Destaque
Vereadora Guida Calixto (PT) defende a criação de redes de proteção feminina na representação política
Por: Thammy Luciano
Na palestra “A mulher e a política”, que ocorreu na noite desta terça-feira (14), Parque Prado, em Campinas, a vereadora Guida Calixto (PT) defendeu a necessidade da participação das mulheres na vida política, bem como na luta contra as violências política de gênero, que são enfrentadas na própria participação feminina nos partidos políticos e ao longo de seus mandatos.
O evento em comemoração ao mês da mulher destacou a ação feminina na manutenção da democracia. A conversa com a vereadora atraiu a atenção de apenas dez mulheres, havendo como único homem presente o filho de uma das participantes. “Apesar de pouca gente, o importante é que há mulheres interessadas”, ponderou.
Guida Calixto, além de vereadora, é servidora pública municipal, monitora da educação infantil e advogada. Em busca da paridade de gênero na política, ela conta que as mulheres não são validadas quando passam a integrar esse espaço, seja nas candidaturas em seus partidos, durante as campanhas ou quando já estão ocupando um cargo.
“Sempre estão colocando a gente em um lugar onde não podemos ser referência”, diz Guida. A falta de mulheres na política também é apontada por ela como o resultado do machismo estrutural na sociedade brasileira, além da ideia conservadora de que “para nós, a casa; para eles, o mundo.”
Com a finalidade de incentivar a participação feminina na política, a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) prevê a cota de gênero, na qual cada partido ou coligação deve preencher no mínimo 30% das candidaturas voltadas às mulheres nas eleições para Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. O dispositivo passou a ser obrigatório em 2009, entretanto isso não garantiu a eleição dessas mulheres aos cargos.
Para Calixto, as mulheres são fundamentais para a manutenção da democracia. “Teremos uma sociedade democrática quando tivermos equilíbrio na representação política”, disse na roda de conversa. Na contramão da equidade, a violência política de gênero começa quando as candidaturas de mulheres são invalidadas pelos próprios partidos e segue durante todo o processo de campanha, quando os investimentos para candidaturas femininas são menores do que para os candidatos homens.
“Quando a gente fura a bolha sociocultural e entra em um partido, a luta continua”, afirmou.
Guida conta que passou por alguns momentos na Câmara dos Vereadores de Campinas que exemplificam como a figura feminina não é vista como uma representação política. Em uma das situações, ela foi questionada por estar acessando a área privativa dos gabinetes, quando um funcionário da Casa a abordou sem saber era vereadora, mesmo estando todos os dias presente nas sessões.
Poucos dias depois, Guida foi questionada por outro servidor da Câmara que lhe solicitou um crachá – não utilizado por vereadores. Quando disse que era vereadora, o funcionário perguntou o nome dela.
Esses casos de anulação no cenário político não são isolados. Durante as sessões, a vereadora disse ter presenciado vários atos de violência política de gênero partindo de outros vereadores para as mulheres presentes. Piadas, interrupções de falas, comentários sobre a aparência e ataques verbais são comuns.
Guida Calixto conta que a violência às representantes femininas acontece cotidianamente e a maior participação de mulheres nesse âmbito é fundamental, criando uma rede de proteção. “A solidariedade é necessária. Nós não podemos nos abaixar para eles, porque se nos abaixarmos, eles nos aniquilam”, diz a vereadora.
Na atual conjuntura, a Câmara dos Vereadores de Campinas conta com 33 vereadores, desse número apenas quatro são mulheres. Além de Guida Calixto (PT), foram eleitas Mariana Conti (PSOL), Paolla Miguel (PT) e Débora Palermo (PSC), sendo esta a maior participação feminina no cenário campineiro.
“O Legislativo, o Executivo e o Judiciário não são espaços montados para nós mulheres, mas nós estamos ali e vamos enfrentar a violência política de gênero”, completou.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Melyssa Kell
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