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Alta da gasolina e corte no pagamento fazem com que motoristas saiam dos aplicativos
Por: Isabela Cassólla
“Em média 30% dos motoristas que trabalham com transporte por aplicativo vêm abandonando a função”, afirma Vandilson Lopes, representante da Associação dos Motoristas de Aplicativos de Campinas e Região (AMACRE). Segundo ele, prestar serviço aos aplicativos deixou de ser rentável para os motoristas. O aumento no preço do litro do combustível e mudança nas tarifas das corridas impactaram no lucro dos motoristas nos últimos meses. “O motorista que antigamente trabalhava cerca de 8 a 10 horas por dia, hoje, precisa trabalhar entre 14 e 16 horas para ter o mesmo rendimento”, disse Lopes.
Campinas foi uma das primeiras cidades onde foram aplicadas as novas políticas de preço. As empresas responsáveis pelas plataformas diminuíram a tarifa cobrada por quilometro rodado e aumentaram a tarifa cobrada por minuto. “No fim das contas, o motorista passou a receber menos”, esclarece o representante da AMACRE.
Ao passo que o faturamento dos motoristas se tornou menor, os gastos com combustível aumentaram desde o começo do ano. Os últimos dados divulgados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível), indicam que a gasolina pode ser encontrada em Campinas a um valor máximo de R$ 5,139.
Ainda em janeiro deste ano, quando os preços começaram a subir, o preço máximo da gasolina era de R$ 4,77. Já o diesel, atualmente a R$ 4,89, no começo deste ano podia ser encontrado a R$ 4,28 no município. Desde o começo de 2021, esse é o quinto reajuste no preço do litro do diesel e o sexto no preço da gasolina.
Nesta quarta-feira (17), os motoristas de transporte por aplicativos se reuniram em Campinas para protestar em prol de melhores condições de trabalho. A carreata teve início no bairro Santa Genebra e terminou em frente à sede da Uber, empresa multinacional responsável pelo maior aplicativo de transporte.
Os manifestantes alegam que a adequação das tarifas das corridas e dos repasses aos motoristas não acompanham o preço da gasolina. “A Uber criou a Uber Promo e a 99 criou o 99 Poupa, essas categorias irão abaixar mais ainda o ganho do condutor”, pontua o motorista Flávio Zurik, que também produz conteúdo nas redes sociais voltado aos membros da área do transporte por aplicativo.
CONSEQUÊNCIAS
Flávio considera que os motoristas que começam a trabalhar com transporte por aplicativo são, em maioria, pessoas advindas de diversas áreas e que, por inúmeras razões, ficaram desempregadas. Segundo ele, até o ano de 2018 era vantajoso para essas público se cadastrar nos aplicativos para garantir a renda, mas, nos últimos três anos, essas condições vêm mudando gradativamente.
“Algumas pessoas atuavam apenas aos finais de semana para conseguir uma remuneração extra ou complementar, mas as corridas também diminuíram com a chegada da pandemia”, disse Flávio. Ele ainda relata que, com a chegada do lockdown, se tornou inviável trabalhar aos finais de semanas.
O motorista também pondera que as manutenções e aluguéis de veículos ficaram mais caras. “Motoristas que trabalham com carros alugados estão devolvendo as locadoras, pois não conseguem pagar o aluguel.”
É mediante a essas condições de trabalho que os motoristas deixam de prestar serviços as plataformas digitais, passando a investir em outras áreas ou voltando a para funções que já exerciam antes de fazer parte dos aplicativos. “O grande sonho do motorista passa a ser voltar para sua área original”, diz.
A dissidência desses motoristas pode significar para os consumidores finais, uma drástica mudança no preço e tempo de espera pelos carros. Além do fato que os motoristas passam a ser mais seletivos em relação as corridas, optando por não aceitar percursos curtos.
Orientação: Prof. Amanda Artioli
Edição: Emily França
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