Destaque
Profissionais destacam a importância dos responsáveis no processo de aprendizagem e o uso consciente da tecnologia como estratégia auxiliar
Por Ana Beatriz Morales e Júlia Sabatin
Nesta quinta-feira, 14, é comemorado o Dia Nacional da Alfabetização. Segundo uma pesquisa da Alfabetiza Brasil, do Ministério da Educação (MEC), 6 em cada 10 crianças do 2º ano do ensino fundamental não estavam alfabetizadas no país em 2021. Profissionais apontam que o maior desafio da alfabetização é a falta de apoio fora de sala de aula.
Para a coordenadora do Fundamental I, Alessandra da Silva, a alfabetização não depende apenas da instituição, em muitos casos não há o alinhamento entre escola e família. “O professor sozinho não consegue fazer tudo, a família precisa ajudar e a criança precisa ser incentivada”, reforça Alessandra.
Confira a fala da coordenadora na íntegra.
O acompanhamento por parte dos responsáveis é fundamental no processo de aprendizado das crianças. Elaine da Costa é mãe de Isadora, de 7 anos, ela conta que a rotina pós aula é indispensável para o seu desenvolvimento estudantil. Isadora está no primeiro ano do ensino fundamental I, ano em que as crianças começam a ser alfabetizadas.
“A Isadora sabe que tem o horário de estudar, ela vai para seu quarto e faz suas lições tranquilamente. Como ela sabe que quando acabar pode ir brincar, ela se dedica e faz rapidinho, sempre confiro seu desempenho nas tarefas”, conta Elaine.
A falta de incentivo e segurança entre os alunos também é um obstáculo nesse processo. A psicopedagoga Geralda Carvalho explica que cada criança tem um ritmo e deve ser estimulada de acordo com o seu tempo, podendo ser mais rápido ou não.
“Tive um aluno que levou três anos para ser alfabetizado. A primeira vez que ele leu, perguntei por que ele não tinha feito isso antes. Ele me disse que tinha medo, que achava difícil. Quando perguntei se ainda achava difícil, ele respondeu que não, que era fácil”, relembra Geralda.
A TECNOLOGIA E A ALFABETIZAÇÃO
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 54,8% das crianças brasileiras entre 10 e 13 anos têm celulares para uso pessoal.
As escolas estão cada vez mais tendo que se adaptar ao uso da tecnologia. A Comissão da Educação da Câmara dos Deputados aprovou no último dia 30 um projeto de lei que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos em todos os anos da educação básica. O próximo passo, segundo Agência Câmara de Notícias, é a proposta ir para análise, em caráter conclusivo. Para virar lei, a proibição precisa ser aprovada pelos deputados e pelos senadores.
Geralda explica que em aulas como leitura, as atividades também são feitas por meio de plataformas virtuais, que têm elementos extras para auxiliar o ensino. “Sabendo usar, a tecnologia ajuda bastante, não funciona com todos, mas ajuda”, reforça a psicopedagoga.
Usar o celular na sala de aula já não é recomendado pelos profissionais, pois pode levar o aluno à distração. “Sabemos que têm celular, mas orientamos os pais a não enviarem esse equipamento para a escola. É um dispositivo que causa distração, às vezes até brigas. Preferimos que seja usado em casa, com os pais ou familiares, pois aqui, pelo menos por enquanto, não há necessidade”, reforça Alessandra.
Em casa a supervisão dos responsáveis é importante para garantir que o conteúdo consumido na internet seja apropriado para a faixa etária da criança. Para Elaine, a internet estimula a filha a ler e a escrever, porém é muito importante ficar monitorando o que consome.
“Nós não deixamos que ela fique muito tempo nas telas, é importante ela saber usar a tecnologia, porque hoje nosso mundo é tecnológico. Mas ficamos em cima do que ela está assistindo para garantir que não assista nenhum conteúdo inadequado para sua idade”, reforça a mãe.
PROGRAMA MUNICIPAL DE LEITURA E ESCRITA
O Programa Municipal de Leitura e Escrita (PMLE) é uma iniciativa para fortalecer a alfabetização nas redes municipais de ensino de Campinas. O programa, surgido a partir da política pública do MEC, trabalha com a formação de professores para os auxiliar na ampla alfabetização das crianças.
“Nós visitamos as escolas nos horários pedagógicos para tematizar a prática, para discutir as questões que as escolas apontam como fragilidades em relação à leitura e escrita, isso em todo o âmbito da educação básica”, conta Kelly Cristina, articuladora central do projeto.
Confira a entrevista de Kelly Cristina na íntegra.
Para a professora do ensino infantil, Simone de Oliveira, o projeto tem o objetivo de dar ao aluno a autonomia de produzir e aprender coisas, com o apoio dos professores. Ela reforça que não é apenas formar sílabas e decorar as letras do alfabeto, precisando do apoio dos responsáveis.
“Muitas pessoas, às vezes até que nem fazem parte da educação, acham que o alfabeto é o principal no processo de alfabetização. E algumas pessoas acham que é a sílaba, algumas pessoas acham que é o fonema, mas nem sempre é”, afirma Simone.
A inovação da alfabetização possibilita a autonomia do aluno e do professor, permitindo que ambos coloquem sua cultura e saberes próprios em destaque, resultando no reconhecimento da criança como a protagonista da aprendizagem. Assim, ela não é vista como um ser à parte, mas como uma voz e alguém que contém experiências valiosas.
Confira trechos das entrevistas:
Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Bianca Freitas
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