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Apesar dos avanços na educação, alguns profissionais ainda se sentem despreparados para lidar com esse público nas aulas
Por Malu Machado
Vôlei sentado, passes no basquete, goalball, jogo da memória e adequação de materiais e conteúdos são algumas das estratégias que professoras de educação física do ensino fundamental utilizam para motivar e incluir alunos portadores de deficiência nas aulas da disciplina. Porém, alguns professores e alunos acreditam que ainda deve haver mudanças no ensino educacional.
Para Jocelene Martins, professora do município de Itupeva, é necessário que professores se aprofundem nas necessidades das crianças e adolescentes com deficiência através de cursos e especializações para desenvolver atividades lúdicas que atendam às peculiaridades delas. Segundo a docente, os anos de formação na faculdade não foram suficientes para instruí-la ao mercado de trabalho e por isso teve que pesquisar sobre alguns conteúdos de forma independente.
“Ninguém me ensinou como eu deveria acolher esse aluno [criança com deficiência visual], como eu deveria dar aula pra esse aluno, ele simplesmente chegou na escola”, diz Jocelene sobre a falta de preparo que sentiu ao lidar com uma criança com deficiência. “Acho que a formação é algo que ainda deixa muito a desejar”, desabafa.
A professora de educação física, Vivian Salles, que trabalha no ramo há 12 anos, também acredita que a preparação de professores para lidar com crianças atípicas não é totalmente efetiva e que o estágio é fundamental para formar professores mais capacitados. “Na faculdade é tudo muito lindo, muito maravilhoso, a pedagogia do amor vê a educação com esse olhar amoroso. E não que não seja, mas a realidade é mais dura”, diz.
Quanto à inclusão nas brincadeiras, a educadora procura desenvolver jogos lúdicos para todos os alunos participarem juntos, por meio de um mesmo exercício, mas em níveis de dificuldade diferentes, que aumentam de forma gradativa. Segundo Vivian é comum que algumas crianças com deficiências intelectuais se afastem das brincadeiras para evitar o barulho, sem deixar de participar das dinâmicas de turma.
Outro desafio apontado é estabelecer uma conexão efetiva entre a equipe escolar e os responsáveis por alunos atípicos por falta de interesse ou aceitação de alguns familiares em elaborar um plano de ação para aprimorar as habilidades da criança. “Alguns pais ainda têm dificuldade de aceitar a condição dos filhos”, diz Jocelene Martins.
Uma alternativa encontrada por Vivian para atrair a atenção dos pais destes alunos é abordar as atividades desenvolvidas ao longo do ano letivo e evidenciar as vantagens de participar das aulas de educação física, já que, algumas crianças se sentem inseguras em brincar com os colegas em dinâmicas da disciplina, seja por influência de familiares ou não. “A família tem muito medo de que a criança se machuque ou sofra bullying”, afirma.
A estudante de bacharelado em história, Sarah Felix, possui uma má formação na mão direita e pratica esportes desde os 7 anos. Ela disse acreditar que as faculdades ainda não estão ministrando aulas voltadas para inclusão de forma competente e que os professores formados precisam se informar mais para lidar com PcD. “Falta muita pesquisa, não parece que eles [professores] vão atrás”, conta.
Ela também criticou a adaptação de esportes ou brincadeiras apenas para os alunos com deficiência por considerar exclusão. “Realmente, esse negócio de ter uma coisa especializada só pra uma criança a separa do grupo. E, mesmo que não seja intencional, as crianças sabem que elas fazem alguma coisa diferente. Tenho a impressão de que é bem recente essa questão de incluir”, afirma Sarah.
Desenvolver projetos acessíveis e inclusivos não é tarefa apenas das escolas, alguns centros de esporte também têm se aprofundado nas novas exigências e posicionamentos sociais, como a Associação Paraolímpica de Campinas, que tem auxiliado atletas com deficiência a competirem dentro e fora do país. De acordo com o gerente de projetos da Entidade, Luiz Marcelo Ribeiro da Luz, são elaborados projetos para pessoas com e sem deficiência para desenvolver a cidadania e saúde dos praticantes.
Devido à ausência de sede própria e estrutura para arquitetar ações, são realizadas parcerias para manter a entidade e alcançar as metas estipuladas pela associação. Segundo Luiz Marcelo, todos os usuários do serviço participam das atividades conjuntamente, incluindo tanto as pessoas típicas, quanto atípicas e que há alguns projetos aguardando liberação para auxiliar atletas da entidade. “Não há dia sem desafio, todo dia é um desafio”, comenta.
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Bianca Freitas
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