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08/01 é resultado de ações programadas em 2022

Avaliação é da advogada Christiany Pegorari que esteve no debate realizada pela Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas

Por: Luísa Viana

“Os atos de 08 de janeiro eram previsíveis, não é uma questão pontual, é uma consequência de uma série de situações que já vinham acontecendo no Brasil”. A observação é da advogada Christiany Pegorari Conte, membro da Comissão de Direito Digital da OAB e professora da PUC-Campinas, na noite de quarta-feira (02), durante o debate promovido pela Faculdade de Jornalismo sobre “Ameaça à democracia: o papel do jornalismo frente às fakenews”, com foco nos acontecimentos do dia 08 de janeiro, quando houve invasão e depredação das sedes dos Três Poderes brasileiros.

O debate reuniu, além da professora Christiany, os jornalistas Luiz Crescenzo, chefe de reportagem da TV Thathi Record Campinas e Fábio Gallacci, jornalista, produtor e assessor de imprensa e contou com a presença da jornalista Daniela Lemos, no debate sobre os atos antidemocráticos e das consequências da disseminação de fakenews nas redes sociais, estimulando movimentos bolsonaristas contra a eleição presidencial de 2022.

Christiany Pegorari: “Além das fakenews, temos uma outra preocupação que é a deepfake” (Foto: Isabela Reis)

Christiany Pegorari citou frases usadas pelo ex-presidente Bolsonaro para justificar sua análise, como “vamos fuzilar a oposição”; a defesa feita por Bobo Jeff (ex-deputado federal Roberto Jefferson) pela invasão ao Senado Federal; as postagens realizadas pelo deputado Daniel Silveira pedindo a intervenção militar. Em sua avaliação, esses fatos desencadearam as ações de bolsonaristas radicais, como a paralisação das rodovias e os acampamentos em frente aos quartéis pedindo a intervenção militar.  

Professora da Faculdade de Direito da PUC-Campinas, Christiany citou a instalação do inquérito 4879 e os crimes cometidos no dia 08/01, que podem ser aplicados na lei de terrorismo, como  associação criminosa, quando duas ou mais pessoas se reúnem para praticar crimes; abolição violenta do Estado democrático de direito;  golpe de estado;  ameaça; perseguição;  incitação ao crime; dano ao patrimônio público. Já os representantes do poder público podem responder por omissão. “Poderiam ter previsto aquela situação e tomar medidas de precaução”, frisou.

Para ela, o Brasil vivencia uma fase da reafirmação do estado democrático. “É preciso mais do que nunca que essas investigações relacionadas ao 08 de janeiro sejam desenvolvidas da forma mais legalista possível, para ela o STF tem que seguir o que está na Constituição Federal, sem abrir margem para questionar a investigação assim como aconteceu com o caso da Lava Jato”, ressaltou.  

Luiz Crescenzo: “O grande problema da fakenews é simular a minha ideia, simular a minha verdade” (Foto: Isabela Reis)

O jornalista Luiz Crescenzo focou sua avaliação na força das fakenews e começa dizendo que “fakenews é um problema semântico, essa expressão deveria ser reinventada, pois notícia não pode estar ligada a mentira em momento nenhum”. Lembra que os jornalista trabalham com a ética e com a verdade, além disso enfatiza que o problema com a fakenews é algo antigo. “A gente nunca vai se livrar da fakenews, porque ela já existia muito antes da gente e ela vai continuar existindo, muito depois de nós”.  Para ele, a maneira de se combater a fakenews é investir na verdade. “Não tem outro jeito”, conclui.  

Crescenzo também fez um adendo as falas da advogada, lembrando que por mais que existam políticas para combater essa disseminação, é impossível pois existem plataformas no Indonésia e no Tibet, para compartilhar informações falsas. “Não podemos ter a ilusão de que a lei ou os políticos vão resolver esse problema, porque não vão”. Para ele, a fakenews é um jogo de poder político.

Fábio Gallacci: “Todos os problemas do Brasil tem como base a falta de educação, de interpretar situações, ter conhecimento sobre o seu passado” (Foto: Isabela Reis)

O repórter Fábio Gallacci comentou sobre a importância de jornalismo na geração do imediatismo, onde as pessoas acreditam na primeira informação que recebem.  “O difícil dever de enxugar gelo, porque vamos buscar informação, vamos apurar os fatos e vamos ser questionados, vamos mostrar que uma informação é verdade”, frisa ao lembrar que estamos rediscutindo a história do país.

Gallacci lembrou que hoje em dia todos podem se comportar como um jornalista. “Basta ter um celular, acesso às redes sociais e já pode compartilhar ‘notícias'”. Porém, ressaltou ser importante o uso da tecnologia para levar ao público os fatos como realmente aconteceram. “Só que existem pessoas mal intencionadas que usam essa tecnologia para manipular informação”, ressaltou.

Orientação: Profa. Rose Bars

Edição: Marina Fávaro

 


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