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A artista plástica Larissa Camnev, 30, questiona as relações sexistas que marcam a indumentária feminina
Por Sophia Miranda
“Por que os homens podem sair sem camisa e nós mulheres, não?”. Com esse questionamento, a artista plástica Larissa Camnev, de 30 anos, traz uma discussão, através de sua arte, acerca do corpo feminino e de sua posse, na exposição “Tomara-que-caia”, para a qual compareceu a convite do evento Fashion Revolution, promovido pelo curso de design de moda da Puc-Campinas.
Na mostra, que segue até o próximo dia 12, na galeria do campus 1, a artista indaga de que maneira o fato de ser mulher e possuir seios torna-se alvo de malícia masculina e estranheza estética de uma mulher para outra mulher. A exposição fica aberta ao público, das 16h às 18h, e das 19h às 21h.

Voltada para um ideário de liberdade em torno do conceito estético de um corset – que equivale a uma blusa sem alça na indumentária feminina – a peça ilustra a marca visível de carregar o nome de “tomara que caia”. Trata-se, assim, de um constante lembrete da torcida masculina para expor a nudez, e não uma escolha da mulher, explica Larissa, mestre pelo programa de pós-graduação em Linguagens, Mídia e Arte, da Puc-Campinas.
“Eu queria uma veste que não possuísse alças, mas que houvesse essa extrapolação do seio. Já que é para cair, que desabe, que caia”, desafia Camnev ao salientar que persiste em contrariar a ideia de malícia vinculada ao constrangimento para o corpo da mulher.
Dentro desse contexto de extrapolação do busto feminino, as 7 obras presentes na galeria consistem no uso do algodão cru e, principalmente, de meias-calças usadas, que se referem diretamente ao ato de cair dos peitos.
“Eu me apropriei dessas meias-calças, que eram usadas e carregam essa energia residual, para que houvesse uma projeção que remeteria o seio para fora”, revela a artista, para quem a sustentabilidade faz parte de seu trabalho.
Em paralelo a esse pensamento, suas obras procuram escancarar de que maneira o fato de esconder causa mais curiosidade e, consequentemente, um fetiche masculino voltado para a pele da mulher. Larissa visualiza a moda sendo um desejo junto à do busto, nomeando ANSEIO – o colar que remete ao formato dos peitos. Em parceria com a mãe, Mirian Camnev, estilista e modelista, Larissa projetou o corset que ocupa o espaço central da galeria, usando sobras até mesmo de cortinas.

Nesse sentido, inserido na alegoria de uma veste que, aos olhos sexistas, provoca a torcida pela lei da gravidade, Camnev usufrui do significado do termo tomara-que-caia para diluir a misoginia dominante. É, assim, uma exposição de intensa interpretação, sujeita a críticas negativas, principalmente por parte dos homens, supõe a artista plástica.
“Quero que cause estranheza, revolta e questionamento”, afirma.
Dessa forma, a artista visual flerta com a ideia dos seios caindo, para que despenque e apareça da melhor forma possível, em alusão ao poder de posse de uma mulher sobre seu próprio corpo. Assim, a autora visa de forma sustentável chamar atenção para como a pele vestida é mais importante do que a veste em si. “Tudo que eu fiz, eu tinha vontade, não me privei de nada”.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Melyssa Kell
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