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Isolados, jogadores de RPG migram para a plataforma Discord e continuam suas partidas
Por André Romero e Gabriel Domingos
Toda a semana a reunião acontecia na casa de um dos participantes. Um jogador levava o tabuleiro, outro os dados. As comidas e bebidas eram de responsabilidade do anfitrião. Sentados em círculo, começavam a jogar. Esta era a rotina dos praticantes de RPG (role-playing game) de mesa. Com a chegada do coronavírus e o isolamento social, as reuniões tornaram-se menos frequentes e o tabuleiro ficava na caixa. A saída para os jogadores foi a adaptação para o meio digital, com plataformas gratuitas e pagas, numa plataforma frequentemente usada por gamers, o Discord.
Esse é o caso de Aureo Augusto Xavier, jogador frequente desde os 16 anos. Responsável pelo servidor digital Heróis de Papel, na plataforma Discord, Xavier diz que além do isolamento social, o anseio por disseminar o jogo e trazer mais pessoas para esse universo foram os principais fatores para o uso do formato on-line. “Eu queria uma coisa mais intimista e com menos cara de RPG old school (à moda antiga), tentar dar uma cara mais de leve e divertida para trazer uma galera mais nova, além de ajudar a comunidade no Brasil”, disse. Segundo ele, as partidas on-line possibilitam a utilização de recursos mais acessíveis e abrangentes, sem a necessidade dos jogadores possuírem materiais físicos para começarem uma jogatina.
O role-playing game de mesa surgiu oficialmente em 1974 com o lançamento de Dungeons & Dragons (D&D), jogo feito pela empresa Tactical Studies Rules Inc (TSR). Apesar de se assemelhar a outros jogos de tabuleiro, o RPG é muito mais amplo: nele o participante não é apenas um pino se movendo em quadrados, mas sim um personagem, com emoções, falas e habilidades enquanto atravessa um mundo fantástico. Os jogadores se reuniam nas casas um dos outros e, em volta de uma mesa, entre dados e mapas começavam a jogar. Cada partida é uma narrativa diferente com personagens distintos, e dependendo da abrangência da história, há a necessidade de mais encontros.
Apesar de atualmente as sessões serem organizadas de forma on-line, o jogo continua o mesmo. Além da comunicação se manter através de um aplicativo, como o Discord, os jogadores preenchem as fichas de personagens em um documento PDF e as enviam para o mestre da partida, ao invés da tradicional anotação em papel e caneta. O mestre consegue criar canais separados para enviar mensagens à jogadores específicos e publicar imagens que ilustram um cenário do jogo ou personagens não controláveis. Os servidores on-line permitem uma maior interatividade com pessoas variadas de diversas partes do mundo.
O servidor Heróis de Papel conta com 100 integrantes, sendo um deles Luan Sousa Coelho, jogador há aproximadamente 5 anos, que também transitou para o modelo virtual. “Jogava presencialmente outros estilos nos quais não possuíam muitas regras, porém, durante a pandemia, procurei novas formas de jogar e encontrei Heróis de Papel e jogo até hoje”, relatou.
Segundo ele, o RPG o ajudou no desenvolvimento de sua criatividade e capacidade para trabalhar em equipe. “Entendi a importância do trabalho em equipe para a resolução de problemas, com cada integrante expressando seu ponto de vista de forma respeitosa”, salientou.” Para Xavier, o jogo diminuiu a timidez presente na infância. “Antigamente, conversava olhando para o chão. O role-playing game ajudou a me soltar um pouco mais, estimular a criatividade e perder minha vergonha.”

Personagem – Uma das etapas mais divertidas antes do início da partida é a criação do seu personagem, é o momento de decidir como será sua história, características físicas e principalmente sua personalidade. Se ele será humano ou uma criatura, herói ou vilão e se usará armas ou poderes são decisões importantes para se tomar com calma, já que após a partida começar você terá que levá-lo até o final da história.
Yasmin Nasser Omar Abed joga RPG há aproximadamente três anos e, hoje em dia, participa de várias mesas no servidor Heróis de Papel. Segundo ela, a melhor forma de criar um personagem é dando a ele profundidade. “Nessas histórias, o detalhe principal são os motivos, os ideais que esse personagem tem, o por quê que ele é ou não aventureiro, o por quê ele age de tal forma. A personalidade que ele tem deve ter uma razão e uma história por trás’’, disse.
Seja um mestre – Nesse jogo é possível tornar-se um mestre em role-playing game. Os mestres não participam da história junto com os demais personagens, pois são os responsáveis por criar as narrativas e conduzir os outros participantes até o final da partida. Diellyc Heredia de Castro joga há quatro anos sendo três deles de forma on-line. Ele é mestre em duas mesas de RPG do servidor Heróis de Papel e em breve conduzirá sua terceira partida. Segundo Diellcy, a melhor dica para alguém que deseja se tornar um mestre é que nunca vai estar completamente preparado. “RPG é um jogo que estimula muito a criatividade, improvisos, adaptações, alterações de última hora, são coisas fundamentais para o mestre. Por mais estranha que as escolhas dos seus personagens sejam, deixe os jogadores terem escolhas”, ressalta.
Orientação: Profª Rosemary Bars
Edição: Letícia Almeida
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