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Dia 5, a “praia do campineiro” comemora seu aniversário consolidada como a área de lazer mais conhecida da cidade
Por Ana Ornelas
Um dos locais públicos de maior lazer de Campinas celebra seus 52 anos. Apesar de “novo”, é um local importante na história de desenvolvimento da cidade e da região. Conhecido como a “praia dos campineiros”, o Parque Portugal (ou Parque Taquaral, como é mais popularmente citado), foi inaugurado em 1972, pelo Prefeito Orestes Quércia e arquitetado por Prestes Maia.
Durante seus 52 anos de existência, o Parque Taquaral tornou-se um dos principais locais de lazer e turismo em Campinas. No deque da lagoa encontra-se um cartão postal da cidade, a Caravela Anunciação, réplica de uma das embarcações de Pedro Álvares Cabral em homenagem à colônia portuguesa. Originalmente construída no mandato de Lauro Péricles Gonçalves (Prefeito entre 1973 e 1976), a Caravela foi reconstituída em 2013, depois de um incêndio sofrido em 2010.
De acordo com o Secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Paulella, Lauro Péricles também foi responsável pela implantação dos famosos pedalinhos da Lagoa, pela Concha Acústica (local que antes era usado como viveiro de mudas) e pelas linhas de bonde. Paulella conta que um terceiro bonde está em processo de reforma, assim como a linha atual, e reitera a importância dessa relíquia, uma vez que “os bondes são originais, desde seu motor, até sua estrutura. Foram realmente utilizados nas principais ruas da cidade (como a 13 de Maio) durante o início do século XX”, conta. Além disso, o parque é sede do Museu Dinâmico de Ciências (no qual está localizado o Planetário da cidade), da Guarda Municipal e disponibiliza campo de futebol e ginásios de esportes.
Para Mirza Pellicciotta, formada em História pela UNICAMP e pesquisadora de diversos assuntos envolvendo a cidade de Campinas, a Lagoa do Taquaral surgiu como uma necessidade de uma área de lazer na nova Campinas modernizada que nasceu na década de 1970. Nesse sentido, inspirada por movimentações da capital paulistana, pode-se considerar o parque “como o equivalente a um Ibirapuera contemporâneo e remodelado”, como diz a historiadora.
As terras e o nascimento do Parque Portugal
A famosa lagoa (com 6 km de perímetro e 2,8m de profundidade) e uma parte da área destinada ao parque pertenciam à Fazenda Taquaral, de Joaquim Bento Alves de Melo. Nascido em 1875, o fazendeiro e comissário de café em Campinas, Santos e em São Paulo, foi um dos responsáveis pela criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP). De acordo com uma pesquisa publicada pela UNICAMP, feita pelo historiador Milton César Xavier, em 1946, foi aprovada a Lei N° 343, que autorizava a Prefeitura a receber do proprietário a área doada.
Além disso, o restante das terras foi doado pela Associação Agrícola de Educação e Assistência. Dessa forma, em 14 de julho de 1950 nasceu o Parque Portugal. A partir disso, entrou em ação um terceiro agente importante no desenvolvimento do parque, a Companhia Imobiliária Campineira, que passou a financiar as obras do local. Então, em 1971, foi promovida a reurbanização do espaço (visto que ele ainda não tinha equipamentos), transformando o parque e o bairro à sua volta, valorizado do jeito que é conhecido hoje.
Retirada dos eucaliptos e reflorestamento
Em janeiro de 2023, aconteceu a tragédia que ficou conhecida por toda a cidade. Isabela Tibúrcio Firmino faleceu no parque após a queda de um eucalipto devido as fortes chuvas que deixaram o solo úmido. Após o Ministério Público entrar com uma ação civil responsabilizando a Prefeitura de Campinas, foram retirados todos os eucaliptos do parque. Segundo Ernesto Paulella, os eucaliptos foram plantados no início do século XX com o objetivo de secarem o terreno perto da Lagoa. Entretanto, com o tempo, as árvores ficaram velhas e começaram a causar problemas, pois, além de tudo, são espécies tipicamente australianas e que não se adaptam ao ecossistema brasileiro.
Dessa forma, desde janeiro deste ano, iniciou-se um reflorestamento com aproximadamente 1800 mudas de árvores adultas e nativas (como: aldrago, sapucaia, carvalho brasileiro, mulungu suinã, lofantera da amazônia, monguba, caroba e guaraíba) que substituirão os eucaliptos. Todas as mudas já estão plantadas.
Para Caroline Carneiro, 21, estudante de Arquitetura e Urbanismo na PUC-Campinas, “o reflorestamento do parque foi uma decisão acertada do poder público, pois o objetivo não é mais o mesmo do passado e, hoje, o que prevalece é a saúde e a segurança dos cidadãos”. Frequentadora assídua, ela diz que o parque é um marco referencial da cidade de Campinas e essas mudanças devem ser prioritárias no momento atual.
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Mariana Dadamo
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