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Movimento encaminhado pela vereadora Paolla Miguel (PT) prevê ganhos em economia e ciência no Município
Por: Marília Coimbra
Uma Frente Parlamentar proposta pela vereadora Paolla Miguel (PT), no 1º Seminário sobre o Uso Medicinal da Cannabis, aprovou intensificar ações para que o Município de Campinas possa ser uma referência internacional na produção do agente ativo e de usos do cânhamo industrial derivados da maconha. Para tanto, prometem lutar para a liberação do plantio de Cannabis em unidades agrícolas da região, o que traria benefícios para a pesquisa científica, a produção industrial e, consequentemente, para a economia regional.
Paolla afirmou que a Frente Parlamentar procura defender o auto cultivo da planta a partir da agricultura familiar ou do cultivo associativo, tendo muito a agregar na economia do país e do município. Ela prevê gastos bem menores por parte do Estado e da população devido à não necessidade dos processos de judicialização e/ou de importação dos medicamentos à base do canabidiol.
Segundo a vereadora, os estudos, que devem ser inicializados em breve, têm como foco principal analisar o solo, os agrotóxicos e os efeitos da Cannabis para a saúde a longo prazo. Paolla explicou que o plantio só deverá ser liberado em um solo saudável, com utilização de defensivos que não fazem mal para o ser humano e que não impliquem na funcionalidade do canabidiol.
Ela afirmou que, até onde o conhecimento científico já apurou, não há indícios de dependência gerada pelo uso medicinal da planta. As novas pesquisas poderiam se dedicar a analisar os efeitos a longo prazo para a saúde, disse em entrevista ao Digitais.
Durante o seminário promovido pelo movimento, entre 17 e 19 de maio, foram discutidos os benefícios e a utilização desses medicamentos. Renata Monteiro, farmacêutica pós-graduada em homeopatia e cosmetologia, explicou que o uso medicinal da maconha é essencial em tratamentos para doenças como mal de Parkinson, alzheimer, epilepsia, alguns efeitos de tratamento de câncer e hipertensão, além da redução de danos de causados por substâncias como cocaína, ópio e álcool.
Renata utilizou a Associação Brasileira de Cannabis Medicinal (AMA+ME) como fonte de dados para apurar os tratamentos que usam a cannabis no país. Ela afirmou que o custo mensal pode variar de acordo com a quantidade de miligramas necessários aos pacientes, de R$1.771,70 (100mg/dia) a R$10.630,21 (600mg/dia), o que levou a mais um dos objetivos da Frente Parlamentar: o fornecimento gratuito desses medicamentos pelo SUS, o que permitirá a mais pessoas terem acesso a tratamentos de saúde.
Devido à repercussão das falas do seminário nas redes sociais digitais, surgiram comentários de internautas de diversas partes do país, que dizem acreditar que o fornecimento gratuito do canabidiol iria permitir o acesso generalizado ao produto. Paolla definiu esses argumentos como falaciosos, e lembrou que o controle de medicamentos já existe no país em relação a vários outros fármacos.
Uma das falas do seminário foi a de Luís Fernando Tófoli, professor da Unicamp, que citou que o preconceito com a palavra maconha se deve especialmente à sua origem africana. A palavra Cannabis, que é de origem latina – segundo argumentou – é mais aceita pela sociedade justamente por vir de uma região na qual a população branca é predominante.
Dentro deste contexto, Paolla disse concordar com o professor e levantou a bandeira do antirracismo. A vereadora defendeu a ideia de que o processo de criação da Frente Parlamentar é uma reparação histórica para a população negra e periférica da cidade, que poderia ser beneficiada com investimentos em educação e direitos sociais com os impostos arrecadados pelo uso medicinal da planta.
Além de Paolla, fazem parte da Frente os vereadores Carlinhos Camelô (PSB), Carmo Luiz (Podemos), Cecílio Santos (PT), Edison Ribeiro (União Brasil), Felipe Marchesi (PSB), Guida Calixto (PT), Gustavo Petta (PCdoB), Higor Diego (Republicados), Jair da Farmácia (Solidariedade), Luiz Cirilo (PSDB), Mariana Conti (PSOL), Marrom Cunha (Solidariedade), Paulo Bufalo (PSOL), Paulo Gaspar (Novo), Permínio Monteiro (PSB), Rubens Gás (União Brasil) e Zé Carlos (PSB).
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Melyssa Kell
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