Ciência
Alunos tratam animais encontrados na região de Poços de Caldas para reintegração nas áreas da região
Por: Jessica Midori
O Grupo de Estudos Sobre Animais Silvestres (GEAS), de Poços de Caldas, tornou-se popular na região sul de Minas Gerais pelo trabalho voluntário para a reabilitação dos animais resgatados pelos órgãos municipais e estaduais. Composto por estudantes com interesse em animais selvagens, é um dos grupos mais antigos do Brasil. “A princípio, os cuidados de animais silvestres é um plus, pois sua essência é apenas teórica e de estudos dos animais silvestres”, explica Erika Fruhvald, coordenadora do grupo e professora especializada em animais silvestres, do curso de medicina veterinária da PUC Poços de Caldas.
As atividades do grupo são de socorro aos animais que são levados para o hospital veterinário localizado na universidade. O fluxo de pacientes, explica a professora, deve-se à localização do campus, próximo às montanhas, na região do sul de Minas Gerais, rica em fauna. “As ações antrópicas ao meio ambiente demandam um local de reabilitação desses animais, que não há no entorno. E é aí que o GEAS aproveita para, além de ajudar a fauna, ensinar e formar profissionais habilitados para continuarem esse trabalho onde quer que estejam”, explica a docente.
A aluna Leticia Akemi lembra que o local mais próximo para cuidar desses animais seria a capital mineira e que Poços de Caldas é um ponto estratégico para atender a demanda da região. “Somos o único hospital veterinário do sul de Minas Gerais que atende animais silvestres. O grupo faz esse atendimento de urgência até que os animais estejam estáveis o suficiente para seguirem a viagem até a capital”.
De acordo com um levantamento realizado pelos próprios membros do GEAS, de 2017 até o final do ano passado, foram recebidos cerca de 300 animais, e cerca de 77 espécies diferentes. As aves compõem aproximadamente 75% dos pacientes recebidos, totalizando 233 animais, seguido de mamíferos, com 21% dos atendimentos, no total 64 registros. Em menor quantidade, há nove répteis
que representam 3% do total de animais que passaram pelo hospital do ano de 2017 até 2022. A maioria dos pacientes são provenientes de Poços de Caldas, 80% deles, mas o grupo já recebeu animais de outros 20 municípios.
Um dos casos mais marcantes que a equipe atendeu foi em 2020, quando o hospital recebeu um lobo-guará em estado gravíssimo. As fraturas eram várias, o que limitava a movimentação do animal. Apesar do seu estado praticamente irreversível a equipe conseguiu salvar a vida do paciente, que necessitava ser observado o tempo todo. “Ele não levantava, se alimentava deitado, mexia um pouco apenas a cabeça. Sofreu cerca de seis procedimentos cirúrgicos, incluindo a retirada de um rim que estava tomado por parasitas”, relembra a monitora Ana Julia Borges. O lobo-guará foi encaminhado para o Instituto Onça Pintada que tem projetos de conservação da espécie.
A rotina da estudante Ana Julia Borges é de dedicação aos trabalhos do GEAS. “Quando não tem, minha prática é ensinar os novatos e manter o hábito de estudar sobre os casos. Há três anos avalio como posso melhorar a qualidade de vida dos animais que atendemos, e desenvolver melhor as minhas habilidades”, revela.
A reabilitação dos animais nem sempre significa reinserção à natureza, segundo a professora Erika Fruhvald, já que os animais só voltam ao ambiente natural se possuírem condições de soltura. Mesmo após o tratamento realizado pelo GEAS, os pacientes são encaminhados pelo Instituto Estadual de Florestas para um Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres, onde o tratamento é retomado. Depois, é feita uma checagem para certificar que o animal está apto para soltura, se não, eles são encaminhados para um zoológico ou para um mantenedouro de fauna.
Orientação: Profa. Rose Bars
Edição: Gabriela Lamas
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