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Para o educador Roberto Lent, imprensa deveria criar editoria especializada em coberturas educacionais
Por: Vitória Landgraf
“A educação tem ciência, ela não é uma atividade intuitiva e improvisada. É feita a partir de critérios científicos”, defendeu o coordenador da Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CeP), Roberto Lent, referindo-se à falta de divulgação e debates com a população a respeito de conteúdos científicos no campo da educação. Segundo ele, existe um esforço crescente para a divulgação científica muito maior para o lado da saúde e, consequentemente, a educação não têm recebido atenção adequada por parte da imprensa.

A afirmação de Roberto Lent, membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), foi feita durante o seminário remoto “Uso de Evidências e Dados para a Melhoria da Educação Nacional”, realizado no canal do Youtube da Fapesp, nesta quarta (20). Ele participou do evento ao lado do secretário de Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, e do sociólogo Simon Schwartzman, pesquisador associado do Instituto de Estudos de Política Econômica – Casa das Garças, no Rio de Janeiro, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em sua participação, Lent apontou a necessidade de o jornalismo profissional passar a enxergar a educação como um produto científico e criar, nos principais jornais do país, uma editoria sobre o assunto. “Hoje, as pesquisas sobre a vacina só tiveram uma adesão recorde porque os voluntários, através do jornalismo e divulgação correta, aderiram à validade da vacina como um produto da ciência. Precisamos fazer o mesmo com a educação”, afirmou.
“O Brasil não fala de educação”, também ponderou Rossieli Soares ao denunciar o descaso do atual Governo Federal e demais autoridades políticas sobre o impacto da educação no desenvolvimento da nação. “Queremos falar do PIB, do desenvolvimento econômico, da crise econômica, do desemprego… mas é zero as discussões da importância das políticas educacionais nos diversos setores e na sociedade como um todo”, explicou ele.

Para o sociólogo Simon Schwartzman, não basta apenas a divulgação de evidências científicas, mas também eficiência na produção de dados confiáveis na área educacional. Ele usou como exemplo o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), que avalia a qualidade do ensino superior no Brasil, mas que – em sua visão – não apresenta indicadores corretos.
“É uma prova ampla, sem obrigação por parte dos alunos. Eles fazem de qualquer jeito. O resultado só diz que uma universidade está melhor em comparação com a outra, mas não fala se é a educação ideal”, observou Schwartzman.
O sociólogo também alertou para a importância da autonomia na gestão e interpretação de indicadores públicos. Para Schwartzman, quando apenas o Ministério da Educação produz, interpreta e publica os dados, é possível que os interesses políticos do governo influenciem nas políticas educacionais.
Segundo os debatedores, a existência de jornalistas e divulgadores especializados é imprescindível para a intermediação entre a linguagem técnica dos pesquisadores e a população em geral. “Precisamos fortalecer a ponte entre ciência, educação e sociedade. Devemos criar essa cultura e aumentar a capacidade de o país fazer uso de evidências para melhorar a qualidade do ensino”, defendeu Schwartzman.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Fernanda Almeida
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