Destaque

Pesquisador propõe farmácia viva para maconha medicinal

O professor André Gonzaga dos Santos critica preconceito e atraso brasileiro nos estudos sobre cannabis

Giovana Viveiros

Em webinar nesta terça-feira (7), o professor da Faculdade de Ciências farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) André Gonzaga dos Santos propôs que a farmácia viva, uma política pública em funcionamento no Brasil, que consiste no cultivo, coleta, processamento, armazenamento e manipulação de plantas medicinais e fitoterápicos, também seja aplicada ao cultivo da cannabis sativa. “Essa iniciativa facilitaria o acesso de pacientes a medicamentos com óleo de cannabis”, afirmou o docente.

O evento, promovido pelo Instituto Focar, abordou o uso medicinal e componentes químicos da cannabis, discutiu a legislação brasileira sobre o tema e a avaliou a importância das chamadas associações cannábicas.

O pesquisador afirmou que implementar um sistema de cadeia produtiva de maconha medicinal seria benéfico para os estudos e produção de fármacos, e criticou o atraso do Brasil. “Países como Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia e tantos outros estão produzindo medicamentos à base de cannabis, enquanto no Brasil nem aprovamos a liberação do cultivo para uso medicinal, apenas com autorização judicial. O preconceito e as proibições atrasam nossos estudos”, afirmou.

Professor André Gonzaga dos Santos: “O preconceito e as proibições atrasam nossos estudos” (Imagem: Plataforma Zoom)

O que difere o uso medicinal do uso recreativo da maconha são os níveis de canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), que são compostos que podem ajudar no tratamento de condições como epilepsia, depressão, ansiedade, fibromialgia, esquizofrenia, diferentes tipos de câncer e outras patologias.

“O CBD não tem os efeitos psicoativos do THC, o que faz com que a cannabis medicinal seja a de alto teor de CBD e baixo teor de THC”, explicou o pesquisador da Unesp.

O trabalho das associações canábicas foi elogiado pelo professor. “O objetivo das associações é dar acesso aos pacientes que precisam do óleo de cannabis para tratamento de saúde. Algumas ministram cursos de autocultivo, prestam assessoria jurídica para obtenção do acesso ao cultivo, e outras entregam aos pacientes produtos à base do óleo de cannabis. É um trabalho essencial nessa luta”, disse, ao encerrar sua participação no webinar.

Flávio Alexandre Carvalho: “É uma planta conhecida por ter várias atividades farmacológicas” (Imagem: Plataforma Zoom)

Em seguida, além de apresentar as composições químicas da cannabis, o pesquisador Flávio Alexandre Carvalho, graduado em Farmácia e com doutorado em Ciências Farmacêuticas pela Unesp, concordou com o professor Gonzaga dos Santos sobre as dificuldades em estudar a maconha medicinal no país.

“Os componentes químicos da cannabis são complexos. É uma planta conhecida por ter várias atividades farmacológicas e por isso é bastante estudada em outros países. Infelizmente, existem muitas barreiras no Brasil contra as quais lutamos”, analisou o pesquisador.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Melyssa Kell


Veja mais matéria sobre Destaque

Preço do tomate afeta custo da cesta básica em Campinas


Consumidores mudam hábitos alimentares para adequar situação orçamentária, dizem comerciantes


Emdec testa tecnologia em 25 semáforos sonoros em Campinas


Proposta é ampliar a autonomia de deficientes visuais em seus trajetos; prefeitura já distribuiu 100 tags


Intercom Sudeste termina em clima de festa na PUC-Campinas


O Intercom Sudeste, encontro de pesquisadores e estudantes de comunicação sediado pela PUC-Campinas em 2025, terminou neste sábado, 17/05.


Galinha Pintadinha cisca no quintal do Intercom Sudeste


O criador da série animada infantil “Galinha Pintadinha”, Juliano Prado, compartilhou a trajetória do desenho brasileiro.


Inteligência Artificial auxilia na criação musical


O produtor e DJ Marcio Claver apresentou ferramentas que auxiliam no processo de criação em projetos sonoros e de podcasts.


Pesquisadores se reúnem para repensar a comunicação


A tarde foi marcada pela apresentação dos Grupos de Trabalho (GT’s) participantes do segundo dia de Intercom Sudeste 2025.



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.