Destaque

Campinas tem primeira transmissão de rádio há 89 anos

Comemora-se 100 anos do rádio no país, que hoje possui mais de nove mil emissoras

Por: Vinicius Souza

“O rádio é o jornal de quem não sabe ler, é o mestre de quem não pode ir à escola, é o divertimento gratuito do pobre”.  Essa frase é do antropólogo, escritor, médico e pesquisador de radioeletricidade carioca Edgard Roquette-Pinto, considerado o pai do rádio no Brasil. Há 100 anos, no dia 7 de setembro de 1922, acontecia a primeira transmissão de rádio no Brasil, durante as comemorações do Centenário da Independência, no Rio e em São Paulo, onde foi transmitido o discurso do então presidente Epitácio Pessoa.

O dirigente da Rádio Brasil, Felipe Zangari, destaca a proximidade do rádio com o ouvinte (Foto: Arquivo pessoal) 

Segundo Felipe Zangari, dirigente da Rádio Brasil Campinas AM, o rádio sempre teve papel de protagonismo no jornalismo. “O rádio foi se construindo nesses 100 anos com muito destaque. Pelo menos por 30 anos como principal meio de comunicação”.

Início – Onze anos depois da primeira transmissão no Brasil, em 1933 é inaugurada a primeira rádio em Campinas, a Rádio Educadora, a atual rádio Bandeirantes AM. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert), mais de nove mil emissoras operam em todo o território brasileiro com uma cobertura de 83,8% dos domicílios. 

Segundo Ivete Cardoso do Carmo Roldão, doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e ex-professora de jornalismo da PUC – Campinas, o rádio adquiriu força após os anos 30. “As estações de rádios, até a década de 30, eram na grande maioria sociedades, grupos de amigos e familiares que realizavam experimentos com transmissões de radiodifusão. A partir de 1930, com a regulamentação do rádio pelo governo Vargas e pela autorização de propaganda, que o rádio se desenvolveu como meio de comunicação em massa”.

Ivete Roldão lembra que o rádio surgiu para ser um veículo educativo (Foto: Arquivo pessoal)

Ivete ainda afirma que em seu início o rádio não tinha segmentação e era muito diverso. “O rádio surgiu para ser um veículo educativo. O livro para quem não sabe ler. E em seu início não tinha segmentação, era diverso, com programas de auditório, radionovelas, programas policiais. Foi durante a Segunda Guerra Mundial que a rádio ganhou impulso como meio jornalístico. Mas em seu início, o rádio era uma coisa muito cultural e diversa, e o jornalismo era uma parte dessa diversidade”.

Atualmente, o rádio é o meio de comunicação mais confiável quando se trata da divulgação de notícias, segundo pesquisa realizada pela XP Investimentos e o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) no ano de 2019. Mas nem sempre foi assim. Segundo Felipe Zangari, “o rádio enquanto veículo só foi evoluindo conforme a tecnologia, com criação e barateamento de receptores. As primeiras intenções eram se divertir, somente após alguns anos que o jornalismo percebeu o rádio como meio”. 

Campinas – Durante as décadas de 40 e 50, Campinas passava por transformações. O plano Prestes Maia entrava em vigor, com o objetivo de realizar uma reforma urbanística na cidade, que estava em desenvolvimento. Na década de 50, nesse contexto de mudanças e expansão urbana, foi inaugurada a Rádio Brasil, uma das mais importantes rádios campineiras. Já nas décadas de 70 e 80, o rádio teve ascensão na cidade. “Tinha-se a Rádio Cultura, Rádio Brasil, Rádio Educadora, Rádio Centro e, na década de 90, é inaugurada a Rádio CBN, com o modelo all news, com programação jornalística 24 horas, e é nesse contexto de efervescência que se revelam grandes nomes do rádio e do jornalismo”, lembra Ivete.

A professora ainda destaca o fato de Campinas ter sido prejudicada por estar perto de São Paulo. “Campinas estava fora do eixo Rio – SP, mas ainda sim se destacava no meio do rádio. Porém, por estar perto da capital São Paulo, teve certo prejuízo. Ouvintes daqui preferiam ouvir as estações da capital”.

Futuro – Sobre o futuro do rádio, o radialista Felipe Zangari se mostrou otimista. “Mudou o jeito de ouvir, mas permanece a necessidade de ouvir. O rádio se destaca pela proximidade com o ouvinte, você pode ouvir rádio enquanto faz qualquer coisa ou vai a qualquer lugar. Já está acontecendo à migração de AM para FM, já temos novos modelos de transmissão, como podcasts, áudio e vídeo, coisas que há pouco tempo atrás não se tinham”.

Já para Ivete, o rádio virou um grande prestador de serviços, e deve procurar manter seu espaço. “A internet não é um meio para o rádio se reinventar, mas sim um meio para continuar vivo. O rádio sempre teve seu papel no jornalismo e espero que continue tendo”.

Orientação: Profa. Rose Bars

Edição: Oscar Nucci


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