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Preocupação com a pandemia e isolamento social aumentam distúrbios para dormir
Por Oriana Suprizzi
A piora na qualidade do sono é uma das consequências geradas pela quarentena. Com a mudança repentina da rotina, problemas de sono como a insônia passaram a fazer parte do dia a dia de muitas pessoas. A falta de sono, segundo a psicóloga Luciana Gurgel, pode causar prejuízos que vão desde mudanças no humor e irritabilidade até dificuldades em desempenhar as funções habituais, como trabalhar e estudar.

A psicóloga Luciana Gurgel alerta para prejuízos gerados por problemas no sono (Foto: Arquivo pessoal)
Para a psicóloga, a pandemia provoca ou exacerba a presença de sentimentos de desconforto, como a ansiedade, a angústia, o desespero e a desesperança. “Vivemos uma situação nova, que é incerta e potencialmente perigosa”, explica. Fatores como o distanciamento social, que impõe a necessidade do isolamento e da mudança abrupta da rotina e atividades habituais, também são possíveis agravantes para a piora na qualidade do sono. “Além disso, devido à crise gerada pela pandemia, a perda de empregos e a diminuição da renda familiar tornaram-se mais frequentes, o que também funciona como um agravante para o problema”, analisa.
De acordo com Luciana, as consequências da falta de sono estão diretamente relacionadas à saúde e bem estar do organismo. Os distúrbios podem afetar a imunidade das pessoas, provocando outros tipos de doenças. “É durante o sono que restauramos o sistema imunológico, reparamos os tecidos cerebrais, consolidamos memórias, organizamos o pensamento e, no caso das crianças, o sono favorece o crescimento”, explica.
A falta de sono traz outros problemas físicos e emocionais. “Ela pode gerar dificuldades nos estudos e no trabalho, diminuição da produtividade, tendência a cometer erros, irritabilidade, fadiga, falta de energia e funcionamento abaixo do potencial, com eventual declínio cognitivo”, ressalta a psicóloga.
Segundo ela, pesquisas sugerem que a insônia está relacionada a uma tendência a responder de forma mais emocional aos eventos da vida e também a um rebaixamento do humor, o que explica os prejuízos na relação diária com as pessoas mais próximas.

Maria Madalena Rodrigues afirma sofrer com insônia durante a quarentena (Crédito: Arquivo pessoal)
Maria Madalena Rodrigues, que é aposentada, não apresentava dificuldades para dormir antes da quarentena, mas agora tem sofrido frequentemente com a perda de sono. Por estar no grupo de risco, sua preocupação em relação à doença é ainda maior, o que afeta diretamente a qualidade do seu sono. “A falta de sono tem interferido até mesmo nos relacionamento com outras pessoas. Estou muito irritada e sem motivação para fazer minhas atividades diárias”, relata.
Mudanças de hábitos
É possível melhorar a qualidade do sono? Para a psicóloga Luciana Gurgel, a resposta é sim, desde que sejam mudados alguns hábitos de comportamento. Ela dá algumas dicas:
- Horas antes de dormir tenha uma alimentação leve, reduza o consumo de bebidas alcoólicas e não faça atividade física;
- Diminua a exposição à luz, como a de computador, tablet e celular, de duas a três horas antes de dormir, para evitar a estimulação comportamental e cognitiva excessiva produzida por estes tipos de aparelhos;
- Associe um ambiente e um local específico para dormir, evitando trabalhar ou estudar na cama;
- Crie uma rotina que favoreça o ato de dormir, com o estabelecimento de horas para trabalhar, estudar, se alimentar e descansar.
- Práticas contemplativas como a meditação podem ajudar a relaxar e dormir;
- Adote rituais que ajudem a induzir ao sono, como tomar um banho morno, beber um chá, ler, bordar ou praticar outra atividade prazerosa antes de dormir;
- Por fim, não brigue com o sono: se não conseguir dormir, leia ou assista um programa “tedioso” na TV. O importante é criar o relaxamento necessário para conseguir dormir.
Orientação: profa. Cecília Toledo
Edição: Yasmim Temer
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