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Cães-terapeutas ajudam no tratamento de pacientes em Campinas

Treinamento é realizado por veterinários e voluntários da ONG ATEAC; animais criam vínculos com internos

Por: Gabriely Ártico

Uma vez por semana, a psicóloga Helena Gomes, de 47 anos, visita os pacientes do Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CAPSIJ), em Campinas, acompanhada dos cães Aurora, Dom e Alba, que atuam como terapeutas do Instituto para Atividade, Terapia e Educação Assistida por Animais de Campinas (ATEAC), uma ONG que atua desde 2004 em alguns hospitais e centros sociais da cidade. O objetivo é auxiliar nos tratamentos de adultos e crianças, pacientes de psiquiatria, oncologia e demais áreas da saúde.

Psicóloga Helena Gomes realizando atendimento um cão-terapeuta (Foto: Arquivo pessoal ATEAC)

Os cães-terapeutas são treinados pela ONG desde filhotes ou até mesmo já em idade adulta. Com o labrador Baco, cão-terapeuta já “aposentado” de Helena, a história começou em 2011. Baco foi adotado por Helena através de uma voluntária da ONG e logo depois que passou por um adestramento e atividades educadoras para cães, realizadas em casa ou através de seu convívio social.

Ele iniciou em 2012 sua carreira como terapeuta em um abrigo para crianças, em Campinas. Depois de passar por diversas instituições, incluindo o Hospital das Clínicas da Unicamp, Baco firmou-se no atendimento de adolescentes e crianças do CAPSIJ, onde, segundo Helena, ele cresceu ao lado de várias crianças internadas no centro. O ‘terapeuta’ se aposentou em 2020, com a chegada da pandemia, em função da idade avançada: Baco está com 11 anos. Segundo sua tutora, ele cumpriu honrosamente sua missão como cão-terapeuta.

Vínculo

Os cães-terapeutas atuam nos hospitais em três frentes: na Terapia Assistida por Animais (TAA), na Educação Assistida por Animais (EAA) e na Atividade Assistida por Animais (AAA). Na ATEAC, os animais trabalham somente com a terapia e as atividades. Cada animal é acompanhado nos hospitais por um voluntário da ONG, que pode ser o próprio tutor ou um funcionário da ATEAC.

O cão-terapeuta Baco acompanha a psicóloga Helena Gomes em um atendimento virtual (Foto: Arquivo pessoal ATEAC)

Graças ao treinamento oferecido pela ONG e as características dóceis dos animais, que podem ser de raça definida ou não, os cães criam vínculos com os pacientes. “Às vezes nós, seres humanos, tentamos fazer coisas mirabolantes nos atendimentos, enquanto os cães criam uma conexão que não precisa de tanto, o que torna o tratamento mais fácil”, explica Helena.

Antes da pandemia de Covid-19, a ATEAC costumava levar os cães uma vez por semana ao Hospital Mário Gatti, em Campinas, onde tinham contato com crianças e adultos. Mas com as medidas sanitárias impostas pelas autoridades, a ONG teve que interromper o atendimento presencial. “A gente continuou atendendo e fazendo o trabalho mas pela internet, no CAPSIJ. Era muito bacana, porque os voluntários se conectavam e as crianças faziam as atividades com os cães-terapeutas acompanhando pelas câmeras”, explicou a psicóloga.

Helena lembra de um paciente que a emocionou nos atendimentos. Há seis anos o grupo atendeu uma criança do CAPSIJ que não tinha comunicação nenhuma. Ela não falava nada […]”, conta a terapeuta. Com a chegada de Baco, no entanto, a situação mudou. “Primeiro, a criança começou apontando para as coisas que queria; depois, dando os comandos para o cachorro e, por fim, começou a conversar conosco. Foi lindo de ver”.

Treinamento

A preparação dos cães é feita inicialmente por veterinários, que fazem testes de comportamento e exames de saúde. Após a confirmação de que estão aptos para o trabalho, os animais passam por uma adaptação com os outros cães-terapeutas nos locais que costumam visitar. Somente após este treinamento eles começam a participar das atividades da ONG.

Ainda de acordo com a psicóloga, qualquer animal pode ser terapeuta, contanto que passe nos testes de comportamento e de saúde. “Na ATEAC atendemos somente com cães, mas já vi vários outros animais atendendo, como calopsitas, coelhos, gatos e até mesmo escargots”, explica.

A expectativa de Helena é que, no futuro, a Terapia Assistida por Animais e as Atividades Assistidas por Animais se popularizem cada vez mais. “O acompanhamento dos animais de assistência – uma categoria totalmente diferente do que há na ATEAC, como cães para pessoas com deficiência visual, por exemplo – cresceu muito no Brasil nos últimos 10 anos. Acredito e espero que para o futuro continue se popularizando mais”, finaliza.

Para se tornar um voluntário da ATEAC, com cão-terapeuta ou sem o animal, basta contactar a ONG nas redes sociais, através do Instagram ou Facebook e enviar uma mensagem solicitando as informações para o processo de voluntariado.

Orientação: Profa. Cecília Toledo

Edição: Oscar Nucci


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