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Rodrigo Bressan diz que o momento fez a sociedade conhecer melhor os problemas mentais
Por: Otavio Augusto

Embora a pandemia do coronavírus tenha aumentado a procura por ansiolíticos e antidepressivos, não há razão para acreditar que tenha crescido o volume de transtornos mentais durante o período. A afirmação foi feita pelo psiquiatra Rodrigo Bressan, professor da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), em conferência gravada nesta quinta (19), para a série de palestras que debate o tema no projeto Café Filosófico, da CPFL-Campinas.
O fato de não ter havido aumento de transtornos mentais não significa – de acordo com o psiquiatra – que que não tenha subido o nível de estresse provocado pela incerteza do futuro, a constante ameaça do vírus e as mudanças da sociedade global, que levaram a grandes estados de ansiedade.
Bressan apontou que, em níveis gerais, uma a cada quatro pessoas terão doenças psiquiátricas em algum momento da vida. Desta parcela, 5% desenvolverão incapacidades permanentes.
De acordo com o psiquiatra, o lado positivo do evento que já levou à morte mais de 570 mil pessoas apenas no Brasil, é que os temas ligados à saúde mental passaram a ser mais debatidos na sociedade durante a pandemia. O assunto teria começado a ser tratado com mais seriedade, o que aumentou a busca por ajuda de profissionais da área, bem como o interesse por problemas ligados aos transtornos da mente.
Bressan disse acreditar que as mudanças de abordagem dos problemas mentais teriam ocorrido em função de dois fatores. Em primeiro lugar, devido às pessoas julgarem “estar mal” diante das limitações impostas à humanidade pelo novo coronavírus. Em segundo, por ter havido uma superação de estágios de ignorância que sempre acompanharam os problemas mentais, geralmente observados a partir do senso comum.
A crescente procura por especialistas em saúde mental – segundo Bressan – é o que causa a sensação geral de que houve um crescimento dos transtornos mentais. Mas estudos apontam justamente o contrário, de acordo com o psiquiatra, revelando que o estágio de vulnerabilidade social, pelo qual passam mais de 23 milhões de brasileiros, seria um fator muito mais grave do que a pandemia para o desenvolvimento de quadros depressivos.
De acordo com o psiquiatra, a sociedade precisa ficar mais atenta em relação à prevenção de doenças mentais e, o quanto antes procurar ajuda, tanto melhor para superar o problema. Dados indicam que 50% dos transtornos mentais são desenvolvidos antes dos 14 anos de idade, enquanto 75% ocorrem antes dos 24 anos.
Bressan lembrou que, a partir de dados já conhecidos, a adolescência pode ser considerada um momento crucial no comprometimento da saúde mental do indivíduo. “Obter ajuda nesta fase da vida, pode fazer toda a diferença”, ressaltou.
Em complemento à ajuda profissional, Bressan chamou a atenção para a importância da adoção de medidas de cuidado em relação à saúde mental. “Assim como com qualquer outro órgão, devemos zelar pelo bem-estar do nosso cérebro”, ponderou ao sugerir que atividades físicas, boa alimentação, qualidade de sono e manutenção de uma rotina saudável são fundamentais, tanto para a saúde física quanto mental, especialmente em momentos delicados como os atuais. Segundo ele, vive-se hoje “um dos maiores experimentos de saúde mental que a humanidade já teve”.
Aqui, acesso à íntegra da palestra de Rodrigo Bressan.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Beatriz Mota
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