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Pesquisa de biomedicina realizada pela PUC-Campinas identificou, em amostras de veículos, altos índices de contaminação
Por: André Romero, Lucas Ardito e Luís Felipe Buzzetti
Os carros utilizados para transporte de passageiros por aplicativo podem apresentar 30 vezes mais bactérias do que os veículos utilizados apenas por seus proprietários. O fato foi constatado em pesquisa realizada por um grupo de pesquisadores de biomedicina da PUC-Campinas por meio de amostras coletadas em partes dos automóveis.
A pesquisa foi feita por Gabriela Cruz, Luiza Pinheiro e Maria Fernanda Balzani e foi coordenada pela professora Dra. Maria Magali Stelato e com apoio da técnica do laboratório de microbiologia da universidade, Andréia Rodrigues Bucci.
Os pesquisadores coletaram as amostras e transportaram o material para o laboratório, onde utilizaram placas de meios de cultura seletivos para identificar o grau de contaminação. Foram investigados dois tipos de bactérias presentes na superfície do volante, câmbio e maçaneta dos veículos: staphylococcus, uma bactéria comum na pele que pode levar a infecções como garganta inflamada e problemas de pele; e enterobactérias, que são bactérias intestinais capazes de causar diarreia.
Durante o processo de realização da pesquisa, foi possível constatar que, quando comparado com um motorista que higienizava o seu carro no final de cada expediente, menos de 10 colônias eram encontradas no veículo. Paralelamente, quando comparado com aqueles que não relataram essa higienização, o número de colônias de microrganismos chegou a ser maior que 300.
Segundo a coordenadora da pesquisa, a equipe decidiu comparar três situações diferentes: o uso individual do veículo, o transporte de famílias e o uso de transporte por aplicativo. “A razão por trás dessa comparação é a crença de que quando há mais pessoas presentes, elas podem trazer consigo microrganismos que contaminam o ambiente. Essa contaminação pode ser transmitida a outras pessoas. Além disso, a análise também considerou famílias, pois elas podem ter crianças e animais de estimação que podem carregar microrganismos”, afirmou a professora Stelato.
De acordo com a pesquisadora Gabriela Cruz, as amostras foram coletadas com cotonetes esterilizados usando tubos de meio BHI – meio de cultura que fornece os nutrientes necessários para o crescimento e multiplicação de microorganismos. Após a coleta, os tubos foram armazenados em geladeira até o momento de fazer as placas para análise.
Gabriela Cruz destaca a importância dessa pesquisa científica: “foi interessante ver a diferença de quantidade de bactérias em cada tipo de carro. Isso evidenciou a importância da higienização adequada do veículo, coisa que eu nunca havia refletido antes da realização do experimento.”
A estratégia metodológica da pesquisa foi o cultivo in vitro das amostras. “As bactérias são unicelulares. Cada célula de bactéria vai se dividindo e multiplicando, se reproduzindo. Só que essa unidade é invisível ao nosso olho. A gente só consegue ver no microscópio, mas quando ela se multiplica, se transforma, e vai se reproduzindo, conseguimos enxergar macroscopicamente na placa. Assim, a gente sabe que havia ‘X’ números de células bacterianas ou unidades bacterianas pelas colônias que crescem. Cada bolinha naquela placa, anteriormente, era uma célula bacteriana”, explicou Andréia Bucci, técnica do laboratório de microbiologia, sobre a metodologia do estudo.
As pesquisadoras ainda reforçam a importância de manter sempre o carro limpo, com uma higienização constante para evitar a proliferação de microrganismos, além de sempre se atentar às comidas e pets dentro do carro, que são causadores de uma maior multiplicação das bactérias dentro do veículo.
Orientação: Prof. Artur Araujo
Edição: Suelen Biason
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