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Mulheres são 12,5% nas câmaras municipais da RMC

Das 296 cadeiras, apenas 37 são ocupadas por vereadoras, como Silene Carvalini e Mariana Conti

Mariana Conti (PSOL): “Infelizmente, esse ainda é um ambiente extremamente machista”. (Foto: Arquivo Pessoal)

Por: Beatriz Mota e Giovanna Langella

As cinco maiores cidades da Região Metropolitana – Campinas, Sumaré, Indaiatuba, Americana e Hortolândia – juntas, contam com onze mulheres eleitas vereadoras no mandato atual. Das 296 cadeiras das câmaras da RMC, apenas 37 são ocupadas pelo gênero feminino. Exatamente um ano após serem eleitas e prestes a serem completados 90 anos do direito ao voto feminino, o Digitais procurou as vereadoras mais votadas das cinco maiores cidades da RMC. Elas falam sobre o primeiro ano de mandato e das principais dificuldades e situações enfrentadas em um ambiente dominado por homens.

Sumaré, a segunda maior cidade da região, no atual mandato, não elegeu nenhuma mulher, assim como as 21 cadeiras do legislativo local foram ocupadas exclusivamente por homens no mandato de 2017-2020.

Em Campinas, apenas 4 cadeiras da Câmara Municipal são ocupadas por mulheres, entre as 33 existentes. Mariana Conti (PSOL), de 35 anos, foi a vereadora mais votada da cidade, recebendo 10.886 votos. “A Câmara de Campinas reflete exatamente a baixa representatividade feminina na política brasileira. Infelizmente, esse ainda é um ambiente extremamente machista”, avaliou a parlamentar.

Mariana conta que em seu primeiro mandato como vereadora, entre 2017 e 2020, situações de machismo e sexismo eram recorrentes no ambiente político, principalmente com pautas polêmicas que levava à discussão na Câmara. “Foram várias as vezes que eu subia na tribuna para falar e os vereadores começavam a falar alto, davam risada. Quando eu discordava de alguma posição, tentavam me desqualificar, como se eu não entendesse do que estava falando”, disse em entrevista ao Digitais. Segundo ela, isso aconteceu principalmente na primeira legislatura. “Me sentia como se estivesse dando murros em ponta de faca. Mas o resultado da eleição mostrou que muita gente estava me ouvindo”.

Silene Carvalini (PP): “A mulher, onde atua, faz a diferença e hoje pode estar atuando em qualquer área” (Foto: Arquivo Pessoal)

Na cidade de Indaiatuba, a enfermeira Silene Carvalini (PP), de 51 anos, foi a mulher eleita vereadora que recebeu mais votos – 2.206 no total. Além dela, há apenas mais uma outra vereadora entre as doze cadeiras da Câmara. “Ainda é um espaço muito pequeno perto do número de mulheres que temos no país, mas acredito que isso tem aumentado e mais mulheres têm se interessado por política”, ponderou Silene. 

A vereadora também avalia como uma sociedade machista interfere na participação feminina no meio político. “Sabemos o quanto é difícil conciliar a vida pessoal, trabalho, legislatura, a casa e, muitas vezes, esse se torna o ponto que faz muitas mulheres não participarem. A mulher, onde atua, faz a diferença e hoje pode estar atuando em qualquer área”, refletiu. 

Nas eleições de 2020, a taxa de zero representatividade feminina na política caiu em 343 municípios. Nas últimas eleições, em 2016, cerca de 1,2 mil casas legislativas do país não contavam com nenhuma parlamentar mulher. Agora são 948 nessa condição. Uma delas é Sumaré, que não tem mulheres ocupando nenhuma das 21 cadeiras nas duas últimas legislaturas. 

Número de vereadoras na RMC (Fonte: Sites das Câmaras Municipais das cidades da RMC) (Gráfico: Beatriz Mota)
Vereadores eleitos na RMC (Fonte: Sites das Câmaras Municipais das cidades da RMC) (Gráfico: Beatriz Mota)

As vereadoras mais votadas das cidades de Hortolândia, Marciene Ceará (Rede), e de Americana, Nathália Camargo (Avante), também foram acionadas. Em um primeiro momento aceitaram conceder entrevista, mas depois não retornaram mais os contatos feitos pelo Digitais para participarem desta reportagem.

Para a socióloga Maria Angélica Martins, mestre em Ciências da Religião pela PUC-Campinas, é necessário que sejam implementadas políticas públicas que busquem reparar discriminações histórica e socialmente construídas. “É preciso estabelecer igualdade entre homens e mulheres, considerando as necessidades e características de cada gênero”, avaliou. 

Orientação: Profa. Ivete Cardoso Roldão

Edição: Fernanda Almeida


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