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O comportamento dos animais se alterou depois que o online foi abolido no pós pandemia
Por: Raphaela Vitiello
Era comum que antes da pandemia, iniciada em março de 2020, os animais domésticos só vissem seus donos de manhã, antes de irem trabalhar e quando voltavam, geralmente de noite. Com a entrada da pandemia e imposição de distanciamento que resultou em isolamento social, os donos de pet trocaram seus trabalhos externos por home office, as saídas aos final de semana por filmes em casa e as festas por encontros on-line. Essas mudanças resultaram em animais perto de seus donos por mais tempo.
Mas em 2022, com o aumento da cobertura vacinal no mundo, as festas, formaturas, trabalhos e rotina presencial voltaram. Com essa nova realidade o que aconteceu foi a abolição do distanciamento social entre as pessoas, mas a distância entre animais e seus donos. E esse cenário resultou em muitos animais de estimação com ansiedade e depressão, por não entenderem a razão de seus donos permanecerem muito tempo longe de casa.
Nádia Daniela é pet sitter (babá de pet) e acompanhou animais na pandemia e nesse momento pós. Percebe nitidamente a mudança no comportamento dos animais de estimação. Ela diz que “Os pets são como nós, quando ficamos ociosos geralmente desenvolvemos ansiedade. O fato de eles ficarem mais tempo sozinhos faz com que fiquem entediados e automaticamente, depressivos”.
Para contornar a situação dos bichos de estimação, ela explica que é importante contratar uma babá de animal para que ela o entretenha. Outra opção é levar para passar o dia em hotéis pets, para que haja uma socialização entre eles. E quem não tem condição de fazer nenhuma dessas opções, será necessário passear mais com o animal e intensificar as brincadeiras no dia-a-dia.
Alguns animais desenvolveram a chamada “ansiedade de separação” que é quando o pet fica muito acostumado a ficar na companhia de seu dono e quando o tutor fica longe, ele se sente mal. “Nessa ansiedade de separação o dono do pet não pode ficar um momento longe de seu animal. Se essa distância acontece, eles tentam pular o muro, derrubar porta, morder objetos da casa e acabam quebrando muitos móveis da casa”, completa Nádia.
Jéssica Castilho tem uma cachorra de estimação que se chama Mel. A tutora vê uma mudança de comportamento muito diferente de quando ficou dois anos em casa, junto do animal, comparando com agora, já que sai com mais frequência. “Ela não fica mais sozinha em casa, faz um estrago toda vez que deixávamos ela só. Comia parte da cama, cobertores, almofadas, decoração da casa”. O comportamento da Mel assustava Jéssica, “fica muito ofegante, chora uiva e vemos no olhar dela como está estressada”, desabafa.
A tutora já tentou várias técnicas indicadas para acalmar, como remédios e florais naturais, mas nada resolveu. Após oito meses da Jéssica insistindo em técnicas para acalmá-la sem sucesso, ela desistiu de continuar tentando. “Quando eu saio deixo a Mel com a Nádia que faz trabalho de pet sitter, porque fico tranquila porque sei do cuidado dela com o animal. Como ela conhece o comportamento da Mel, isso me tranquiliza e eu posso sair com a consciência limpa”, diz.
Mayara Silva é médica veterinária e comenta como o número de animais ansiosos aumentou em seu consultório. “A cada cinco animais que atendo, três estão com sintomas ansiosos”. Ela notou isso nesse período em que os tutores deixam seus animais mais sozinhos, comparando com o momento mais crítico da pandemia. Quando os pets são levados para o consultório da Mayara, ela percebeu o sintoma mais comum entre os animais ansiosos. “A lambedura é o sintoma de ansiedade mais comum quando o tutor traz seu pet aqui. O animal se deita ou se senta e lambe suas patinhas sem parar”. E muitas vezes por ser um ato silencioso, o tutor não percebe essa ação no pet.
A médica ressalta levar o animal no veterinário regularmente ou quando apresentar alguma diferença no comportamento. Com a inovação no mercado, outra recomendação de Mayara é que os tutores façam o “enriquecimento ambiental”, que é o ato de você investir no habitat do animal com brinquedos e objetos para entretê-los. “O que eu mais recomendo são os mordedores naturais, que nada mais são do que partes de outros animais –chifres de boi, orelha de porco, por exemplo –secos de uma forma que os animais domésticos sintam o cheiro e o prazer de brincar”, comenta a veterinária.
Orientador: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Sophia de Castro
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