Religião

Budismo em Campinas registra mais de 3 mil fiéis

Religião de origem asiática conta atualmente com 8 templos na cidade; segundo adeptos, procura aumentou após a Covid-19

Por: Pamela Barbosa

Com mais de 3 mil devotos, segundo o Censo de 2010 do IBGE, e oito templos em Campinas, a religião budista mantém uma presença constante e, segundo adeptos, crescente na cidade, principalmente após a pandemia de Covid-19.

De acordo com o monge Gyoushuu Tadokoro, Bispo do Templo Rentokuji, houve um aumento perceptível de pessoas procurando a religião budista principalmente durante a pandemia, um momento marcante da necessidade de cura física e espiritual. O monge relata ainda que cada escola do budismo tem a sua prática, que segue determinado viés e detalhou as principais.

Com aproximadamente 2.500 anos, o budismo é fundamentado nos ensinamentos de Buda, um príncipe que nasceu no século VI a.C, em Kapilavastu, norte da Índia, que hoje corresponde ao Nepal. O líder religioso buscava condicionar a mente de maneira a levá-la à paz, alegria, sabedoria e liberdade. Seu objetivo e o de seus adeptos é o trabalho espiritual do homem, pois um espírito saudável significa que o corpo também está em plena saúde.

Os budistas de Campinas se dividem entre diversos centros e templos existentes na cidade. São eles: Templo Budista Honpa Hongwanjii, Templo Budista Nambei Higashi Honganji, Centro Budista Kadampa Avalokiteshvara, Centro de Estudos Budistas Bodisatva, Templo Nambei Higashi Honganji, Templo Rentokuji, Zendo Mãos Vazias e o BSGI – Centro Cultural de Campinas.

Geden, nome recebido em uma cerimônia de ordenação em 2004, é monge desde esse período, e atualmente está no Centro de Meditação Kadampa, de Campinas. Ele relata que os ensinamentos budistas vieram com os primeiros imigrantes japoneses, coreanos e chineses que queriam trabalhar nas lavouras de café do Brasil, há 110 anos.

O casal Massuo Yano e Elisabete Yano frequentam o Templo Rentokuji, de Campinas, e relatam um pouco da experiência na religião. Eles estão inseridos no budismo desde a infância, pois nasceram em famílias japonesas que seguiam a fé.

Religião ou filosofia?

Existe um embate frequente entre muitos estudiosos sobre a classificação da doutrina budista como religião ou filosofia. Segundo Patricia Guernelli Palazzo Tsai, Bacharel em Teologia Budista pelo Institulo Pramãna e Mestre em Ciências da Religião, tanto o Budismo Theravada quanto o Mahayana tem caráter soteriológico, ou seja, buscam a salvação humana.

“Se a gente fala de theos como Deus, aí a teologia fica um pouco fora no sentido de um Deus cristão, mas se utilizarmos o termo de theos nesse caráter soteriológico (de busca da salvação) é perfeitamente plausível. Por isso que lá fora tem pesquisadores que não enquadram mais como budologia os estudos do budismo, mas, como uma teologia”, afirma Patrícia Tsai.

Sutras

O termo “sutra” no budismo se refere às escrituras canônicas que são tratadas como registros dos ensinamentos orais do Buda. Esses ensinamentos estão registrados na segunda parte do Tripitaka, coleção canônica de livros sagrados, e são chamados de Sutra Pitaka. Também há outros textos que são considerados Sutras, principalmente pelas escolas Mahayana, mesmo não fazendo parte do Tripitaka e atribuídos a outros autores em períodos posteriores.

“Nós não rezamos só para os budistas, nós rezamos para todos os seres vivos, independente do sexo ou religião. Para nós tudo depende da mente e precisamos aprimorar e desenvolver as nossas mentes, então essas cerimônias são muito importantes”, aspecto importante sobre a prática religiosa dos ensinamentos de Buda, destacado pelo monge Geden.

Uma palavra específica no budismo, destaque em todos os seus segmentos, é o “carma”. Segundo especialistas, o carma é um conceito complexo e varia de acordo com diferentes tradições do budismo e do hinduísmo. O conceito faz parte da descoberta de Buda da “realidade última”, uma realidade “inefável”, diferente da realidade convencional.

O monge Gyoushuu Tadokoro explica a  dualidade dentro do carma, pois as pessoas, em sua maioria, pensam nele como forma pejorativa, mas carma também diz respeito a causas e efeitos positivos. “Infelizmente a nossa sociedade é baseada exatamente nesse fator de não conseguir ficar feliz com o sucesso do outro, mas sim tentar buscar algum empecilho para não justificar o sucesso dela. Então carmas, tanto positivos quanto negativos existem. Claro, se você está colhendo algo ruim é natural que você semeou algo ruim no passado, ao mesmo tempo que se você está colhendo bons carmas, é porque você semeou coisas boas no passado”.

Edição e orientação: Prof. Artur Araujo


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