantil do jornal “O Povo”, de Fortaleza, foi na mesma direção. Ela instituiu o primeiro conselho infantil de leitores na história das publicações brasileiras. “Com a velocidade com que as informações chegam, a educação midiática é o que ajuda a separar o joio do trigo. Ou seja, distinguir o que é uma informação correta e uma fonte correta daquilo que não são”, ressaltou.

Segundo a terceira convidada ao encontro, a jornalista Juliana Doretto, pesquisadora em educação midiática e professora da faculdade de jornalismo e da pós-graduação em Linguagens, Mídia e Arte, da PUC-Campinas, as crianças estão hoje descobrindo o mundo por meio das mídias e do jornalismo.

Bem por isso – recomendou – é importante que este público conheça e entenda os modos com que operam os sistemas de mídia e avaliem como os veículos de comunicação constroem a percepção da realidade. “Separamos o mundo da criança e do adulto, mas a gente esquece que as crianças estão consumindo informações o tempo todo, inclusive aquelas informações que não são adequadas, mas compreendem, sim, parte disso”, observou.

No debate, as pesquisadoras relataram a necessidade da produção de conteúdo jornalístico profissional voltado para crianças e jovens, principalmente com linguagem acessível ao vocabulário e compreensão deles. Ao produzir conteúdos para o público infantil – afirmam – o jornalismo contribui para que a criança se sinta valorizada, já que passa a ter acesso às mesmas informações que os adultos, podendo conversar com os mais velhos sobre os acontecimentos que lhes são mais relevantes.

“Com um ser em construção, é mais fácil dialogar sobre certos conceitos do que com os adultos, que já têm suas ideias preconcebidas e com os quais, muitas vezes, a desconstrução se faz necessária para se enxergar outros pontos de vista. A criança está aberta a entender a seriedade de uma notícia”, apontou a editora-chefe do “Joca”.

A professora Juliana Doretto também lembrou que a educação midiática ministrada já na infância não só é uma necessidade, mas deve ser visto também como uma obrigação do Estado. “Isso é lei, é direito assegurado, não há escapatória”, observou ao mencionar o Artigo 17 da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, da qual o Brasil é signatário. “A informação está ligada à cidadania, a criança tem direito à comunicação e a uma mídia de qualidade para ela”, complementou Cristiane.

De acordo com Cristianini, os relatos jornalísticos também são um material de apoio no currículo escolar, pois ajudam a conectar o que se aprende na escola com o que acontece no mundo. Ela acentuou que educar para a informação é a solução para formar cidadãos livres e aptos a fazerem escolhas conscientes. “O jornalismo cria a sensação de pertencimento da criança na sociedade, e a conscientiza dos problemas”, ponderou a jornalista.

De acordo com as debatedoras, outro passo importante para a educação midiática é os pais usarem o noticiário – com assuntos do dia a dia – para conversar em casa com os filhos e passarem quais os seus valores em relação a determinadas notícias. Seria esse um ponto de partida para começar a ouvir as crianças.

“O jornalista tem que falar com as crianças e adolescentes sobre quaisquer assuntos, desde que ele consiga achar um canal que tem a ver com a realidade deles”, afirmou a pesquisadora Doretto. O evento contou com a mediação da também jornalista Adriana Reis Paulics, mestranda na área da Educomunicação e editora da revista “E”, do Sesc-SP.

Aqui, acesso ao link para o debate “Educação midiática: como informar crianças e adolescentes em tempos de infodemia”

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Letícia Franco


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