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Pesquisa alerta sobre vulnerabilidades no Litoral Norte, destacando ser preciso ações sustentáveis para o desenvolvimento
Por: Junior Gomes
A região da costa sul de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, enfrentou terça-feira passada, dia 13, novos desafios devido às fortes chuvas. A Vila Sahy, um dos locais mais devastados pela tragédia ocorrida em fevereiro deste ano segundo a Defesa Civil, registrou pontos de alagamento e deslizamentos em estradas.
Segundo a Prefeitura de São Sebastião, dessa vez não chegou a ter gente desabrigada e desalojada. Essa situação ocorre meses após as chuvas que atingiram o Litoral Norte em fevereiro, deixando um rastro de 65 mortes. O desastre, considerado o maior já registrado em um período de 24 horas no País, resultou em 64 mortes em São Sebastião e uma em Ubatuba. Durante a madrugada do dia 19 de fevereiro, uma tempestade intensa desencadeou deslizamentos de terra, causando destruição generalizada na região.

Antes dessa tragédia devastadora, o professor Eduardo José Marandola Júnior, especialista em resiliência urbana e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), já havia alertado sobre os riscos de eventos extremos e a vulnerabilidade das áreas costeiras em seu estudo publicado em 2012. Segundo ele, “é fundamental reconhecer que as áreas costeiras estão sujeitas a desastres naturais, como chuvas intensas e deslizamentos de terra, devido à localização geográfica e à dinâmica climática da região”.
O estudo, conduzido em parceria com a pesquisadora Francine Modesto dos Santos, também da Unicamp, examinou os fatores que contribuem para a ocorrência de desastres naturais, como deslizamentos de terra e inundações nas cidades costeiras. Marandola ressaltou que “o crescimento urbano desordenado e a ocupação irregular de áreas de risco agravam a vulnerabilidade das comunidades costeiras, tornando-as mais propensas a sofrerem danos significativos em caso de eventos climáticos extremos”.
A pesquisa utilizou uma abordagem multidisciplinar, combinando análises geográficas, demográficas e socioeconômicas para mapear as áreas de risco e identificar a sobreposição entre áreas vulneráveis, social e ambientalmente. Segundo o professor, “a análise espacial nos permitiu identificar as áreas mais propensas a desastres e destacar a necessidade de políticas públicas que levem em conta a vulnerabilidade social e a dinâmica socioespacial das comunidades costeiras”.

Marandola ressalta que a região do Litoral Norte de São Paulo apresenta riscos específicos associados ao crescimento urbano e à sua localização geográfica. “Junto com o clima tropical da região, temos a presença da Serra do Mar, próxima à linha costeira, o que favorece a ocorrência de chuvas intensas e deslizamentos de terra”, explicou. Além disso, as áreas de risco são frequentemente ocupadas por populações mais vulneráveis devido à forma desordenada de organização urbana, o que aumenta a exposição a eventos climáticos extremos.
Diante dessa realidade, Marandola destacou a importância de se promover estratégias para um desenvolvimento urbano mais sustentável e resiliente. Ele ressalta a necessidade de implementar um urbanismo sustentável, que proteja os mananciais, controle a urbanização em áreas frágeis e promova a recuperação de áreas degradadas. Segundo o professor, “é essencial repensar o modelo de urbanização atual, considerando as mudanças climáticas e os padrões de consumo e produção, visando garantir a segurança e a qualidade de vida das comunidades costeiras”.
Os resultados do estudo têm o potencial de informar o planejamento urbano e as políticas públicas na região. A pesquisa documenta a produção de áreas de risco e destaca a sobreposição entre áreas vulneráveis social e ambientalmente analisando certos fatores, como declividade do terreno, cobertura vegetal, precipitação pluviométrica e densidade populacional, contribuindo para aumentar a probabilidade de deslizamentos de terra e inundações. Através de análises espaciais avançadas, foi possível mapear essas áreas e identificar os locais mais propensos a sofrer danos significativos em caso de eventos climáticos extremos, enfatizando a necessidade de medidas preventivas e mitigadoras para evitar tragédias similares. “Esse estudo demonstra que as áreas de risco são frequentemente ocupadas por populações com menos recursos econômicos e menos condições de se proteger dos riscos, tornando-se mais vulneráveis a eventos climáticos extremos”, ressalta Marandola.
O cientista também ressaltou a importância de um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental, enfatizando a necessidade de fortalecer as instituições reguladoras e o controle do uso do solo urbano. Para Marandola, é fundamental repensar o uso social e coletivo do espaço urbano, buscando um modelo de urbanização que priorize a proteção ambiental e a qualidade de vida da população.
A pesquisa utilizou métodos avançados para analisar os riscos associados às áreas costeiras do Litoral Norte de São Paulo. “Nossa abordagem multidisciplinar nos permitiu compreender a interação complexa entre fatores geográficos, socioeconômicos e climáticos, fornecendo insights valiosos para a gestão de riscos e a tomada de decisões”, afirmou o professor.
Uma parte crucial do estudo foi a identificação das áreas de risco, onde a combinação de fatores como declividade do terreno, cobertura vegetal, precipitação pluviométrica e densidade populacional aumentava a probabilidade de deslizamentos de terra e inundações. “A análise espacial nos permitiu mapear essas áreas e destacar os locais mais propensos a sofrer danos significativos em caso de eventos extremos”, ressaltou Marandola.
Além disso, o estudo também examinou a vulnerabilidade social das populações residentes nessas áreas de risco. Foram considerados fatores socioeconômicos, como nível de renda, acesso a serviços básicos e infraestrutura, além de aspectos demográficos, como densidade populacional e distribuição etária. Segundo o professor, “essa análise permitiu uma compreensão mais abrangente das comunidades mais vulneráveis e que enfrentam maiores dificuldades para lidar com os impactos de desastres naturais”.
Com base nesses resultados, o estudo recomendou diretrizes para o planejamento urbano e a gestão de riscos naquela região. Uma das principais medidas propostas é a identificação e o monitoramento contínuo das áreas de risco. Isso envolve a análise de fatores como declividade do terreno, cobertura vegetal, precipitação pluviométrica e densidade populacional para identificar as áreas mais propensas a deslizamentos de terra, inundações e outros desastres naturais. O monitoramento contínuo permite acompanhar as mudanças nas condições de risco e ajustar as estratégias de gestão de acordo.
Além disso, o estudo recomendou a implementação de medidas estruturais e não estruturais de mitigação. As medidas estruturais envolvem intervenções físicas, como a construção de sistemas de drenagem e contenção de encostas, para reduzir os impactos de desastres naturais. Já as medidas não estruturais estão relacionadas a políticas e práticas que visam reduzir a exposição e aumentar a resiliência das comunidades, como a adoção de sistemas de alerta precoce, o treinamento em práticas de segurança e a educação da população sobre os riscos.
Marandola ressaltou também a importância de se investir em políticas de prevenção e de preparação para desastres, ao invés de apenas lidar com as consequências após sua ocorrência. Ele destacou que “a gestão de riscos deve ser incorporada ao planejamento urbano de forma integrada e participativa, considerando tanto os aspectos técnicos quanto os sociais e ambientais”. O Professor concluiu dizendo que “a proteção das comunidades e a preservação dos ecossistemas são objetivos que devem guiar as políticas públicas e as práticas de desenvolvimento urbano sustentável”.
Orientação: Prof. Artur Araújo
Edição: Suelen Biason
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