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Psicóloga e ativista Cida Bento defende que instituições públicas e privadas se abram à diversidade
Por: Pietra de Moraes
A psicóloga e ativista social Maria Aparecida da Silva Bento, professora visitante da Universidade do Texas, em Austin (EUA), defendeu a necessidade de as instituições públicas e privadas adotarem políticas de equidade para reduzir os processos de exclusão que atingem principalmente os pretos, indígenas, mulheres e quilombolas na sociedade brasileira. Diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), ong fundada em 1992, ela participou como conferencista do Café Filosófico, na quinta-feira (18), no auditório da CPFL-Campinas.
“O modelo que temos nas instituições brasileiras é homogenizador de um biotipo masculino, branco e cisgênero”, disse Cida Bento, nome pelo qual é conhecida. De acordo com ela, as pessoas que fogem deste padrão não alcançam posições de comando e, em muitos casos, sequer integram os quadros funcionais de empresas ou demais instituições corporativas. Essa padronização, segundo a ativista, não é representativa da diversidade brasileira, que é composta de mulheres e homens pretos, indígenas, quilombolas e a comunidade LGBTQUIA+.
Cida avaliou que este tipo exclusivista de organização “naturaliza a violência” praticada contra as parcelas excluídas. Ela se queixou também do poder judiciário, que protela decisões e arquiva processos, deixando sem punição os crimes cometidos contra cidadãos que fogem ao padrão dominante. “O judiciário precisa olhar para si próprio”, avaliou ao ponderar que “precisamos reconstruir o tecido social, hoje esgarçado pela violência e desigualdade”.
De acordo com a ativista, as chamadas minorias deverão aumentar, com as eleições deste ano, sua participação nos poderes legislativo e executivo, cabendo garantir-lhes segurança para o exercício de suas funções. Cida citou a vereadora Marielle Franco, envolvida com a luta pelos direitos humanos no Rio de Janeiro, assassinada em março de 2018, sem que, até agora, os mandantes do crime tenham sido revelados à nação.
“A diversidade deve ser incorporada na sociedade”, argumentou Cida ao considerar que sem essa pluralidade nas instituições não será possível construir “um país democrático que pense na natureza, no outro, no periférico, no homossexual, na mulher e no preto”. Com a pluralidade e diversidade, cria-se um olhar crítico, para o que Cida chama de “bem viver”.
O “bem viver”, para a doutora em psicologia pela Universidade São Paulo (USP), refere-se à adoção de políticas afirmativas que pensam em coletivos como um todo, sem discriminar nenhum indivíduo. Cida ponderou também que diversidade, equidade e democracia, andam juntas. “Basta as instituições entenderem verdadeiramente a história, compreender o nosso lugar”, disse ao ressaltar que, em 500 anos da história brasileira, 400 foram de escravidão da população negra e massacre da comunidade indígena.
Aqui, acesso à conferência de Cida Bento no Café Filosófico.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Bruno Brighenti Perez
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