Destaque

Como nossos pais: a cultura pop passada entre gerações

Músicas, filmes e tendências “de antigamente” ainda interessam aos jovens dos dias atuais

Por Catarina Werneck e Júlia Iacconi

A cultura pop é tudo aquilo que interessa uma grande parte da população, a massificação desse conjunto de referências e elementos populares são o que dão nome para este fenômeno. Esta cultura é constantemente reinventada quando transmitida de geração em geração, este processo ocorre em diversas áreas culturais como a música, cinema, artes etc. 

É possível notar como os interesses culturais da população vão mudando conforme o tempo, porém sempre haverá uma ambição, pela nostalgia. Seja com o retorno de uma banda famosa nos anos 80 ou pela continuação de sagas de filmes populares há anos. No ano de 2024 Linkin Park e Evanescence – bandas populares nos anos 2000 – tiveram seu tão esperado retorno aos palcos e foi possível notar a diversidade da plateia, desde adultos que cresceram com essa música, até filhos que aprenderam as letras a partir dos pais.

André e seu avô Ruberval na estreia do filme “Indiana Jones e o Chamado do Destino” (2023). (Foto: André Romero)

O aluno de jornalismo da PUC-Campinas, André Romero, compartilha uma memória afetiva que tem com seu avô em relação a saga de filmes Indiana Jones, que aprendeu a gostar de assisti-los com essa companhia. “Eu sinto que muito dessa interação com o meu avô acabou influenciando muito a minha paixão pelo cinema e quando eu via Indiana Jones eu me perguntava se existia alguma inspiração para o filme. E aí eu fui cada vez mais puxando a cordinha e indo mais a fundo nas histórias dos filmes dos anos 80”, conta o estudante.

Neste vídeo André conta os detalhes de como sua paixão por Indiana Jones tem total ligação com seu avô e grande importância em sua vida pessoal

A música é uma expressão poderosa da cultura pop que dá identidade para uma época e até atravessa gerações. Muitos estilos musicais ainda carregam toda uma cultura própria dentro de si, mas Laci Siqueira, de 51 anos, conta sua relação especial com músicas dos anos 80 e fala sobre a sua experiência ao dividir e repassar essa tradição aos seus filhos, de 20 e 22 anos.

Ele conta que o interesse dos seus filhos pelas músicas de antigamente surgiu naturalmente, e sendo ele mesmo um grande fã desses estilos, costumava ensinar as letras aos seus filhos para que cantassem juntos. Ele até aprendeu a tocar violão para fazer um dueto com sua filha caçula. Neste áudio ele conta como as viagens de férias da família ajudaram a formar o gosto musical dos filhos.

Laci relembra uma boa e recente memória, quando neste mesmo ano, meses atrás, ele teve a oportunidade de ir com sua filha em um show chamado “Noite do Flashback anos 80”, onde uma banda tocava várias músicas da década de 80. “Eu fiquei sabendo desse show e pensei em convidar ela, pois eu gosto de estar com ela e ela também gosta de estar conosco, eu achei que ela não ia querer pois ela já está na universidade, e querendo ou não é um evento mais de meia idade né, mas para a minha surpresa ela aceitou, curtiu muito e conhecia todas as músicas”, relembra animado.

Laci Siqueira toca seu violão enquanto lembra dos momentos em família. (Foto: Júlia Iacconi)

Ele ainda fala sobre a surpresa dos adultos ao verem que ela era a única jovem no local, e mesmo assim estava dançando e cantando músicas que não eram da época dela. “Nossos amigos ficaram surpreendidos ao ver que ela, mesmo tendo apenas 20 anos, tinha um gosto musical muito parecido com o nosso e conhecia todas as músicas antigas”, conta.

A cultura pop é construída pela interação entre gerações, o que resulta na mistura de diversos itens de diferentes épocas, como o estilo de moda Y2K, que é caracterizado pelo uso de peças de moda dos anos 2000 e tendências dos dias de hoje. Na filosofia de comunicação James Laver se destaca com sua teoria “dos 20 anos”, que diz que as gerações mais recentes têm a vontade de gostar e se inclinar para assuntos que eram populares há 20 anos.

Maria Lúcia Jacobini, professora da área de comunicação da PUC-Campinas (Foto: Arquivo pessoal)

Para a professora de comunicação da PUC-Campinas, Maria Lúcia Jacobini, existe uma cultura que preza pela nostalgia, saudosismo, pela lembrança do que era popular antigamente, e este pensamento é fundamental para o entendimento da passagem de interesses da cultura pop de geração em geração antes e depois do surgimento da Internet.

“O que a gente tinha e o que a gente teve até basicamente o surgimento da internet foi uma estrutura de mídias que era centrada nos grandes grupos de mídia. Então, o que a gente pode pensar é que a grande mídia falava para todo mundo, então um mesmo filme chegava para muita gente. Então a cultura pop, tem sempre características mais homogêneas, têm sempre aqueles padrões que se repetem. A população brasileira, por exemplo, tinha conteúdos muito parecidos e gostavam muito das mesmas coisas”, explica Maria Lúcia.

Ao analisar o contexto social após o surgimento da internet, a professora considera que a dinâmica cultural se alterou. “Com a internet, esses grandes grupos continuam existindo, mas eles já não têm mais o domínio da comunicação, e nem essa capacidade de falar de forma homogênea para todo mundo, porque a gente tem outros fluxos graças às redes sociais, onde todo mundo pode divulgar e ter acesso a coisas diferentes. Há outras formas de cultura, justamente porque ela tem essas características mais massificadas que todo mundo gosta”, explica.

Orientação: Profa. Karla Caldas

Edição: Gabriela Lamas


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