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Diagnóstico precoce de câncer ainda enfrenta desafios no Brasil

Senso comum sobre a doença e medo podem influenciar o estágio do tratamento, apesar da melhora no acesso à informação

Por Malu Machado

27 de novembro é o Dia Nacional de Combate ao Câncer. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. O diagnóstico precoce indica uma maior chance de sucesso no tratamento contra a doença e permite uma recuperação mais tranquila para o paciente. No entanto, ainda há fatores que interferem nesse processo. 

Segundo o oncologista Leonardo Roberto da Silva, que trabalha tanto em serviços do SUS quanto em clínicas privadas, a má infraestrutura do sistema de saúde público e a dificuldade em encontrar profissionais comprometidos com a profissão estão entre os fatores que inviabilizam o diagnóstico rápido e eficaz para todos.

 “O câncer não é uma sentença de morte”, diz Leonardo Roberto da Silva

Para ele, o tempo de espera para realizar um exame sem convênio médico é demorado e dificulta tanto a análise quanto o retardamento da doença. Além disso, o medo de confirmação do diagnóstico faz com que algumas pessoas deixem de procurar ajuda médica. Leonardo também afirma que os avanços tecnológicos ampliaram as opções e eficácia dos procedimentos, mas ainda há um medo generalizado na sociedade por associarmos a palavra “câncer” ao sofrimento gerado por sintomas e efeitos colaterais, assim como histórias de familiares que não obtiveram sucesso no tratamento.

“Nem sempre as pessoas procuram ajuda logo nos primeiros sintomas, mas eu diria que esse comportamento tem mudado um pouco, até mesmo nos homens. E eu acho que em muitas vezes o que acontece e leva a pessoa a não procurar um atendimento rápido é o medo.”

Entenda como ocorre o primeiro contato entre os pacientes e o médico oncologista, nesse áudio do Dr. Leonardo Silva.

Superação Pessoal

Rosana de Barros trabalhava como professora em 2020 quando recebeu a notícia inesperada de que teria que operar o intestino para tratar um câncer. Nessa época, o medo de morrer antes do esperado a motivou a gravar vídeos compartilhando detalhes de sua jornada e mensagens para futuros netos, além de separar livros e outros pertences pessoais para presentear pessoas próximas a ela.

Os livros infantis escolhidos estavam guardados em caixas e costumavam ser utilizados por ela em sala de aula

A percepção de Rosana sobre o diagnóstico passou a mudar de forma gradual à medida que acompanhava o processo de tratamento e refletia sobre a situação em que estava enfrentando. Para ela, enquanto existisse a possibilidade de remissão da doença, não haveria motivos para desistir do tratamento. A fé e a esperança de presenciar determinados momentos e alcançar algumas metas estipuladas por ela foram alguns dos fatores que a motivaram a continuar com os procedimentos e acompanhamento médico.

A professora de artes também comentou sobre a importância da nutrição para prosseguir com as sessões exaustivas de quimioterapia e prevenir maiores desgastes físicos desencadeados pela falta de apetite e outros efeitos colaterais. A nutricionista Francielli Moraes que atende pacientes em cuidados paliativos e em domicílio, afirma que é comum a perda de peso e desnutrição em pacientes oncológicos. Por isso, é necessário adaptar a alimentação do paciente de acordo com os tratamentos utilizados. 

A nutricionista alerta sobre a importância de manter uma vida saudável após a remissão do câncer

Francielli também afirma que alguns alimentos podem influenciar o desenvolvimento de câncer, caso sejam combinados com outros fatores, como a genética, mas que não há alimentos específicos que causem a propagação de células cancerígenas. Da mesma forma, receitas consideradas “milagrosas” não são capazes de curar a doença. 

Apesar dos inúmeros fatores envolvidos no desenvolvimento do câncer, há algumas restrições quanto ao consumo de algumas substâncias e ingredientes, como: alimentos ultraprocessados, carne vermelha, embutidos e açúcares refinados, dado que podem ser um fator de risco para os pacientes caso não sejam evitados e nem consumidos com moderação.

O câncer de Rosana entrou em remissão alguns meses após o início das sessões de quimioterapia, mas ainda é necessário que ela prossiga com o acompanhamento médico e tratamento adjuvante para evitar recorrências da doença. Atualmente, ela diz se manter mais atualizada sobre os problemas de saúde que possui e tenta seguir uma rotina saudável enquanto realiza cursos e outras atividades. Além disso, ela incentiva amigos e familiares a realizarem exames preventivos de câncer e outras doenças, promovendo maior qualidade e expectativa de vida.

Confira o vídeo sobre a jornada de Rosana após o diagnóstico de câncer.

Orientação: Profa. Karla Ehrenberg

Edição: Bianca Freitas


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