Cultura & Espetáculos

Vida de Ana Friedlander inspira ‘Territórios, Labirintos e Memórias’

Em exposição individual, a artista húngara retrata sua história através de colagens, aquarelas e fotografias de familiares

Por: Sophia Miranda e Maria Luiza Machado

Com o auxílio da curadora Isabela Senatore, Ana Friedlander expõe um álbum de fotos antigas em formato de livro (Foto: Sophia Miranda)

Os territórios do interior do Brasil com uma linguagem individual; os labirintos de imigrantes que se cruzaram e que levou à formação de sua família; e as memórias vividas de uma forma singular que passou pela Hungria, Equador, Argentina e Brasil. É assim que a exposição “Territórios, Labirintos e Memórias”, da artista visual Ana Friedlander, traz uma reflexão acerca de como uma vida cheia de histórias e fotografias estruturou colagens, livros de artista e impressões digitais.

A exposição, que segue até o próximo dia 13/04, no Instituto Pavão Cultural, é a sexta individual da artista húngara de 77 anos, desenvolvida ao longo de 2023, mas que também conta com obras que já faziam parte de seu portfólio. Com uma curadoria extensa de Andrés Hernández e Isabela Senatore, a mostra está aberta a visitas de quarta-feira a sábado, das 15h às 19h.

Voltada para um ideário de vivências pessoais e suas transformações na arte, Ana Friedlander, junto com seus curadores, usufrui da arquitetura da instituição para recortar em três partes a exposição, denominadas: ‘Territórios, Labirintos e Memórias’, formatando as artes de acordo com sua história e individualidade, intercalada a uma trajetória no contexto de artes visuais.

“A Ana faz colagens, fotografia, fotomontagens, gravura… ela é realmente multiartista e consegue produzir com muita facilidade várias artes. Então, tem todo um passeio na exposição, que possui diversas outras expressões”, conta Isabela Senatore, fotógrafa e curadora.

“Eu percebi meu interesse por arte na adolescência, mas só comecei a produzir obras após me aposentar” (Foto: Sophia Miranda)

Através de fotografias e colagens, em Territórios, a artista mostra a Bahia, Maranhão, Belém do Pará e Bonito pela lente de sua câmera e pela lente de sua individualidade. Em viagens feitas com seus curadores, Friedlander desfruta do que viveu naquelas regiões para apresentar o que sua visão, como uma pessoa carregada de histórias, consegue passar com transposições de elementos culturalmente brasileiros. Segundo Senatore e Hernández, as viagens são como residências artísticas, em que eles levam os artistas para viajar para que eles voltem e montem sua própria expressão.

Já em Labirintos, tem-se um desvio de caminho para a formação de sua família, em que seus ancestrais registraram, em fotos e documentos, a história única de imigração que começou na Hungria, na Ucrânia, na Espanha e que terminou no Brasil.

Ana utilizou uma gaveta para simbolizar o número de desaparecidos em conflitos argentinos durante a ditadura militar do país, que teve início em 1976 (Foto: Sophia Miranda)

“Meu pai saiu da Hungria antes da guerra, minha mãe saiu da Ucrânia e eles se conheceram na Palestina. Então, eu vi os labirintos como caminhos que se cruzam, caminhos que levaram os meus ancestrais a se encontrarem, aos familiares do meu marido que eram espanhóis, e o que levou até hoje, minha história”, revela a artista.

Com alguns primos no Equador, avós que se perderam de vista na Europa e a família espanhola de seu marido, a ex-professora de matemática, reuniu fotos tiradas, principalmente pelo seu pai, de uma vida que não é de sua memória própria, mas sim de sua família. O desmembramento de Labirintos, através de lembranças ou de fatos que contaram enquanto crescia e que a constituíram como pessoa.

Abaixo, o áudio da entrevista com a curadora Isabela Senatore e com a artista Ana Friedlander

Na última etapa da exposição, em Memórias, é a personificação de suas próprias lembranças, uma gaveta física e abstrata da sua juventude em Buenos Aires. Friedlander conta por meio de colagens e fotografias o período de sua formação como matemática em meio ao golpe militar argentino de 1970, que levou à morte de seus professores e desaparecimento de seus colegas de classe.

Em meio a turbulências e perdas, suas lembranças permaneceram, de suas amizades, os momentos com sua família, quando conhece seu marido e o “eu” de Ana sobrevive. “A maioria dos artistas expressam o que eles vivem e sentem, e o da Ana é muito claro”, pondera Andrés Hernández.

Abaixo, o vídeo da entrevista com a artista

Edição: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Isabela Meletti


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