Cultura & Espetáculos
Projeto musical com Língua Brasileira de Sinais acolhe alunos ouvintes e não ouvintes em Campinas e em Cosmópolis
Por Raquel Santana e Gabriella Alves
O Coral de Libras tem se destacado na região por ser uma expressão artística inclusiva, não apenas para a população não ouvinte, mas também facilitando o aprendizado para pessoas ouvintes também. “O coral coloca várias pessoas que aprendem Libras em cena. Dessa forma, podemos alcançar outras pessoas que não a dominam e também a população surda”, conta a idealizadora e regente do Coral de Libras de Campinas, Kayla Ferrari Lopes. Segundo ela, para a pessoa ouvinte, aprender Libras através da música torna-se mais fácil, uma vez que ela acaba compreendendo o processo de interpretação e tradução. “Ao utilizar a música como ferramenta, a pessoa aprende rapidamente a sintaxe”, frisa.
Regente e idealizadora do projeto, Kayla frisa que o Coral de Libras também introduz o não ouvinte a uma parte do mundo que, geralmente, não lhe é acessível. “A música também é importante para a pessoa surda, uma vez que elas podem sentir a vibração do som e, ao mesmo tempo, ter acesso às letras de músicas e poesias tão bonitas que nós temos e que nunca foram interpretadas para elas. Portanto, quanto mais a gente proporcionar acesso à cultura, à arte, à literatura, à poesia, melhor”.
Para Vanessa Corrêa, psicopedagoga e participante do Coral de Libras de Campinas, cada apresentação com o grupo lhe proporciona grande satisfação e um sentimento de inclusão. “Eu amo o canto coral e Libras veio para me completar ainda mais”, conta. Vanessa trabalha como pedagoga na área da educação especial e, ao ter uma aluna surda, sentiu a necessidade de realizar intervenções por meio da Libras. A partir dessa demanda, ela iniciou um curso.
Ela recebeu o convite do projeto intitulado Em Construção, no qual participou junto com a professora Keyla, ela passou a integrar o Coral de Libras. “Interpretar a harmonia de uma melodia com as mãos, o olhar, o rosto e o corpo não é fácil. É preciso estar em conexão com isso. Quando você vai realizar uma apresentação, é necessário estar em sintonia e conectado com todos esses elementos. Portanto, para mim, essa experiência proporciona uma sensação de liberdade, e é recíproca quando o surdo observa você expressar-se com gestos, utilizando o corpo, o rosto, as expressões faciais e as articulações com as mãos”, relata Vanessa.
Coral de Libras em Cosmópolis – Fundado em 2021, o Coral de Libras do Villa-Musical em Cosmópolis foi concebido com a finalidade de integrar música e inclusão, de maneira gratuita. Atualmente, com cerca de 40 participantes, o coral congrega ouvintes, não ouvintes e pessoas com deficiência intelectual, proporcionando uma interação harmoniosa, conforme relata Rafael Beiling, coordenador do projeto. Ele destaca que, em iniciativas inclusivas como essa, o desafio principal é garantir que o trabalho desenvolvido alcance efetivamente o não ouvinte, reconhecendo a complexidade de compreender o mundo para quem não possui a capacidade auditiva.
Andresa Estefano Inocêncio e Lara Isadora Inocêncio, mãe e filha respectivamente, são participantes do coral. Lara, com apenas 10 anos, foi diagnosticada com perda auditiva com 1 ano de idade. Mesmo não tendo sua audição comprometida em 100%, ela enfrenta desafios significativos na compreensão e comunicação, inicialmente aprendendo a leitura labial. Há quase um ano, Andresa, a mãe de Lara, decidiu juntar-se ao coral com a filha, buscando uma maneira de fortalecer a comunicação entre elas. “Eu percebo as dificuldades dela em se expressar, então quero aprender também para poder me comunicar melhor com minha filha”, relata.
Após ingressar no coral, Andresa afirma que Lara aceitou sua perda auditiva de maneira mais positiva. “Ela resistia à presença de intérpretes na sala de aula e não se aceitava. Após participar do Coral, Lara melhorou sua própria comunicação e desempenho na escola. Eu me comprometo completamente com o desenvolvimento da minha filha. O que ela faz, eu também faço”, destaca Andresa.
Tieliton Pereira dos Santos, regente do Coral, reafirma a importância de incluir não ouvintes na experiência musical. Ele compartilha que, contrariamente ao que muitas vezes se divulga, o não ouvinte é capaz de sentir as vibrações de uma canção, especialmente através da Libras, tradução e interpretação, permitindo que experimentem os sentimentos transmitidos pela música. Além disso, destaca que, dependendo da tonalidade, o não ouvinte pode vivenciar a música de maneira única, promovendo igualdade e acessibilidade para todos na sociedade.
Orientação: Profa. Rose Bars
Edição: Théo Miranda
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