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Considerado herói, Joaquim Firmino, assassinado em 1888, ganhou peça de teatro e vídeo ilustrativo
Por Luis Matheus Silva
O legado do abolicionista Joaquim Firmino, um dos mais cultuados cidadãos de Mogi Mirim, foi enaltecido em evento realizado no teatro municipal da cidade, na última sexta feira (12). O público teve contato com a história de Firmino, assassinado três meses antes da assinatura da Lei Áurea, por meio de uma peça de teatro, um vídeo ilustrativo e palestra voltados para os públicos infantil e adulto.
A comemoração também serviu como forma de debater e conduzir o caminho social e a luta contra o racismo nos dias de hoje, conforme explicou o idealizador do projeto, o cineasta Luiz Dalbo. “Pegar a figura do Joaquim Firmino também é um olhar para a reflexão sobre a questão do povo preto, do povo negro na nossa cidade, no nosso país, do povo que foi escravizado e de quantos desafios ainda enfrentam até hoje”, comentou.
Dalbo também explicou que, embora fosse um evento teste, há a intenção em continuar com a celebração do abolicionista. “O evento teve essa importância, para que nós possamos corrigir nossos rumos”, afirmou.
A cerimônia foi minimamente pensada para ser apresentada também para as crianças, como forma de despertar o interesse pela cultura local e de propagar as informações para os seus familiares. “A ideia é, junto de aplicação pedagógica, usar o lúdico para que a criança possa aprender”, comentou Dalbo.
“O secretário de cultura está procurando resgatar a história de Joaquim Firmino e torná-la pública, de conhecimento geral e nas escolas, para que isso não fique apenas como um relato histórico, mas que a gente traga isso para os nossos dias”, disse o prefeito Paulo de Oliveira e Silva, ao participar das comemorações.
Segundo a secretária Antônia do Carmo, do Centro de Documentação Histórico que tem o nome do abolicionista, “relembrar fatos históricos do assassinato de um abolicionista é reviver o fato histórico para que não ocorram no futuro injustiças como esta”.
O herói local
Nascido em Mogi Mirim em 29 de agosto de 1855, Joaquim Firmino de Araújo Cunha foi delegado de polícia da cidade de Penha do Rio do Peixe e lutou contra a escravidão da época. Ele se negava caçar e prender escravos fugitivos, chegando inclusive a abrigá-los em sua própria casa.
Naquele período histórico, as fazendas cafeeiras da região serviam de lar de estadunidenses vindos com o fim da Guerra da Secessão. Insatisfeitos com a atuação de Firmino, cerca de 200 fazendeiros, armados com porretes, facas e espingardas, em 11 de fevereiro, foram à residência do delegado e o mataram no episódio que ficou conhecido como “O Crime Da Penha”. O impacto foi tão grande, que a cidade mudou de nome, vindo a se chamar Itapira desde então.
O mentor do assassinato e líder dos fazendeiros, James Warne, veio ao Brasil aos 23 anos de idade, tendo trazido ao país os métodos da organização racista Ku Klux Klan, dos EUA. No julgamento, os réus acabaram inocentados. A imprensa abolicionista, frustrada com o desfecho do caso, usou a morte de Joaquim Firmino para levantar a bandeira da causa, além de o ter transformado em mártir do movimento que culminou, três meses depois do assassinado, com a assinatura da Lei Áurea, que decretou a libertação dos escravos no Brasil.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Ana Ornelas
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