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Os trabalhadores cada vez mais buscam melhores condições e equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Por Giovanni Feltrin
O fenômeno “Great Resignation”, traduzido como “Grande Renúncia”, uma tendência que se iniciou nos Estados Unidos no início de 2021, durante a pandemia de COVID-19, a qual resultou em uma onda de desligamentos voluntários em todo o país, parece ter chegado ao Brasil. De acordo com um levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no ano passado, 7,4 milhões de trabalhadores brasileiros pediram demissão. Já neste ano, entre o período de janeiro a junho, os pedidos passaram de 4,3 milhões.
A pesquisa foi realizada com 53.692 trabalhadores que pediram demissão entre o período de novembro de 2023 a abril de 2024 e revelou que a principal motivação para 32,5% dos entrevistados foi a insatisfação com a remuneração, enquanto 36,5% apontaram que já tinham outro emprego em vista. Um exemplo, é o caso de Natália de Moraes Franco que deixou seu trabalho após pouco mais de um ano em uma mesma empresa.
A designer comenta que apesar das oportunidades e do ambiente dinâmico, uma das principais razões para a sua saída foi a busca por melhores condições: “Eu estava tendo que buscar por um dinheiro extra, fazendo freelas, um serviço à parte para complementar a minha renda. Para mim, é mais interessante ter uma oportunidade que me pague um pouco melhor, do que ter que ficar abrindo mão do meu final de semana e do meu horário pós trabalho”, afirma a profissional.
Anna Júlia Vieira, por sua vez, uma estudante que ficou apenas três meses em seu último emprego, relata que havia sido contratada para o cargo de recepcionista, porém, acabou passando por um desvio de função, assumindo demandas de um cargo superior, sem qualquer tipo de ajuste em sua carteira de trabalho. “Fiquei sobrecarregada, comecei a ter picos de pressão alta, era muito estressante. Eu trabalhava muito, não havia tranquilidade. Se eu estava na minha casa, eu ficava lembrando do trabalho, de coisas que eu tinha que fazer e isso afetou demais a minha saúde mental”, comenta.
A pesquisa do Ministério do Trabalho e Emprego também revelou que a falta de reconhecimento foi apontada como uma das causas pelos pedidos de demissão por 24,7% dos entrevistados, enquanto 24,5% citaram problemas éticos com as condutas da empresa e 16,2% apontaram conflitos com a chefia imediata. O adoecimento mental por estresse também foi um motivo para a demissão de 23% dos trabalhadores, e a falta de flexibilidade também foi citada.
Lucas Mancini, gestor de recursos humanos, destaca que observou uma mudança no comportamento e no perfil dos trabalhadores ao longo dos últimos anos pós-pandemia. “Hoje a maioria dos profissionais estão priorizando alguns fatores particulares como ter a oportunidade de buscar o filho na escola e ter tempo de qualidade com a família. A adaptação das empresas ao ‘novo’ vem acontecendo, embora não drasticamente”, explica.
O profissional também aponta que a satisfação dos funcionários está intimamente ligada à cultura da empresa e ao ambiente de trabalho, e que é crucial os colaboradores serem ouvidos, acolhidos e vistos. Além disso, sugere que para atrair e reter talentos em um mercado que passa por constantes transformações, se faz necessário que certas práticas sejam adotadas. “As empresas não podem estar ali só para cobrar resultados, é importante que no meio desse processo entreguem um salário positivo, façam reconhecimento pessoal, desenvolvam planos de carreira e assim por diante”, pontua.
Orientação: Profa Karla Ehrenberg
Edição: Melyssa Kell
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