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Relatos dos torcedores destacam problemas de acessibilidade nos estádios localizados no interior de São Paulo
Por: Gabriel Arantes
A Copa do Mundo 2022 vai começar. Junto dela, diversas questões sociais envolvendo o país sede são debatidas na imprensa, fora das quatro linhas. Além disso, essa Copa promete ser a competição de maior acessibilidade dos últimos anos com rampas, salas sensoriais para crianças e jovens autistas, além de locais que permitem a este torcedor ter uma ótima visão do campo. Porém, se pensarmos longe deste âmbito internacional, veremos que não é bem assim.
No interior de São Paulo, diversos estádios apresentam falta de acessibilidade, afastando torcedores e, em determinados casos, fazendo com que os mesmo jamais queiram frequentar o estádio novamente. Moisés Lucarelli, Brinco de Ouro e Nabi Abi Chedid (Bragantino), são alguns dos locais considerados velhos e que não contribuem para a melhor experiência de todos os seus torcedores.

Para Sueli Gramari, torcedora da Ponte Preta, a ida aos estádios se tornou insustentável, uma vez que a mesma não consegue ter acesso pleno aos arredores do estádio e, dentro do estádio, passou por diversas dificuldades, como ela mesma conta, junto de seu irmão, Fernando Gramari, seu parceiro de ida aos estádios. Sueli teve sequelas por conta da poliomielite contraída aos 4 anos de idade, tendo que usar uma cadeira de rodas para se locomover.

“Passamos por diversas situações lá, podendo pontuar duas. Uma das vezes foi quando acharam que eu estava querendo se aproveitar do ingresso da minha irmã para assistir o jogo de um lugar melhor, sendo que eu estava acompanhando ela e nós havíamos comprado o ingresso. A outra foi quando a Sueli ficou presa em um dos bancos, pois não havia suporte para ela apoiar e foi necessária a ajuda de um dos jogadores, vendo a situação, para carregá-la até a saída do estádio”, conta Fernando.
Sueli ainda ressalta a tristeza que é, para ela, não poder acompanhar o time de perto, tendo que acompanhar pelo celular e alerta para o problema, que não é só nos estádios que se encontra.
“As ruas não tem acessibilidade, as boates não tem acessibilidade, nada tem, não é só no estádio da Ponte Preta que está o problema”. Sueli ainda complementa que o esporte, para ela, é uma chance de sair de uma bolha, as quais as pessoas com deficiência estão inseridas.
“O esporte tira a gente dessa bolha, faz com que a gente cure de uma depressão, que nos dá um ânimo diferente, torcer faz a gente ter uma sensação diferente, aquela agonia de ver o time perdendo ou ver o Brasil perdendo, o esporte é muito importante para nós.”

Junto do caso de Sueli, Leonardo, irmão de Marianina, teve seu caso veiculado por grandes veículos após se revoltar ao assistir um jogo, em Bragança, de seu time. O motivo foi o local em que foi colocado para assistir, que não dava para ver nada, além das pernas dos jogadores. Marianina contou as dificuldades que é assistir um jogo no estádio, com a falta de acessibilidade. Léo sofreu um acidente de asa-delta, ficando 3 meses vegetando e 8 meses em coma, até acordar.
“Nós temos que ligar para o clube e avisar que estamos indo para que eles disponibilizem um corpo de bombeiros para ajudar meu irmão, caso contrário, fica inviável ir, pois tem que carregar ele para chegar no lugar das cativas, porque são vários níveis de escada. Eles nos prometem mudanças, mas até agora, nada foi feito.”
No dia do acontecido, Nina não estava na cidade, mas recebeu diversas mensagens e, através de uma postagem da filha no Twitter, que o caso viralizou.
“Eu comecei a receber diversas mensagens e liguei para a minha filha, que foi quem tirou a foto, só então comecei a entender a situação e fiquei revoltada, assim como meu irmão. Só depois de viralizar que começaram a nos procurar e buscar soluções, é uma pena que as coisas só se resolvam dessa forma, mas enquanto não se torna público, são feito só alguns “cala-bocas” para dizer que estão mudando alguma coisa”, completou Nina.
Orientação: Amanda Artioli
Edição: André Romero
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