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Autora do livro O Peso do Pássaro Morto descreve em palestra o seu processo criativo
Por Ana Ornelas
Um trabalho que passa pela oralidade, gravação da própria voz e, por fim, a interpretação do texto. É assim que a escritora Aline Bei descreveu seu processo criativo, em bate-papo com seus leitores no Sesc Campinas, no sábado, 25. Autora de livros como O Peso do Pássaro Morto e Pequena Coreografia do Adeus, ela define suas obras como “uma música que se marca pelo ritmo”.

Entre os compassos que se mostram presentes na leitura de seus livros, enxerga-se uma busca pelo balé das palavras. Sem um texto fixo na página, toda a narrativa da jovem escritora é como uma transposição daquilo que a inquieta para os cantos da folha. Dessa forma, seu modelo de escrita surge a partir de uma “dicção fragmentada, fronteiriça e silenciosa”, como ela mesma descreve.
Segundo disse, essa descoberta de liberdade no papel só foi possível no momento que se autodesignou poeta. Em uma espécie de devaneio, ela conta que sua voz lírica só conseguiu surgir com a elucidação de sua potência, que lhe permitiu expandir o significado das palavras.
Além disso, sua descoberta como escritora passou a despertar seus instintos ao compreender suas possibilidades no espaço da literatura nacional. Dentre os autores que a provocam e incitam questionamentos, Aline Bei encontra identificação com os aqueles que, ainda vivos, continuam produzindo atualmente. “Sinto uma tendência que eu tenho de valorizar aquilo que está no nosso presente”, conta.
Nesse sentido, ela explica que, ao prestigiar o contemporâneo brasileiro, é possível entender e analisar com mais facilidade o país. “Não é só uma questão de ler ensaios, notícias de jornal ou assistir documentários. A literatura, a ficção, a poesia, o conto e a crônica nos colocam em um lugar de escuta muito mais aprofundado”, propõe a autora.

Com essa consideração, Aline Bei expressa o desejo de escrever sobre uma perspectiva ainda não contada no Brasil hodierno, principalmente pelo olhar feminino. Para ela, é urgente “colocar a figura da mulher no centro e narrando a si e as próprias dores. Essa voz existe e não está sendo vista por um viés masculino, na qual sempre a coloca como um ser desejado e não desejante”.
Dessa forma, em uma curadoria que considera suas falas e ideologias, a autora selecionou quinze obras contemporâneas e majoritariamente escritas por mulheres e que ainda continuarão “assombrando seus leitores da mesma forma que hoje a literatura clássica faz”. Elas ficarão disponíveis na biblioteca do Sesc-Campinas para empréstimo aos interessados. São elas:
Estela sem Deus, de Jeferson Tenório; O manto da Noite, de Carol Saavedra; Vaga Carne, de Grace Passô; As pessoas costumam não notar quando estamos mortos, de Malu Ferreira Alves; Se deus me chamar eu não vou, de Mariana Salomão Carrara; Erva brava, de Paulliny Tort; Rio pequeno – Floresta Solitária, de Eliana Alves Cruz; Marrom e amarelo, de Paulo Scott; Ao pó, de Morgana Kreztmann; As despedidas, de Carina Bacelar; Enterre seus mortos, de Ana Paula Maia; Um Exu em Nova Iorque, de Cidinha da Silva; Amar é crime, de Marcelino Freire; e Corpo desfeito, de Jarid Arraes.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Melyssa Kell
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