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Além de exposição de arte, evento na Vila Padre Anchieta teve “roda de desabafo”

Daniella Nespolli retrata guerreira quilombola com tecido africano sobre parte do corpo (Foto: Caroline Neves)
Por Caroline Neves Pereira
“Ah, é cabocla-braba, minha avó foi pega no mato, era uma Índia”, descreveu emocionada a artista e poetisa Thaís Gomes a um conjunto de mulheres que participavam de um encontro com o objetivo de conversar sobre a história de mulheres negras no Brasil. O evento reuniu 11 pessoas, na tarde de sábado, 9, na sede do Instituto Baobá de Cultura e Arte (Ibaô), na Vila Padre Manoel de Nóbrega, em Campinas.
A iniciativa de reunir as sete artistas negras que se apresentaram no encontro partiu da coordenadora do coletivo Pretas InCorporações, Andrea Mendes, 39. O encontro trouxe a temática do passado nas obras ali presentes, além de propiciar “uma roda de desabafo das condições de vida que todas já passaram”, disse Andrea.
A roda de conversa teve início às 14h, com discursos nos quais cada artista mulher ali presente relatava como é sua arte e o motivo de assim ser. “A arte é uma caixinha de Pandora, e cada vez que mergulho nela, na minha história, entendo quem sou eu”, disse Daniella Nespolli, que aos 35 anos é doutora em Serviço Social e estudiosa da história quilombola.
As sete artistas se apresentaram em duas horas de conversa e apoio mútuo. Andrea Mendes, idealizadora do encontro, referiu-se àquele momento como sendo “único” e que precisa ser promovido mais vezes.
Andrea é militante na causa feminista, além de professora e pesquisadora na área de gênero e raça. Foi a curadora das três exposições feitas com o Pretas Incorporações. Ela conta que a ideia de reunir mulheres negras para fazer arte partiu de um incômodo que sentia ao ver que nas universidades praticamente não há pessoas negras, nem referências à cultura negra nas aulas de artes visuais. “É através da nossa cor, corpo e ação que mudaremos a sociedade”, garantiu às colegas.
O segundo momento do evento contou com as artistas mostrando e contando as motivações de suas criações artísticas. Thaís Gomes, por exemplo, de 27 anos, nasceu em Araripina, sertão de Pernambuco, mas descobriu-se artistas quando migrou para São Paulo, aos seis anos de idade. Desde então, procura desvendar com sua obra a história de seus antepassados índios para “expressar os traumas da minha família”.
A poesia recitada por Thais foi feita quando a jovem descobriu que sua avó era uma “cabocla brava”, termo utilizado para se referir a índias que se rebelavam contra os brancos que as caçavam para escravizá-las. Emocionada, descreveu sua perfórmance na Catedral de Araripina, onde se deu a captura da bisavó, na época grávida de sua avó.
O encontro terminou com o convite para que todas as artistas se inscrevam para a próxima exposição “Pretas ReSignificações”, que será realizada em Jundiaí, dia 19 de março, na Pinacoteca Diógenes Duarte Paes, às 10h da manhã. O evento é gratuito e aberto ao público em geral.

Portfólio de Thais, onde aparece a “a fotografia de uma senhora de Araripina” (Foto: Caroline Neves)

A artista e educadora Thais Gomes da Silva recita poema sobre a bisavó, a “cabocla brava” do sertão (Foto: Caroline Neves)
Edição por: Elton Mateus
Orientado por: Prof. Carlos A. Zanotti
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