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Ricardo Werninghaus e o quadro Alucinação Controlada: “realidade é construída de dentro para fora”
Por: Roberta Salles Mourão
Percorrendo o campo da neurociência e da espiritualidade, o artista plástico Ricardo Werninghaus, de 35 anos, dedicou seu projeto de conclusão de curso a propor reflexões sobre ideias pré-concebidas da realidade. As obras de Rico W – o seu nome artístico – integram a exposição virtual dos alunos da Faculdade de Artes Visuais da PUC-Campinas, que conta com os trabalhos e o processo criativo de 21 outros formandos.
“Alucinação Controlada: percepções da realidade” teve início ainda no ano de 2018. A ideia da primeira obra da série de Rico W surgiu depois de ele assistir a palestra “Seu cérebro alucina sua realidade consciente”, do professor e neurocientista Anil Kumar Seth. Na apresentação, o professor inglês falou sobre pesquisas que desenvolve junto a colaboradores de outras áreas do conhecimento relacionadas à consciência humana. “A conclusão é que as experiências que vivenciamos surgem mais de dentro para fora, do que de fora pra dentro”, observa o artista a respeito do trabalho do pesquisador que o inspirou.
“A palestra despertou tanto meu interesse, que me fez investigar mais sobre o assunto, chegando mesmo a me inspirar uma obra sobre o tema. Foi assim que surgiu a primeira pintura da série Alucinação Controlada. A partir dali eu dei continuidade a essa série, porque eu gostei bastante do resultado”. Além da pintura, o trabalho de Rico W inclui uma viodeoinstalação.
O projeto desenvolvido por Rico W tem por pressuposto que a percepção humana é um processo de adivinhação com base em uma informação, na qual o cérebro combina sinais sensoriais com expectativas ou coisas que já se acredita a respeito do mundo. “Assim, a experiência da realidade que acreditamos, que vivemos, seria apenas uma construção do nosso cérebro”, propõe.
Segundo o artista, as experiências conscientes são, então, como uma série de previsões que incessante e subconscientemente se ajustam em um mundo que se constrói de dentro pra fora. “O que percebemos da realidade é sempre a nossa melhor suspeita, nosso melhor palpite, sobre o que acontece do lado de fora”, comenta.
Conforme explica, nem todos os neurocientistas seguem essa mesma linha de raciocínio, o que descobriu com o apoio de sua orientadora, a professora Luísa Paraguay, que lhe apresentou à também professora e pesquisadora de arte Hosana Celeste, cujos trabalhos se fundamentam na neurociência.
“Eu sempre vejo como um elogio trazer alguém da área para avaliar o trabalho. A grande contribuição que ela trouxe para o projeto do Ricardo foi a validação da pesquisa dele, com a coerência teórica que ele articulou”, afirmou Luísa. Rico observa, contudo, que a visão que apresentou é apenas uma das possíveis leituras propostas pelos neurocientistas.
Com a pandemia, o artista teve que contornar algumas barreiras para realizar o projeto. Para a vídeoinstalação, utilizou três projetores, dois da faculdade e um que levou de casa. Usou o ambiente físico da sala de aula, colocou música, um abajur, uma lâmpada que mudava de cor e deixou tudo meio escurinho, possibilitando um clima transcendental, até mesmo místico.
“O resultado acabou um pouco prejudicado porque instalação é uma experiência na qual o espectador tem que entrar na obra. Tem que estar ali no espaço físico. Ele precisa vivenciar aquela experiência de estar naquele ambiente, com som, luz e com as projeções. Mas no ambiente virtual, não tinha como fazer isso, acabei colocando só os vídeos”.
“Depois daquele trabalho, eu não fiz mais nenhuma obra utilizando a linguagem artística do vídeo. Pretendo, mas ainda não fiz. Estou hoje mais focado na questão da pintura”, comenta o artista, que divulga seu trabalho no perfil que possui no Instagram: ricow.art.br.
Aqui, acesso ao trabalho do artista Rico W:
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Beatriz Mota Furtado
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