Destaque

Nova rotina presencial exige readaptação das mães

Profissionais comentam sobre o retorno ao trabalho presencial

Por: André Brito

Com os vários setores público e privado da economia searticulando para a volta as atividades presenciais na Região Metropolitana de Campinas, a população estará novamente exposta a uma nova adaptação da rotina. Enquanto algumas empresas se preparam para a volta gradual, outras estão aplicando formas de trabalho híbrido (períodos em home office alternados com períodos presenciais).

Dentre todos os perfis de colaboradores, uma parcela que merece destaque é o das mães, que, de acordo com o IGBE (Censo de 2019), corresponde a 54,6% da população de mulheres atuantes no mercado de trabalho no Brasil. Durante a pandemia, as profissionais com filhos enfrentaram o desafio de trabalhar, cuidar da casa e dos filhos simultaneamentedevido aos períodos de isolamento social.

Esta foi a realidade da Marly Araújo Bello, profissional do ramo da administração que se tornou mãe em janeiro de 2020, meses antes do início da primeira fase de isolamento no Estado de São Paulo. Para ela, os primeiros meses de isolamento contribuíram para uma aproximação maiorcom sua família, o que a fez sentir dificuldades no retorno presencial que ocorreu de forma híbrida (de uma a três vezes na semana) em agosto de 2020, e se transformouem jornada presencial total. “Chorei bastante um dia antes de voltar a trabalhar. Minha sogra me dá todo o suporte e meu marido é realmente parceiro. Tenho uma estrutura privilegiada”, contou Marly. Contudo,ela ressalta que o trabalho presencial trouxe benefícios na sua relação familiar e garante que o mais importante não é a presença maternal a todo momento e sim momentos de dedicação total à família em horários livres.

De acordo com o psicólogo da Unidade de Pronto Atendimento da cidade de Valinhos, Bruno Vinicius Marostica Mamprin,o retorno presencial pode contribuir para a diminuição significativa dos níveis de ansiedade dos profissionais,além do alívio de outros distúrbios agravadosnos períodos de isolamento social causados pela pandemia da Covid-19. Outro fator destacado pelo profissional é o aumento da carga de trabalho, tanto profissional quanto caseira, que contribuiu para umapiora do cenário. Para que o retorno das atividades presenciais seja bem-sucedido, o psicólogo alerta que as profissionais precisam ser ouvidas pelos empregadores e suas opiniões devem ser levadas em consideração para garantir o retorno, sem que haja sofrimento por parte das mães e dos outros integrantes da família que se habituaram à rotina dos últimos meses.

Thaís Ramuce Ferreira, que trabalha há 10 anos na área de recursos humanoscomplementa a afirmação do psicólogo dizendo que o fim do home office é um desdobramento natural da reabertura de escolas e associada a questões cultura corporativa. “Acho que o interesse em voltar ou não ao presencial, vai de cada colaborador e de como a empresa gerencia o home office. Tem pessoas que preferem o presencial, pois gostam do contato pessoal (relações interpessoais), ou não tem estrutura para o home office em casa. Porém, a empresa que deseja ter um home office eficiente, deve também oferecer ferramentas para tal. Muitos gestores, por exemplo, que apresentam resistência ao modelo, têm dificuldade de gerenciar colaboradores a distância que acabam sentindo que têm menos informações ou feedbacks”, diz Thais Ferreira.

Orientação: Profª Amanda Artiolli
Edição: Caroline Adrielli


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