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Dinho Lascoski venceu melhor charge entre os 2 mil trabalhos de 49 países inscritos no evento de Piracicaba
Por Luís Felipe Buzzetti
“Eu me inspirei nas falas do Bolsonaro”, disse o cartunista paranaense Dinho Lascoski, autor da charge que venceu a 48° edição do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, evento que segue de forma presencial até o próximo dia 3, no Parque do Engenho Central. Remotamente, pode ser acessado até o dia 31 de outubro. Neste ano, as obras inscritas por artistas de 49 países tiveram como tema predominante a pandemia, a vacinação e críticas ao governo de Jair Bolsonaro.
Em entrevista por videoconferência ao Digitais, o cartunista Dinho, de 32 anos, comentou que “foi algo muito natural” desenhar a charge vencedora, “porque é muito difícil não falar sobre o governo. A ideia invade a cabeça e eu desenho. Isso faz parte da minha vida”.
Lascoski nasceu em Ponta Grossa, e desde criança sempre gostou de desenhar. Aos 21 anos, o paranaense fez alguns projetos publicitários e, a partir de então, passou a trabalhar como diretor de arte em agências de publicidade. O artista disse que começou a focar no trabalho de charges em 2019, mas que não tinha como intuito produzir críticas diretas ao governo. Porém, segundo ele, “com esse governo estragando muita coisa, você se revoltando e vendo notícias todos os dias, não tinha como não fazer”.
O trabalho de Lascoski mostra o presidente Jair Bolsonaro discursando, provavelmente em seu “cercadinho” em Brasília, onde se observa um conjunto de escovas para limpeza de vaso sanitário fazendo as vezes de microfones. Dinho se considera militante e ativista dos movimentos sociais. Quando questionado sobre o contexto em que se inspirou, foi taxativo: “Eu realmente não lembro o contexto que me levou a fazer essa charge. O presidente fala tanta merda, que eu não lembro qual foi a da vez”.
O vencedor do Troféu Zélio de Ouro, que levou o prêmio de melhor cartum, foi o artista turco Oguz Gurel, com a obra “Ovelha Negra”. A imagem vencedora mostra um rebanho de ovelhas brancas, com foco na única ovelha negra que está “batendo panela”. O símbolo é tradicionalmente utilizado em manifestações de protesto.
O prêmio de melhor caricatura foi para brasileira Claudia Kfouri, com o trabalho “Cantor Belchior”. A arte mostra um bando de corvos que, juntos, formam o rosto do artista que faleceu em 2017. A obra de Cláudia é recoberta com uma frase retirada da música “Velha Roupa Colorida” escrita acima de seu rosto: “e precisamos todos rejuvenescer”.
O prêmio de melhor tira foi dado ao brasileiro Bruno Aziz – uma arte composta por seis quadrinhos, onde há um lobo encostado na parede de uma esquina, observando e assobiando para mulheres que passam por lá. O lobo, na verdade, é um homem em uma fantasia, que no último quadrinho, chega em casa, onde o aguardam seus dois filhos e a esposa grávida.
Já no prêmio temático dos Jogos Olímpicos, o iraniano Ali Miraee foi o grande vencedor. O desenho remete a dois lutadores de esgrima, porém o que chama atenção é que os atletas não possuem espadas. Eles estão na verdade apertando as mãos e a posição de seus corpos identifica que buscam manter o distanciamento social.
O brasileiro José Antônio Costa foi o vencedor do prêmio Saúde Unimed. O desenho apresenta um soldado com armadura medieval. O combatente se encontra em uma farmácia, segurando um escudo e pedindo à atendente uma máscara para se proteger do coronavírus.
O prêmio da Câmara de Piracicaba foi atribuído ao brasileiro Carlos Cunha. A caricatura apresenta uma mulher preta, com a mão no rosto, usando uma grande argola na orelha.
Os vencedores foram escolhidos por um júri composto pelos cartunistas João Ariozo e Valmir Orlandelli, pela quadrinista Germana Viana, a artista visual Giulia Zen, o editor Paulo Tadeu e o humorista Marcelo Madureira.
Nesta edição, a amostra contou com a participação de 349 artistas. Ao todo, foram enviados ao Salão 2.076 trabalhos, sendo 533 cartuns, 400 charges, 313 caricaturas, 281 com o tema saúde e 281 com o tema jogos olímpicos, 260 tiras e 8 esculturas.
Aqui, link para percorrer remotamente as obras do Salão Internacional de Humor, de Piracicaba.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Fernanda Almeida
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