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Em 12 anos aumentou 223% o número de crianças especiais matriculadas na rede pública estadual
Por: Anna Luiza Scudeller
Diferentemente do que está pretendendo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, a Comissão Permanente de Educação e Esportes da Câmara de Campinas iniciou debates para melhorar as condições de inclusão das crianças especiais na rede de ensino do município. “Não é desta maneira que pensamos educação, muito menos educação especial”, criticou o diretor pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, Luiz Roberto Marighetti, ao lamentar as afirmações do ministro, segundo quem as crianças com déficit cognitivo atrapalham o bom funcionamento da sala de aula.
“Precisamos discutir o que isso significa para o direito das crianças, não de uma escola que inclua, mas de uma escola que é feita para todos”, prosseguiu Marighetti, em reunião realizada na quarta (29), na Câmara de Campinas, à qual compareceram representantes de unidades e gestão de ensino convidados a debater o tema.
Segundo informou o diretor de ensino das unidades da região oeste do município, Wagner Alexandre Barbosa, o número de estudantes especiais na rede pública do estado de São Paulo aumentou 223% entre os anos de 2008 a 2020. A demanda – segundo disse – implica em ampliar a estrutura hoje existente. Em Campinas, o quadro aponta a necessidade de contratar pelo menos 20 novos profissionais de educação especial, segundo estimou a coordenadora pedagógica Eliana Cunha, do Núcleo de Educação Especial, que atualmente conta com 141 profissionais atendendo 1.429 alunos.
Na reunião de quarta, o presidente da comissão permanente do Legislativo, Gustavo Petta (PC do B), também lamentou as declarações do ministro, o que disse considerar um retrocesso em relação à legislação federal para educação inclusiva, aprovada em 2001. “Não é dessa maneira que pensamos educação, muito menos a educação especial”, emendou Marighetti ao ponderar que a aceitação do diferente é inerente ao processo pedagógico.
Convidado a participar da reunião, o professor Marcos Roberto Marcio, diretor pedagógico da Escola Comunitária de Campinas – uma das mais experientes em processos inclusivos entre as escolas da rede privada do município — enfatizou a necessidade de existir o convívio com a diversidade. Segundo Marcio, a grande questão é vencer o preconceito, para assim poder entender “que todos somos diferentes”, que o convívio é necessário, além de ser um exercício único ter a diversidade em ambiente escolar.
Representando o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Edson Galdino contou sua experiência enquanto cego, e relatou ter estudado em escolas comuns com pessoas sem deficiências do primário ao ensino superior, o que teria sido muito importante na sua formação. “Senti na pele as dificuldades que nós tínhamos e temos ainda. A gente, que passou por essas dificuldades, por esses desafios, e de certa forma conseguiu superar, é uma vitória, mas o caminho não é fácil”, disse.
Segundo esclareceram os funcionários da Secretaria de Educação, o órgão está estudando a possibilidade de unificar as regulamentações de acessibilidade conquistadas até o momento. É o caso do transporte adaptado e das salas de recurso, mas ainda não está definido por qual instrumento isso seria feito.
Mariguetti e Cunha confirmaram que kits de livros adquiridos recentemente pela Prefeitura ainda não foram pensados para garantir acessibilidade, porém, é possível garantir a adaptação dessas obras, que é feita pelo Centro de Produção de Material Adaptado (Cepromad), em atuação desde 2016. A vereadora Guida Calixto (PT) questionou a testagem de proficiência dos intérpretes de libras concursados, em função de alguns terem tido problemas com desenvoltura na sala de aula. Cunha respondeu que o concurso ocorreu duas vezes, e que na primeira vez não houve testes do tipo.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Fernanda Almeida
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