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Contato direto com cães auxilia em aspectos físicos e emocionais do paciente
Por Oriana Suprizzi
Diante do cenário pandêmico, que causou alterações na rotina de pessoas ao redor do mundo e elevou níveis de estresse, tristeza e solidão, gerando um crescimento dos transtornos mentais, tratamentos como a terapia assistida por animais (TAA), método de terapia que consiste no contato com animais, tem se mostrado eficientes aliados no tratamento desses pacientes.
De acordo com Helena Gomes, psicóloga e coordenadora técnica do Instituto para Atividades, Terapias e Educação Assistida por Animais de Campinas (Ateac), organização não governamental que realiza terapia assistida por animais em hospitais, instituições e centros de saúde da região de Campinas, a principal característica desse tipo de atendimento é a realização de atividades lúdicas que, com a supervisão e orientação de um profissional, têm o cão como elemento central.
Segundo ela, o contato direto com o animal é justamente o fator diferencial desse tipo de tratamento de transtornos mentais. “Os aspectos emocionais estão diretamente relacionados com as atividades, portanto, os ganhos ocorrem com a mudança das interações sociais, o modo de ver a si, a memória, os afetos. Há ganhos nos aspectos físicos e de saúde do paciente”, explica.
Entretanto, o adestrador e cinotécnico Hélio Rovay Junior, presidente da Medicão Brasil, projeto social e voluntário de TAA que conta com mais de 80 voluntários e 40 animais, destaca que a intervenção assistida por animais não funciona como um remédio, mas sim como uma ferramenta catalisadora para o tratamento. “O cão consegue fazer uma ponte entre nós, voluntários, e os profissionais da saúde, como psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, para auxiliar no tratamento desses pacientes”, esclarece.
Os resultados dessa ferramenta, por sua vez, têm se mostrado muito satisfatórios. Apesar de variar de paciente para paciente, a evolução geralmente é gradativa, demonstrando resultados positivos desde as primeiras sessões. Rovay Junior afirma que a TAA sempre funciona, variando apenas na intensidade dos resultados. “Existem pacientes em que notamos um resultado imediato, instantâneo, e outros a médio e longo prazo. Os próprios profissionais da saúde relatam que, com o auxílio do animal, situações que às vezes levariam meses para conseguir uma evolução, são resolvidas em questão de minutos”, afirma.
Para a psicóloga, o vínculo estabelecido entre o animal e o paciente é o principal responsável pela evolução no tratamento de transtornos mentais, como a ansiedade e depressão. Segundo ela, com essa interação, o paciente desenvolve maior autonomia para fazer as atividades do dia a dia, eleva a percepção do que ocorre ao seu redor e lida melhor com as emoções. Além disso, a TAA também trabalha questões físicas e posturais, que mudam com o desenrolar das atividades.
O cão no ambiente domiciliar
Além da importância durante o desenvolvimento da TAA, a presença do animal em casa também é uma importante aliada para esses pacientes. Foi a perda do contato direto com os cães que fez a estudante de jornalismo Yasmin do Amaral perceber o quanto os animais contribuíam na evolução do seu tratamento de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. “Quando eu estava com os meus cachorros, percebia que meus problemas sumiam, meu humor mudava, eu acordava feliz, tinha motivação para acordar e para estar ali, por causa deles. Em agosto de 2018, me mudei para Campinas e aí veio o baque. Percebi o quanto eles faziam falta na minha vida e na minha cura. Meus tratamentos pararam de funcionar”, relata.
De acordo com a psicóloga Helena Gomes, mesmo no ambiente domiciliar, a presença de animais é extremamente importante para o tratamento desses transtornos mentais. “O cão em si, de uma maneira ainda que inconsciente, nos faz bem, desde brincadeiras, demonstrações de afeto sem qualquer motivo, risos espontâneos, cuidados que temos com nós e eles e porque não dizer também que dão um significado para a nossa vida”, destaca.
Para Amaral, a reinserção dos animais em seu cotidiano foi essencial para que os tratamentos voltassem a ter o efeito esperado. Além da presença do cachorro, que por si só já transmite amor e felicidade, a estudante ressalta que os cuidados com o animal também motivam a execução de tarefas diárias, como as caminhadas para levá-lo para passear. “Quando você tem um cachorrinho você se vê obrigado a ter que brincar com ele, e isso vai te liberar mais felicidade, você tem que caminhar com ele, dar comida, água, cuidar. Você tem um compromisso, então se sente vivo. O animal preenche aquilo que falta”, afirma.
O adestrador e cinotécnico destaca também que a presença do animal em casa contribui tanto para auxiliar nos tratamentos relacionados à saúde mental como para prevenir o surgimento desses transtornos, sobretudo no contexto de isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19. De acordo com ele, as adoções e compras de cães aumentaram expressivamente durante esse período, demonstrando o papel determinante dos animais na manutenção do bem-estar humano.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Luiz Oliveira
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