Esportes
“Além da Cesta” acumula êxitos, vira referência e celebra atleta convocado para o Mundial Master na Argentina
Por: Luca Guerra
Em março de 2023, o jogador de basquete de Nova Odessa, Márcio Borges, foi convocado para disputar o Mundial Master (+35 anos) pela seleção brasileira, aos 45 anos, em Mar Del Plata, na Argentina este ano. No entanto, Márcio não joga em um dos grandes times do Novo Basquete Brasil (NBB), a principal liga brasileira da modalidade. O atleta faz parte do projeto “Além da Cesta”, sediado em uma pequena cidade do interior de São Paulo, que valoriza seus atletas.
O projeto possui duas equipes: adulto e sub-18 masculino. A primeira conquistou dois títulos consecutivos da Conferência Interior da Liga Metropolitana de Basquete, em 2021 e 2022, além de contribuir na transformação social de diversos jovens da cidade. Agora, com a convocação de Márcio pela FBBM (Federação Brasileira de Basquete Master) para disputar o 16º World Championship, o projeto, criado em 2017, começa a acumular sucessos.
Transformação
O treinador e organizador do projeto, Junior Pinheiro, ressalta que o sucesso é bem-vindo, mas o foco está na evolução pessoal e social dos jogadores, juntamente com a evolução coletiva. Isso faz com que a equipe se destaque e alcance resultados positivos.
“A filosofia de trabalho é diferente dos outros times, que têm como único objetivo vencer, trazer títulos e estar sempre no topo do ranking. Quando se trabalha apenas para ser o primeiro, algumas etapas são negligenciadas e o processo não é respeitado, o que é necessário para alcançar bons resultados futuros”, disse Junior, ex-jogador de basquete.
O treinador enfatiza que o objetivo principal do projeto é usar o basquete como ferramenta de transformação. Funciona como uma fuga da rotina para os adultos e um meio de desenvolvimento para adolescentes em situação de vulnerabilidade social, incentivando-os em diversas áreas de suas vidas, como estudos e relacionamento familiar. “Eles aprendem não só o basquete, mas lições para a vida, sobre ganhar e perder, dedicação, ética, persistência”, afirmou.
Vinicius de Souza, 20 anos, um dos jovens que participa do projeto, compartilhou sua experiência: “Antes de começar a participar do Além da Cesta, eu tinha dificuldades na comunicação, em socializar e até mesmo em me expressar corretamente. Mas hoje, graças à convivência e ao acolhimento que tive, voltei a falar com meu pai; tornei-me uma pessoa melhor, mais calma, focada e centrada no meu futuro”.
O projeto se baseia em três pilares: físico, psicológico e técnico, com foco no psicológico. “A parte física e técnica são simples de trabalhar, estabelecemos uma rotina de exercícios para gerar constância. A parte psicológica é a que mais pesa, por isso trabalhamos focando nisso. O atleta precisa estar bem com o que está fazendo, gostar e entender que isso trará resultados para ele”, explicou Junior.
Ele também ressalta que o atleta precisa tomar decisões coesas, ou seja, colocar em prática tudo que aprendeu no momento certo. Para Junior, 80% do que o projeto faz para buscar o melhor desempenho dos atletas está relacionado à parte mental.
Convocação
“É sempre gratificante fazer parte de uma estrutura desde o princípio, pois não é apenas sobre o esporte, mas também sobre a camaradagem, a amizade, a família. Estar envolvido com esse tipo de situação e perceber que a probabilidade de dar certo é grande, porque todos trabalham com comprometimento, é muito bom. Gosto de fazer parte de um grupo como esse”, destacou Márcio Borges, também conhecido como Turcão, sobre o Além da Cesta.
Turcão foi convocado para jogar o mundial de basquete 35+ na Argentina em outubro e, mesmo com 45 anos, está otimista para o torneio. Ele diz que está treinando para chegar ao nível que sabe ser capaz de alcançar para a competição. Para ele, a convocação foi uma motivação para continuar jogando, já que havia se aposentado alguns anos antes, mas voltou em 2020 para jogar no Além da Cesta. Apesar de ser um marco importante em sua carreira, ele afirma não estar ansioso, mas sim animado para jogar.
“Vivenciar a convocação foi incrível, é aquela coisa, você aprende que no esporte às vezes não é o dinheiro que importa, mas sim o respeito e a consideração. Então, chegar a essa situação, e com a minha idade, é maravilhoso ter a sensação de vestir a camisa da seleção brasileira. Não estou ansioso, acho que ainda tenho muito a melhorar e, se trabalhar com ansiedade, só vou me sabotar”, explicou.
Em relação à prática esportiva na região e no Brasil, Junior diz que a modalidade cresceu 4 a 5 vezes mais, porém, em termos de desenvolvimento, o país ainda está atrasado. “No quesito estrutura, ainda deixa a desejar, pois não há investimento necessário, nem do governo, nem da iniciativa privada, para que possamos ter boas equipes e um bom desenvolvimento de atletas”, concluiu.
Edição e orientação: Prof. Artur Araujo
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